EVIL LIVE 2024 | O Triunfo do Metalcore Eurovisivo dos Electric Callboy na Noite da Despedida dos W.A.K.O.
2024-06-30, MEO Arena, LisboaO segundo dia do EVIL LIVE 2024 trouxe uma verdadeira enchente à MEO Arena. Mais eclético e convidativo face ao lineup do primeiro dia, assistimos ao adeus dos palcos dos portugueses W.A.K.O, ao experimentalismo punk hardcore dos Empire State Bastard e à festança Tekknocore dos Electric Callboy.
O contraste do primeiro dia do EVIL LIVE 2024 face ao segundo foi gigante. A sala despida que tínhamos avistado no dia 29 de Junho deu a lugar a uma arena praticamente lotada, com parte do balcão 2, que tinha estado fechado na noite anterior, a acolher vários fãs que não quiseram perder o regresso dos Avenged Sevenfold a Portugal.
Além dos cabeça de cartaz, foram vários os motivos que levaram a uma maior adesão por parte do público a este segundo dia do festival. A despedida dos portugueses W.A.K.O dos palcos, a curiosidade face a Empire State Bastard, projeto paralelo de Simon Neil dos Biffy Clyro, o metalcore dançável e festivo dos Electric Callboy e a presença de duas bandas incontornáveis do universo do thrash metal, os Suicidal Tendencies e os Megadeth foram as razões que levaram uma autêntica maré negra até à MEO Arena.
Parece que o triunfo do Evil Live poderá estar nesta junção da nova e velha geração da música mais extrema, quando não é possível trazer nomes maiores e clássicos do Metal.
W.A.K.O.
Após mais de 20 anos de banda os W.A.K.O (We Are Killing Ourselves) decidiram escolher o EVIL LIVE 2024 para colocar fim à sua carreira. Com dois álbuns de estúdio editados, “Deconstructive Essence”(2007) e “The Road of Awareness” (2011), e palcos partilhados com nomes como Soulfly, Sepultura, Slayer, Megadeth, entre outros, os W.A.K.O. afirmaram-se como uma das bandas mais respeitadas da cena metal nacional. Ostentando uma sonoridade assente num groove metal com pozinhos de thrash e death, a banda liderada por Nuno Rodrigues foi recebida por uma MEO Arena muito bem composta. Entre aqueles que estavam a ver a banda pela primeira vez, e outros que acompanharam o projeto desde o início, foi notória a entrega do público e a preocupação em proporcionar à banda a melhor despedida possível. Nuno, um autêntico animal de palco, foi incansável no incentivo aos moshpits e fez estremecer a MEO Arena com os seus berrros plenos de emoção. A restante banda, composta por André Sobral e João Corceiro nas guitarras e Marcelo Aires na bateria, mostrou-se também bem oleada e tecnicamente irrepreensível.
EMPIRE STATE BASTARD
Ainda pouco conhecidos dentro do meio do metal, os Empire State Bastard chegaram ao EVIL LIVE 2024 com o intuito de cativar novos fãs com os temas do seu álbum de estreia “Rivers of Heresy” (2023). Este que é um projeto paralelo de Simon Neil, vocalista e guitarrista dos Biffy Clyro, e de Mike Vennart, ex-Oceansize e guitarrista ao vivo dos Biffy Clyro, surgiu com o propósito de explorarem o seu interesse pela música mais pesada. Com uma sonoridade assente numa mistura de punk hardcore, grindecore e metal extremo, os Empire State Bastard foram recebidos com algum ceticismo por parte do público. A primeira impressão auditiva foi de algo caótico, mas com o desenrolar da atuação o público foi soltando-se e começou a deixar-se levar pela cacofonia que vinha de cima do palco. “Stutter”, “Harvest”, “Blusher” e “Moi?” foram alguns dos temas tocados e mostraram que os Empire State Bastard têm pernas para andar e para afirmarem-se na cena do metal/punk hardcore contemporâneo. De referir que Empire State Bastard contaram com ajuda de peso de Dave Lombardo em “Rivers of Heresy”.
ELECTRIC CALLBOY
Metalcore eurovisivo é a expressão que melhor define a música que os germânicos Electric Callboy executam. A sua interessante combinação de metal com música eurodance e letras com alguma comédia à mistura sobre festas, praia e sexo, fazem da banda um fenómeno à escala mundial dentro do metal moderno. Odiados pelos puristas, os Electric Callboy transformam qualquer sala onde toquem numa autêntica festa onde a dança de discoteca e o mosh se encontram na perfeição. Com figurinos espampanantes a banda demonstra que não se leva muito a sério, mas, no que diz respeito à música, essa é pensada ao pormenor, com refrães orelhudos e drops de EDM para serem entoadas por milhares de pessoas.
Ainda a promover “Tekkno” (2022), álbum que os catapultou para os estrelato, os Electric Callboy chegaram ao EVIL LIVE 2024 para transformar a MEO Arena numa autêntica pista de dança. À espera deles estavam muitos fãs vestidos a rigor e preparados para “partir chão” e outros que desconheciam por completo o fenómeno gerado por detrás da banda que, em 2022, enviou uma livre submissão para o Festival da Canção da Alemanha. Liderados pelos vocalistas Kevin Ratajczak e Nico Sallach, os Electric Callboy fizeram desfilar autênticos êxitos dignos das discotecas de Ibiza como “Tekkno Train”, “Spaceman”, “Hypa Hypa”, “RATATATA”, faixa que lançaram em 2024 em colaboração com as BABY METAL, “Pump It”, “We Got Moves” e uma apropriada cover de “Everytime We Touch” dos Cascada.
Com um espetáculo visual repleto de projeções e pirotecnia, por momentos ficámos a pensar se não estaríamos a assistir à final da Eurovisão que decorreu naquele mesmo espaço em 2018. Os fãs, e o restante público que estava ali de espírito aberto, renderam-se à energia contagiante do sexteto alemão e entre circle pits e passos de dança mais arrojados houve ainda espaço para um rowing pit, uma prática popularizada nos concertos dos suecos Amon Amarth que consiste num moshpit composto por fãs sentados no chão a simular uma remada, uma imagem certamente impactante quando vista de cima do palco.
Neste dia subiram ainda a palco os frenéticos Suicidal Tendencies, Dave Mustaine e os seus Megadeth e o fenómeno em ascensão de Avenged Sevenfold.