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Ash is a Robot

Ash Is A Robot

Raging Planet, 2013-12-04

EM LOOP
  • Something Something Darkside
  • Karma Never Sleeps
Redacção

Depois de, no ano passado, terem editado a sua promo, composta por três temas, os setubalenses voltaram à carga – agora com o seu disco de estreia. Homónimo e composto por 14 temas, entre eles duas colaborações [Diogo Major, dos A Thousand Words, em “Crazy 88’s”, e Dado Nunes, dos Ella Plamer, na viciante “Philophobia Part I”].

O trabalho abre de forma bela com a faixa “Something Something Darkside”, composta por variadas vozes de apoio que, certamente, funcionarão muito bem nos sing-alongs, nas actuações ao vivo. O tema acaba com uma boa incursão de instrumentos de sopro, que o complementam e lhe dão personalidade. “Karma Never Sleeps”, um dos primeiros singles a ser extraí­do deste trabalho, é magnífico na sua composição directa e depois quebra de forma forte, com um solo de guitarra meio “horripilante” (no bom sentido), a mostrar as influências mais experimentais do grupo. “Bowling For The Doublecheese”, banhada com a linha energética de uns At The Drive In, com uma guitarrada de apoio quase constante faz o ouvinte delirar por entre as, convenientemente bem compostas e matemáticas linhas de voz. Também bastante bem trabalhada em termos de voz, está “Coraline” [ficamos na dúvida se será uma referêrncia ao autor britânico Neil Gaiman] que apela a uma certa melancolia, com passagens instrumentais a “roçar” o post-rock atmosférico. “Crazy 88’s” é mais hardcore, em alguns tempos, até pela presença da voz do lí­der dos A Thousand Words, banda de Faro.

Simbolicamente, o número 7 significa plenitude e mudança. Pois bem, “Moravia” tem uma sonoridade impregnada de elementos electrónicos, de sintetizadores, que encaixam surpreendentemente bem na composição e fornecem mais provas de que o grupo não se restringe a praticar um estilo em concreto, mas esmera-se em misturar a essência de várias escolas. Empenhados a continuar as coisas pelo diferente “Money” e a final “Mark My Words”, são tão energéticas e técnicas que os seus compassos são dignos de reverência. Como se te estivessem a sacudir a cabeça incessantemente, transparece bem a “loucura” dos setubalenses e a “alma” com que fazem música. De destacar as linhas de baixo, de Bernardo Pereira, que cambaleiam por entre os gritos de Cláudio Aníbal no final de “Mark My Words”. Palavras (e sons) que certamente ficarão marcadas na memória do ouvinte.

A única coisa que se poderá apontar ao disco é o facto de, em certos temas, a voz principal perder-se um pouco, na mistura, no meio do instrumental. Nesses momentos há alguma dificuldade em perceber a lí­rica. Tirando isso, os Ash Is A Robot são uma força da natureza, e quem já teve a felicidade de os ver no seu habitat natural (ao vivo) sabe disso.