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Éme

Último Siso

Éme, 2014-09-26

EM LOOP
  • “Um Lugar”
  • “Escolhe o teu veneno”
  • “Confusão”
  • “Partilhar a vida”
Timóteo Azevedo

Um dos antigos sinais de que se atingira a maioridade era o nascimento dos dentes do siso. E é com esse mote que Éme anuncia o seu segundo longa duração: “Último Siso”, foi editado no final do mês passado, sucedendo “Gancia”, de 2012, e demonstra na prática o que o nome indicia.

Gravado por Luís Nunes (Walter Benjamin), em Alvito, e com produção de B Fachada, “Último Siso” é um conjunto de canções que serve como testemunho da maturação musical de João Marcelo, nome por trás de Éme. Este conjunto de canções – são oito no total – estão um pouco mais afastadas do domínio mais folk que pintalgava os trabalhos anteriores de Éme, e, agora registadas com um nível de produção diferente, afastam-se da estética mais lo-fi, o que as dota da capacidade de romperem esse véu que separa os amantes do género do ouvinte comum.

Há aqui pop e não há mal nenhum nisso. Quando a coisa é bem feita, o ouvido arregala-se. Mesmo que, para quem já conhecia os trabalhos anteriores, a polidez custe a entrar, é inevitável o contágio. Exemplo em “Um Lugar”, que em disco recebeu uma abordagem reggae completamente apropriada, que oferece um refrão tão catchy como catita, ou em “Confusão”, na sua pop despretensiosa, ou em “Lisa”, que provavelmente tem o mais pronunciado toque de B Fachada no disco.

“Último Siso” é um disco feito de canções pessoais, mas que Éme expõe agora para todos ouvir. Literalmente. Está disponível no Bancamp. O convite para o seu domínio privado está feito: desde a primeira canção, “Não tratei”, que Marcelo canta no duche, à última, “Partilhar a vida”, que acaba precisamente com Marcelo a sair do duche.