“Maria – O nome da memória”, a experiência imersiva de Carminho em fotos
Fomos até à Galeria de Arte de Cristina Guerra assistir à performance que nos levou a viajar pelo universo que deu origem ao álbum “Maria”.
“Maria – O nome da memória” foi uma experiência imersiva apenas para alguns convidados e serviu de antevisão aos concertos marcados nos Coliseus, onde Carminho irá apresentar o seu mais recente álbum “Maria”. Os espectáculos estão agendados para 24 de Maio, no Coliseu do Porto, no dia seguinte no Coliseu de Lisboa. Tivemos, ainda, a oportunidade de trocar algumas palavras com a fadista.
Mais do que uma simples apresentação à imprensa e amigos, foi um mergulho no mundo de Carminho, sustendo a respiração durante 30 minutos. Ouviram-se excertos de Bob Dylan, de Tom Waits, Beatles, Bon Iver ou até mesmo de Kanye West. O décor da instalação estava repleto de objectos pessoais, como a cadeira pertencente à Taverna do Embuçado, onde Carminho passou parte da sua infância, e onde se sentou para cantar ou o xaile que foi oferecido por Beatriz da Conceição à sua mãe.
«Esta peça surgiu da minha vontade em querer que as pessoas sentissem um pouco daquilo que podem vir a sentir nos coliseus, o que podem esperar deste disco “Maria”, o que me inspirou para fazer este disco, o meu universo.»
Antes de cantar “A Tecedeira”, a capella, “A Mulher Vento” ou o“O Menino e a Cidade” declamou um texto da sua autoria e de João Botelho, onde assumiu o papel de “Maria”. Presentes na sala estavam, ainda, fotografias de Inês Gonçalves, José Pedro Cortes e Julião Sarmento.
«Estas fotografias já existiam, foram feitas para a produção do disco e representam estas três dimensões de uma Mulher que é a Maria, que sou eu, mas que não sou só eu, que és este tu, que são todos os homens e todas as mulheres portuguesas, que são a alma portuguesa. Então, esta é uma primeira mulher mitológica de Inês Gonçalves. Depois de José Pedro Cortes, o universo de uma mulher que cresce no seu bairro, alheia ao facto do Fado a influenciar, e de repente dá por ela e o Fado é a sua linguagem, é a forma de se expressar e tem o Fado consigo. E depois de Julião Sarmento, o pensamento, a mulher de hoje, que pensa e precisa de um veículo para o comunicar e o Fado é esse instrumento. Esta peça foi uma maneira que encontrei de resumir e de concentrar essa emoção com elementos muito especiais para mim, o elemento da memória, com objectos que me são muito queridos.»
Numa breve troca de palavras, perguntámos a Carminho que instrumentos tocava ou gostava de tocar, depois de a termos visto com uma Silvertone 1446 (o modelo hollow body celebrizado por Chris Isaak) nas mãos, no vídeo para a música “Estrela”.
«Sei tocar guitarra e piano apenas para compor, mas para me acompanhar é muito mais difícil. A “Estrela” foi uma canção que surgiu no estúdio, assim como as outras, porque este disco é muito feito do momento e aceitar o momento como ele é, aceitando o erro que isso possa significar e sobretudo a emoção do momento. E acabou por ficar. Estava a tocar, mas não sabia que estava a ser gravada e acabou por ficar. Mas gostava de saber tocar melhor piano».
Por fim, o convite de Carminho para estarem presentes nos Coliseus. «No dia 24 de Maio no Coliseu do Porto e no dia 25 no Coliseu de Lisboa, para conhecerem este disco “Maria”, que são as histórias de uma mulher que vive em vários universos, tempos e que não sou só eu, são todas as mulheres portuguesas».