Hiwatt Custom 100 DR103, Um Monstro de Sludge em Teste [Vídeo]
A marca chama-lhe o amp que começou tudo. Oriundo dos anos 60, o DR103 é um gigante de headroom e pureza de som. O sonho molhado de qualquer fanático dos Trítonos de Black Sabbath.
Quando, nos anos 60, os Super Leads da Marshall se tornaram objecto de devoção de meio mundo, várias marcas começaram a produzir clones desses amps. A Hiwatt inspirou-se, naturalmente, nesses Plexi, mas com o Custom 100 DR103 criou um design próprio e muito mais poderoso. Um amplificador de alta gama, com engenharia e componentes de categoria militar, cuja reputação se mantém intocável até aos dias de hoje e que vale cada precioso tostão do seu preço. Tem algo que joga contra si nesta era: a sua força bruta e capacidade de volumes extremos. Mas é também pela sua simplicidade e força primitiva que entra na lista dos melhores amplificadores que já pudemos experimentar.
Canal dual de pré-amp, com inputs High e Low e opção Bright ou Normal para cada um dos canais. Os controlos são os potenciómetros de volume dos modos Bight ou Normal, que respondem a um Master Volume, e os definidores de EQ tradicionais: Bass, Middle e Treble. Há também um potenciómetro de Presence.
Na secção de pré-amp as válvulas são 4xECC83 ou 3xECC83 e 1xECC81 (este modo comprime um pouco mais o som). Na secção de power amp surgem 4xEL34. O Hiwatt Custom 100 permite alternar a impedância entre 4, 8 ou 16 ohms e possui ainda um selector de voltagem, 120v ou 240v.
SOM & PERFORMANCE
Talvez sejamos, aqui na Arte Sonora, um pouco parciais em relação aos amplificadores britânicos, em detrimento dos americanos. E este Hiwatt corporiza som britânico no seu estado mais puro e glorioso! O Custom 100 DR103 mantém ainda hoje uma tradição iniciada por Harry Joyce, o engenheiro que os concebeu. Antigo engenheiro militar, trouxe os mesmos padrões de exigência para os amps da marca – as especificações militares exigem que os circuitos sejam ligados de forma a que os componentes sejam directamente acessíveis e com uma ligação “limpa”, de modo a permitir rápidas reparações em campanha. Ainda hoje, essa exigência é o principal factor destes amps e um constrangimento ao seu volume de produção e motivo maior do seu preço elevado. De resto, bastaria dizer que, na época, estes amps eram a única coisa capaz de aguentar as sovas com que Pete Townshend castigava o seu rig!
O Custom 100 pode ser comparado a um Super Lead da Marshall, mas o volume é muito superior. Da mesma forma, a pureza e poder do som, tal como o headroom, são superiores a um SL Marshall actual. Rodando o amp em ambiente de loja, nunca ultrapassámos o primeiro quarto de volume. Mesmo assim foi uma experiência arrebatadora, a fazer estremecer as paredes. O som denso e a clareza com que soou, mesmo numa afinação barítono com “drop A” e com a guitarra “escavacada” que usámos, foi… titânico! Alto, cheio de ataque, com uma imensa riqueza harmónica e um enorme calor.
O canal Normal está desenhado para manter o som limpo, mesmo em volumes extremos. O Bright, puxando mais os médios-agudos permite a excitação das válvulas e o overdrive natural. E, claro, tal como nos SL, os inputs podem ser combinados preferencialmente. A condicionante do espaço impediu-nos de puxar pelas válvulas até ao ponto de overdrive – o volume teria sido demente para um espaço comercial. Aliás, o volume teria semeado demência em qualquer espaço. Do mal o menos, isso permitiu-nos ver como se comporta o Custom 100 ao acolher algo tão expressivo como um pedal de distorção. E os pressupostos do amplificador são mantidos. Com um pedal de distorção ligado, a acção do Presence é sublime, trabalhando a definição dos médios de forma eficaz e ampla.
Sem o desejo de sermos injustos para outros modelos já testados, este é o amp mais “limpo” que já passou na Arte Sonora. O amp não denotou qualquer clipping ou compressão, quer em acordes, quer notas isoladas. O feedback surge fácil e sólido. O ruído, mesmo com uma guitarra bem suja, é praticamente nulo. O seu poder bruto é assombroso. Na verdade, o Custom 100 é um amp demasiado poderoso para os dias de hoje. Poderia ter um definidor de bias, para se definir a potência – pois se num estúdio poderá estar no máximo, para a maioria dos cenários ao vivo em Portugal (e estamos também a falar nos maiores concertos) não necessitará de ir além de metade do seu Master Volume. Todavia, essa opção eliminaria a sua essência purista. Da mesma forma que poderia ter um FX Loop, mas a verdade é que não necessita.
A meio do minuto dois, o vídeo tem um glitch estranho (algo torto no upload) avancem o player dez segundinhos.