Danko Jones no LAV, Rock ‘N’ Roll Sem Papas Na Língua
2024-10-14, Lisboa Ao VivoPassados 11 anos, os Danko Jones regressaram a Portugal para um concerto em nome próprio já há muito aguardado. Sem grandes artifícios, a banda canadiana mostrou-se exímia, presenteando os fãs com uma performance vigorosa e plena de boa disposição.
«Já não fazemos um concerto em Lisboa em nome próprio há 10 anos», disse Danko Jones após as primeiras músicas da setlist. Na verdade, já se passaram 11 desde o concerto no já extinto TMN Ao Vivo. «Vocês deviam apupar-nos. Nós merecemos», continuou Danko no seu tom característico repleto de sarcasmo. O público, já rendido à persona jocosa do guitarrista e vocalista tratou de responder ao pedido, que rapidamente se transformou numa ordem. «Mais alto!», pediu Danko num momento de mea culpa claramente encenado.
Para trás já tinham ficado temas como “Guess Who’s Back” e “Get High?”, o cartão de visita do seu mais recente longa duração “Electric Sounds”, editado em 2023. Com um som bem calibrado, algo que por vezes se revela difícil quando temos uma banda de rock ‘n roll puro e duro a disparar à nossa frente, foi possível testemunhar o poder sonoro que um “simples” power trio ainda consegue ter nos tempos que correm. Aqui não há backing tracks e tudo o que ouvimos é tocado no momento. Assim dizem as regras presentes nos compêndios do rock. Acompanhado por uma secção rítmica que respira segurança, com John Calabrese no baixo e Rich Knox na bateria, Danko só tem que preocupar-se em fazer o que melhor que sabe fazer, que é como quem diz, dedilhar riffs que nos metem a abanar a cabeça como se não houvesse há amanhã, entoar refrões orelhudos e soltar a sua faceta de entertainer.
A capacidade que Danko tem para executar progressões intricadas enquanto canta é deveras impressionante, e isso ficou registado na malha “I Gotta Rock”. Ao longo do concerto o músico nunca largou a sua Hagstrom branca com apenas um humbucker e um controlo de volume conectada a um Orange Rockerverb e a uma coluna Marshall. Afinal de contas é tudo o que Danko precisa para tocar rock n’ roll. Já John Calabrese não largou o seu Sandberg California VM4, que esteve conectado a um setup Gallien-Krueger.
«Quando falaram connosco para marcar o concerto perguntaram-nos se queríamos tocar na sala grande ou na sala pequena», referiu Danko, em mais uma das suas intervenções hilariantes «Nós dissemos que queríamos tocar na sala pequena. Depois perguntaram-nos se queríamos tocar numa sexta-feira ou sábado à noite, e nós dissemos que queríamos tocar num domingo ou segunda-feira, pois é nesses dias que os verdadeiros fãs de rock ‘n roll saem à noite.» O que é certo é que a sala 2 do LAV não esgotou, aliás, esteve longe disso, mas certamente não podemos “culpar” apenas e só o dia da semana “escolhido” para o concerto.
Sem muito tempo a perder, o trio continuou o seu desfile de malhas recheadas de momentos para grandes coros e refrões. Sempre que pertinente, Danko não hesitou em pedir o auxílio das vozes calorosas do público português e foram temas como “First Date”, “Good Time”, “Had Enough” e “My Little RnR” que mostraram que os poucos que acorreram ao LAV foram suficientes para colocar um sorriso de satisfação no rosto da banda. Já nos solos, Danko procurou sempre a frente de palco e convidou os fãs a tirarem fotos às suas poses, fazendo assim jus à expressão “se não os podes vencer junta-te a eles“.
De regresso ao palco para o encore, Danko assumiu que, quer o público quisesse ou não, eles iriam regressar na mesma. Já com os trunfos todos lançados, ficou apenas a faltar cumprir com a setlist já pré estabelecida, a mesma que tem vindo a rodar na estrada. “Mango Kid”, “Invisible” e “Shake Your City” encerraram assim uma noite divertida de rock ‘n’ roll sem papas na língua.
SETLIST
- Guess Who’s Back
Get High?
I’m in a Band
I Gotta Rock
Lipstick City
First Date
Code of the Road
The Twisting Knife
Good Time
Flaunt It
Full of Regret
Had Enough
Lovercall
My Little RnR
Mango Kid
Invisible
Shake Your City