No actual panorama musical, onde já quase nada se inventa e tudo se recicla, nunca é demais guardar algumas velhas relíquias na arrecadação, pois nunca se sabe quando poderão voltar a assumir uma posição de destaque. A bem da verdade, os Depeche Mode nunca deixaram de ter o seu espaço reservado na sua imensa legião de admiradores, que já conta com três décadas de devoção e cabelos brancos. Contudo, “Spirit” não é só mais um disco para fãs.
Spirit, mantendo a envolvência e cadência rítmica habitual da banda, aparece cru e frontal.
Se há “peso” que os Depeche Mode sempre conseguiram não carregar ao longo de toda a sua existência, é a forma hábil como empregam temáticas complexas e reaccionárias no meio de sintetizações e batidas de um rock electrónico que os próprios ajudaram a inventar.
“Spirit” mantém aquela envolvência e cadência rítmica que tanto balançar de esqueleto despoletou pelas mais variadas pistas de dança. No entanto, deixa de lado uma grande parte da típica flexibilidade e sedução com que a banda de Dave Gahan, habitualmente, encaminha e adorna as suas canções. Pelo contrário, “Spirit” aparece cru, frontal e directo. “Spirit” não “papa grupos”.
Para velhos fãs, novos fãs, e curiosos. Os Depeche Mode com mais um ar da sua graça.