EVIL LIVE 2024 | A Apatia de Kerry King num concerto para fãs de Slayer
2024-07-27, Evil Live Fest, MEO ArenaNome incontornável do universo thrash metal, Kerry King foi um dos nomes mais contestados aquando do seu anúncio para o EVIL LIVE 2024 como cabeça de cartaz. Mas há uma razão para essa escolha.
Após o término dos Slayer, que, entretanto, anunciaram surpreendentemente o seu regresso aos palcos passados cinco anos, King foi à procura de um projeto que satisfizesse o seu desejo de continuar a tocar. A decisão recaiu numa carreira a solo. Durante vários anos apenas soubemos que Kerry King estava a trabalhar num projeto a solo com Paul Bostaph, ex-baterista dos Slayer.
Aliás, foi preciso esperar até à partilha do primeiro single, “Idle Hands”, para ficarmos a saber que este seria um projeto composto como um supergrupo, isto porque além de King e Bostaph, a banda também é composta por Mark Osegueda, dos Death Angel, na voz, Phil Demmel, ex-Machine Head, na guitarra e Kyle Sanders, ex-baixista dos Hellyeah.
Com o álbum bem encaminhado e com data de lançamento anunciada para Maio de 2024, começaram a chover solicitações para que Kerry King levasse o seu novo projeto aos festivais de verão da Europa. O EVIL LIVE naturalmente não ficou de fora. No entanto, nada fazia prever que um projeto tão embrionário como este fosse anunciado como cabeça de cartaz.
O descontentamento daqueles que aguardavam por um nome mais forte era algo generalizado. Aos seus olhos, Kerry King não tinha repertório a solo suficientemente forte e reconhecido para ocupar esse lugar, e também não fazia sentido tocar só clássicos dos Slayer. Mais tarde viemos a saber que o motivo deste posicionamento no cartaz deveu-se a razões de logística e ao facto da banda ter tocado em Helsínquia no dia anterior.
O que é certo é que neste primeiro dia de EVIL LIVE 2024 a MEO Arena já não estava propriamente bem composta e quando terminou o concerto de Machine Head houve uma debandada.
O que é certo é que neste primeiro dia de EVIL LIVE 2024 a MEO Arena já não estava propriamente bem composta e quando terminou o concerto de Machine Head houve uma debandada. Ao início pensámos que o resto público tivesse ido à casa de banho, fumar ou hidratar-se, mas, com o aproximar da hora do concerto confirmámos mesmo que a estreia a solo de Kerry King em Portugal iria mesmo ser perante uma plateia completamente despida e, à exceção da zona do moshpit, algo apática.
O alinhamento recaiu na sua maioria sobre “From Hell I Rise”, um álbum eficaz, mas de certa forma pouco criativo, pois grita Slayer por todos os lados. “Where I Reign” e “Trophies of the Tyrant” deram início à descarga sonora que vinha do palco. «Mostrem-me a vossa paixão de uma forma física!», foi a expressão utilizada várias vezes por Osegueda para incentivar o público a fazer circle pits.
Com o som sempre no 11 foram desferindo várias novidades como “Two Fists” e “Idle Hands” até chegarem aos clássicos de Slayer. Primeiro surgiu “Repentless”, a faixa título do último álbum da banda editado em 2015, depois, intercaladas com “Crucifixation” e “Shrapnel”, “Raining Blood” e “Black Magic”. “From Hell I Rise” encerrou uma atuação que, apesar das chamas providentes do palco, não aqueceu de todos os ouvidos dos presentes. Há quem lhes chame de Slayer 2.0 e quem somos nós para refutar essa nomeação?