Quantcast
EVIL LIVE 2024 | Do Visual Kei dos Jiluka ao Limpa Palato dos Wolfmother, passando pelo infortúnio dos Katatonia e o peso dos Men Eater

EVIL LIVE 2024 | Do Visual Kei dos Jiluka ao Limpa Palato dos Wolfmother, passando pelo infortúnio dos Katatonia e o peso dos Men Eater

2024-06-29, MEO Arena, Lisboa
Rodrigo Baptista
Inês Barrau
8
  • 8
  • 8
  • 7
  • 6

Ao primeiro dia do EVIL LIVE 2024 só acorreram os fãs mais fieis. Na ausência de um cartaz mais coeso e robusto foram os Men Eater, Jiluka, Wolfmother, Katatonia e Kerry King que seguraram as pontas de um dia que teve nos Machine Head a sua principal atração.

Nesta que foi a segunda edição do festival EVIL LIVE, não podemos dizer que estamos perante um festival consolidado. Longe de estar nas boas graças do seus clientes, o EVIL LIVE é o maior festival de metal de Portugal e o único, até ao momento, que tem capacidade para trazer os nomes que compõem a Liga dos Campeões do metal.

Todavia, tem sido difícil articular cartazes totalmente convidativos e à altura daqueles que são apresentados em festivais vizinhos de renome, como é o caso do Resurrection Fest, em Espanha, e do Hellfest, em França.

Com o nome mais sonante e mais chamativo a recair sobre os Machine Head, o primeiro dia do EVIL LIVE 2024 teve como aposta uma vasta diversidade de subgéneros, com o intuito de agradar a uma vasta falange de metaleiros e hard rockers. Aqui damos uma vista de olhos aos restantes concertos que preencheram o primeiro dia do festival.

MEN EATER

De volta ao ativo após um hiato de seis anos, os Men Eater tiveram as honras de abrir o EVIL LIVE 2024. A banda liderada por Mike Ghost veio apresentar o seu álbum homónimo, que já tinha sido estreado em Lisboa com um concerto no Lux Frágil. O sucessor de “Gold” foi apresentado na MEO Arena num concerto curto mas incisivo. Ao longo dos cerca de 30 minutos de atuação Ghost, Carlos BB, Carlos Azeitona e Pedro Cobrado André Hencleeday mostraram-nos a sua sonoridade rock/metal alternativo com contornos progressivos e atmosféricos através de temas como “Multitude” e “Worshipers”. O pouco público presente na sala soube apreciar a música que estava a ser tocada em cima do palco e acarinhou a banda com muitos aplausos.

JILUKA

Quando se fala de metal, o Japão não é, certamente, o primeiro país que vem à cabeça. Claro que tem os seus nomes incontornáveis, como os Loudness ou os Anthem, mas, ainda assim, não se compara à influência que os países da Europa do Norte têm nesta sonoridade. Contudo, as coisas parecem estar a mudar, e o país nipónico vive uma das suas melhores fase no que à proliferação da música pesada diz respeito. À parte do fenómeno já consolidado BABY METAL, existem vários nomes que têm vindo a ganhar destaque, principalmente na cena metalcore. Os Crossfaith, que passaram pelo VOA em 2022, as Hanabie., que estiveram recentemente em Lisboa e os Jiluka, que surgiram agora no cartaz do EVIL LIVE 2024, parecem ser os nomes que estão a levar avante toda a cena metal japonesa.

Representantes do movimento visual kei, um movimento musical/artístico que teve o seu expoente máximo com os X Japan e que se caracteriza pelo uso de figurinos andrógenos, os Jiluka estrearam-se em Portugal com este concerto no EVIL LIVE. Apesar de não terem beneficiado de um som muito polido, entregaram-se ao público com as suas armas sonoras, que é como quem diz, um misto de metalcore, com breakdowns de deathcore e sons eletrónicos, e foram recompensados com muito mosh. “S4VAGE”, “BLVCK”, “OVERKILL”, “VENOM” e “KUMARI” foram as malhas tocadas pelo quarteto japonês.

WOLFMOTHER

Possivelmente a banda mais deslocada de todo o cartaz, os Wolfmother foram recebidos de braços abertos por uma falange de fãs que parece ter-se deslocado para os ver. Com o seu equipamento extraviado, a banda liderada pelo guitarrista e vocalista Andrew Stockdale teve que pedir emprestada uma Gibson Les Paul Custom e um Fender Jazz Bass aos Men Eater para conseguirem concretizar a sua actuação.

Geralmente quando temos num festival predominantemente de metal, bandas que pendem mais para o hard rock, estas procuram apresentar uma setlist com os seus temas mais pesados. Naquela que foi apenas a sua segunda visita a Lisboa, após a estreia no saudoso Paradise Garage em 2007, os Wolfmother sacaram os seus temas com sabor a stoner e a um blues rock mais agressivo para não deixar escapar a chama que já tinha sido acendida com os Jiluka.

Temas como “Woman”, “Victorious”, “Colossal” e “Joker & The Thief” mostraram Stockdale em forma, particularmente nos seus leads repletos de wah wah. Da nossa parte, gostaríamos de ter ouvido “By The Sword”, malha que Stockdale gravou com Slash, em 2010, para o primeiro álbum a solo do guitarrista dos Guns ‘N’ Roses. Para os fãs certamente que soube a pouco, por isso espera-se que o regresso a Lisboa esteja para breve, de preferência numa sala mais intimista e com um público devoto à sua frente.

KATATONIA

Quando os Katatonia entraram em palco às 20:05 nada fazia prever o possível desastre que poderia vir a ser o seu concerto. Logo nos segundos iniciais da primeira música, “Birds”, foi detetada uma falha nos pads da bateria. O vocalista Jonas Renkse ainda pensou que o problema fosse resolvido rapidamente e decidiu começar a fazer conversa de café com o público. Porém, as complicações eram mais graves do que se pensava e a banda acabou mesmo por sair do palco. Passaram-se 15 minutos, algumas músicas na setlist iam sendo cortadas e muitos dos que pagaram para ver especialmente Katatonia começavam a antecipar o pior. Afinal de contas aquela fatídica noite de Kreator na Sala Tejo ainda está bem fresquinha na memória de todos.

Já sem grande esperança por parte do público, a banda lá voltou a palco sob uma chuva de aplausos. O concerto teve então o seu início e se, por um lado, alguns dos problemas de som já estavam resolvidos, por outro, ainda existiam tantos outros que faziam com que o som chegasse ao público de forma deficiente. Guitarra e voz pouco audíveis na mistura, assim como o microfone da tarola aparentemente desligado foram algumas das incongruências que conseguimos captar.

Ainda assim a banda não pode ser culpada de não tentar dar a melhor performance possível, mesmo quando do lado do palco aparece um elemento da sua equipa a esticar os 10 dedos como que a dizer quanto tempo de atuação é que ainda têm pela frente.

A apresentar “Sky Void of Stars” (2023), os Katatonia trouxeram aos fãs novidades como “Colossal Shade” e ainda revisitaram as mais de três décadas da sua carreira através de clássicos como “Lethean”, “Forsaker” e “My Twin”. Esperamos que voltem para um concerto em nome próprio.

A terminar o primeiro dia do Evil Live, fomos presenteados com os concertos de Machine Head e Kerry King.