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EVIL LIVE 2024 | Megadeth, Uma Corrida Contra a Contagem Decrescente Para a Extinção?

EVIL LIVE 2024 | Megadeth, Uma Corrida Contra a Contagem Decrescente Para a Extinção?

2024-06-30, MEO Arena, Lisboa
Rodrigo Baptista
Inês Barrau
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Num cartaz onde o thrash metal foi o subgénero predominante, os Megadeth demonstraram que não têm intenções de abrandar. A banda apresentou-se no EVIL LIVE com uma certa dualidade, as performances instrumentais foram coesas, mas a voz de Dave Mustaine deu sinal de algumas debilidades, obviamente devido à idade.

Foi ainda a promover o último álbum “The Sick, the Dying … and the Dead” (2022) que os Megadeth se apresentaram no EVIL LIVE. A actuar como “banda de suporte” de Avenged Sevenfold, algo impensável há 15 anos atrás, a banda de Dave Mustaine foi o quarto representante, em conjunto com Machine Head, Kerry King e Suicidal Tendencies, do subgénero que se revelou predominante no cartaz do EVIL LIVE 2024, o thrash metal.

Sem uma grande produção pensada para esta tour de festivais, a banda limitou-se a tocar o concerto apenas com uma projeção de uma imagem alusiva ao último álbum de estúdio. Ficou assim a ideia de que para Mustaine a música deve falar por si e que todos os outros elementos visuais não passam de distrações.

Mal a banda entrou em palco atacou logo a faixa titulo de “The Sick, the Dying … and the Dead”, uma malha que demonstra que, passados 30 anos, os Megadeth parecem estar de volta às suas melhores composições. “Dystopia” (2016) já tinha sido um álbum marcante e elogiado pela crítica como uma espécie de regresso ao passado glorioso da banda, mas este novo trabalho aproxima-se ainda mais daqueles álbuns clássicos editados entre 1986 e 1994.

Infelizmente ainda não foi desta que ouvimos “Night Stalkers”, essa malha frenética que, com os seus 190bpm, entra para a história dos Megadeth como a faixa mais rápida do seu catálogo.

Sendo esta uma tour de festivais torna-se difícil explorar mais o álbum que está a ser promovido. Apenas foram tocadas duas música e infelizmente ainda não foi desta que ouvimos “Night Stalkers”, essa malha frenética que, com os seus 190bpm, entra para a história dos Megadeth como a faixa mais rápida do seu catálogo.

Logo à primeira música detetámos várias debilidades na voz de Mustaine. A passagem do tempo desde o concerto do VOA no Jamor para este não parece ter sido muito amiga do vocalista. É certo que só passaram dois anos, mas afinal de contas, Mustaine já conta com 62 anos e executar aquelas linhas vocais arranhadas noite após noite só pode ser cada vez mais desafiante. Ainda assim, o líder dos Megadeth compensa toda a sua debilidade vocal com a sua destreza nas seis cordas.

Seguiram-se “The Conjuring” e “Dread and the Fugitive Mind” dois momentos que deram para reforçar a ideia de que Mustaine tem dois “guarda costas” que amparam a banda como ninguém. Falamos de Dirk Verbeuren na bateria e de James Lomenzo, a secção rítmica da banda. Coesos como metrónomos, mas sempre com estilo e um sorriso prazeroso na cara. Por sua vez, este concerto também serviu para “tirar as medidas” a Teemu Mäntysaari, o guitarrista finlandês que substitui Kiko Loureiro em 2023. Verdade seja dita, Teemu é um excelente executante e cumpre com o papel na perfeição. No entanto, sentimos falta do carisma de Kiko Loureiro, possivelmente o guitarrista dos Megadeth mais acarinhado pelos fãs portugueses por razões óbvias. 

“Angry Again”, tema que os Megadeth gravaram em 1993 para o filme “Last Action Hero”, foi recebido com euforia e entoado pelos fãs da velha guarda. As coisas inverteram-se com a primeira passagem pelo clássico “Rust in Peace”. “Hangar 18” foi reconhecida por todos e ninguém conseguiu resistir ao já habitual cântico do riff inicial e do tradicional «ME-GA-DETH» já na secção final dos solos.

Já “Sweating Bullets” trouxe a teatralidade de Mustaine ao de cima. A malha de “Countdown to Extiction”  foge ao cânone de uma música thrash e até convida a um pezinho de dança. “Trust”, uma das melhores composições dos Megadeth daquela fase complicada de transição dos 90s para os 2000s, fez a ponte para “We’ll Be Back”, a segunda, e última, passagem por “The Sick, the Dying … and the Dead”. Depois foi entrar em piloto automático na reta final dos milhões. “Symphony of Destruction” e “Peace Sells” iniciaram os 100m finais. No meio surgiu um momento deveras caricato para assinalar o aniversário de Teemu. Após uma breve pesquisa verificámos que o aniversário do guitarrista afinal é a 7 de Janeiro. Já a cruzar a meta veio, naturalmente, “Holy Wars… The Punishment Due”.

Para aqueles que viram Megadeth pela primeira vez certamente que o concerto encheu bem as medidas, mas para aqueles que já são habitués, provavelmente não entra no top 3 dos concertos que a banda já deu em Portugal. Quanto tempo mais os Megadeth terão até à sua extinção?

SETLIST

  • The Sick, the Dying… and the Dead!
  • The Conjuring
  • Dread and the Fugitive Mind
  • Angry Again
  • Hangar 18
  • Sweating Bullets
  • Kick the Chair
  • Skin o’ My Teeth
  • Trust
  • We’ll Be Back
  • Symphony of Destruction
  • Peace Sells
  • Holy Wars… The Punishment Due