A 15 de Maio chega às salas de cinema portuguesas a estreia de “Becoming Led Zeppelin”, o documentário de Bernard MacMahon que explora a ascensão meteórica, contra todas as probabilidades, da icónica banda Led Zeppelin.
O primeiro documentário oficialmente autorizado pela banda explora as origens dos Led Zeppelin e a sua ascensão meteórica que, contra todas as probabilidades, a icónica banda conseguiu atingir em apenas um ano. Um filme que quase não chegou a ver a luz do dia face aos enormes desafios que o realizador teve de enfrentar, como a escassez de filmagens do período inicial da banda, e que conta com testemunhos dos seus membros, impulsionados por imagens psicadélicas inéditas e impressionantes atuações. Esta odisseia cinematográfica imersiva mergulha na história dos Led Zeppelin para revelar uma quantidade de imagens raras e nunca antes vistas.
A história por trás de “Led Zeppelin – o Nascimento da Lenda” é quase tão dinâmica quanto a da própria banda, já que também ele chegou às salas de cinema contra todas as probabilidades.
Em 2017, o realizador Bernard MacMahon e a produtora e realizadora Allison McGourty concluíram 10 anos de pesquisa para “American Epic”, uma premiada série documental de quatro episódios sobre as primeiras gravações de música rural nos EUA na década de 1920 e o seu impacto cultural, social e tecnológico no mundo. Robert Redford chamou o projeto de “a maior história não contada da América”.
“Depois de “American Epic”, estávamos à procura do nosso próximo filme, idealmente algo que explorasse o próximo grande ponto de inflexão, e decidimos que seria 1968”, diz MacMahon. “Foi quando surgiu a gravação em multifaixas, quando houve a explosão dos transistores, o início dos grandes festivais ao ar livre e a industrialização do entretenimento. A indústria fonográfica global uniu-se à enorme rede de televisão e rádio para levar música nova simultaneamente a centenas de milhões de lares. Em vez de pesquisar os 100 artistas que descobrimos para “American Epic”, perguntamo-nos se haveria algum que tivesse surfado essa onda tecnológica, social e cultural. Não demorou muito tempo para percebermos que a resposta estava nos Led Zeppelin.”
A convicção de MacMahon veio de uma descoberta casual na infância. “Aos 12 anos, a minha mãe, que era antiquária, trouxe para casa uma caixa de antiguidades. No fundo, havia um livro de bolso rasgado de 1975, que se chamava simplesmente “Led Zeppelin”. O livro contava a infância dos membros da banda e dos seus primeiros anos juntos. Eu não conhecia o grupo nem a sua música, mas apaixonei-me pela história e fiquei inspirado pelos relatos sobre a sua aprendizagem e dedicação e sobre como quatro personalidades completamente diferentes uniram os seus talentos e partiram juntos numa aventura.”
Um dia, a mãe de MacMahon viu-o a ler o livro e comentou que aquela era “a banda do Peter”, referindo-se a um colecionador de antiguidades que costumava visitar a sua casa em Londres. Esse homem era Peter Grant, o empresário dos Led Zeppelin.
McGourty conta: “Começámos a escrever um argumento e, com a ajuda do nosso editor, Dan Gitlin, criámos um storyboard, definindo como começaria, até onde da carreira da banda iríamos abordar, que performances incluiríamos, e assim por diante. Percebemos muito rapidamente que existiam poucas imagens da banda e dos seus membros! Mas, depois de passar dez anos a pesquisar fotografias e filmagens de pessoas da década de 1920 – que eram infinitamente menos conhecidas –, estávamos confiantes que conseguiríamos encontrar relíquias escondidas.”
Mas havia um grande desafio: como conseguiríamos convencer a banda, que não aceitava um documentário formal há mais de 50 anos, a participar? Tanto Jimmy Page como Robert Plant eram fãs de “American Epic”. Os cineastas organizaram um encontro no Royal Garden Hotel, em Londres, e apresentaram um storyboard encadernado num álbum de discos de 1920. Durante sete horas, mergulharam em materiais de arquivo, incluindo diários de Page que datavam de 1963, um livro de registos de sessões que a sua mãe escreveu e uma pequena agenda que ele levava quando andava de estúdio em estúdio.
“No final”, conta MacMahon, “o Jimmy olhou para mim e disse: ‘Bem, eu alinho. Queres fazer isto sobre mim?’ Ao que respondi: ‘Não, é sobre a banda.’ Ele sorriu e disse: ‘Isso será um pouco mais difícil. Nós não passamos o Natal juntos, sabe?’ Mas ele ofereceu-se para nos ajudar e, como sempre, cumpriu a palavra.”
Na mesma viagem, os cineastas revisitaram as origens da banda em Inglaterra, acompanhando Page até à sua antiga casa – onde ele não ia desde 1970 – e ao estúdio onde ensaiaram nos primeiros dias. Foi aí que uma senhora idosa se aproximou e comentou: “Sabem que um famoso astro do rock costumava morar naquela casa?” Ao que Page simplesmente respondeu: “Não diga?”
Mas, mesmo com Page a bordo, tínhamos ainda mais desafios. “Ligámos para o empresário de John Paul Jones, que nos disse que ele não estava interessado em fazer um filme sobre os Led Zeppelin e que não valia sequer a pena enviar uma proposta!”, relembra McGourty. “No entanto, conseguimos convencê-los a assistir a 15 minutos de “American Epic”. No dia seguinte, recebemos uma chamada amigável, a dizer que ele gostava de marcar um encontro em Chiswick.”
Durante a reunião, os comentários detalhados e perspicazes de Jones fizeram os cineastas perceber que estavam diante de um material novo e revelador. Depois de uma apresentação de quatro horas, Jones perguntou: “Quando começamos?”
O filme estreia nos cinemas em Portugal a 15 de Maio.