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Arcade Fire, a festa não se faz por menos

Arcade Fire, a festa não se faz por menos

Timóteo Azevedo
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Os confetis, os cabeçudos, as canções dançáveis, e uns Arcade Fire que não fazem a festa por menos. Foi nesse ambiente, o de festa, que os canadianos regressaram a Portugal. O dia menos concorrido no Rock in Rio, cerca de 47500 pessoas, um número consideravelmente mais baixo do que os restantes dias, não precisou de estar ao barrote para que os Arcade Fire dessem um dos melhores concertos do festival.

Poucas são as bandas do universo mainstream que conseguem fazer o que os Arcade Fire conseguem fazer: um rock dançável, rico musicalmente e pejado de sentido. Isto tudo ao vivo ganha contornos épicos com os cerca de 10 músicos em palco, e com toda a programação visual que banda pensa com cuidado. “Reflektor”, o tema que abre o concerto, é o mote para tudo aquilo que vai acontecendo visualmente: logo à partida repara-se nos enormes espelhos com formatos geometricamente diferentes que pairam suspensos sobre a banda.

“Muito boa noite senhoras e senhoras, vamos receber os incríveis Arcade Fire”, anunciam assim as gigantes colunas. Abre a canção que dá nome ao novo álbum. Um som gigante, com baixos poderosos, ajuda a inflamar as já contagiantes canções dos Arcade, pelo recinto vai-se dançado e pulando. A trupe de músicos em palco ocupam-se de guitarras, sopros, percussões, violinos e até de um steeldrum. Uma verdadeira orquestra de um dos rocks mais inventivo que os anos zero deste século registaram.

“Essa música é sobre saudade”, diz Win Butler, vocalista, guitarrista e teclista da banda, antes da “The Suburbs”, revelando conhecer mais do que umas meras palavras em português. Win, na noite anterior, chegou a aventurar-se pela noite lisboeta, tendo passado discos no Lounge e no Incógnito, para surpresa de todos os que ali se encontravam. Os fotos espalharam-se rapidamente pelas redes sociais.

Poucas são as bandas do universo mainstream que conseguem fazer o que os Arcade Fire conseguem fazer: um rock dançável, rico musicalmente e pejado de sentido.

Pequeno problema técnico com a guitarra faz com que se deixe para traz uma canção que teimava em não arrancar e segue-se Neighborhood #1 (Tunnels) claramente frustrada pelo problema anterior, mas o vagão volta à linha com “No Cars No Go”. Ainda vão sendo as canções mais antigas que vão conseguindo mais entusiasmo no público. “You guys like to dance?”, pergunta Win a uma multidão momentaneamente morna. Arranca a “It’s Never Over (Oh Orpheus)”, e, afinal, os ânimos elevam-se com coisas do “Reflektor”. Num corredor central, no meio do público, surge alguém vestido com um fato de bola de espelhos. Reflektor all the way. Canção seguinte, a famigerada “Sprawl II” é cantada pela vocalista Régine Chassagne no mesmo corredor central, num novo momento cénico, com alguém por trás dela vestido de esqueleto.

Hora dos cabeçudos. A entrada feita em palco ao som dum beat samba. A festa ainda não acabou, mas começamos a perceber que está a chegar ao fim. “Normal Person” em rock apaziguado, e a canção nada pacífica “Here Comes The Night”, onde, quando volta ao ritmo kuduro, um mar de confetis enche o recinto, e é impossível ficar-se indiferente. As pessoas dançam e cantam o refrão catchy. O espírito continua com “Wake Up”, músca de despedida entoada naquele “ohohooo” em uníssono. E agora só me consigo lembrar de Chico Buarqe. “Foi bonita a festa, pá. Fiquei contente.”