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MEO Kalorama 2023: Amyl and The Sniffers e Yeah Yeah Yeahs, Duas Facetas do Punk Feminista

MEO Kalorama 2023: Amyl and The Sniffers e Yeah Yeah Yeahs, Duas Facetas do Punk Feminista

2023-08-31, MEO Kalorama, Lisboa
Rodrigo Baptista
Inês Barrau
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No primeiro dia do MEO Kalorama 2023, o Palco MEO vibrou ao som do pub/punk rock dos Amyl and The Sniffers e do indie rock/ dance punk dos Yeah Yeah Yeahs. Com performances carismáticas Amy Taylor e Karen O reforçaram que as mulheres podem ser quem elas quiserem e fazerem o que quiserem.

Falar de punk no feminino é falar de nomes como Exene Cervenka e os seus X, Debbie Harry e os seus Blondie ou as Bikini Kill, as pioneiras do movimento riot grrrl. Passados mais de 30 ou 40 anos, ainda existem figuras femininas que, através da música e mais concretamente das várias vertentes do punk, procuram passar a mensagem de que ser mulher não é ser inferior aos homens ou estar limitada a certas confeções sociais.

O grupo australiano Amyl and The Sniffers, que subiu ao Palco MEO na tarde do primeiro dia do festival, encarna essa postura na perfeição. Liderados pela irreverente Amy Taylor, a banda agarrou o público pelo colarinho e passou-lhes a mensagem na forma de uma descarga sonora avassaladora. Já o público acusou a recessão da mensagem através dos vários moshpits que se foram formando à frente do palco e que deram origem a uma enorme nuvem de poeira.

Com dois álbuns editados, os Amyl and The Sniffers vieram apresentar um pouco dos seus dois trabalhos. O homónimo, editado em 2019, que venceu o prémio ARIA ( Australian Recording Industry Association Music Awards) de Melhor Álbum Rock, e “Confort to Me” editado em 2021. Ouviram-se temas como “Security”, “Maggot”, “I’m Not A Loser”, “Hertz” ou “Knifey”.

Amy Taylor com o seu sotaque australiano carregado e com um visual a fazer por vezes lembrar Nancy Spungen foi sem dúvida uma enorme surpresa.

Ao longo de sensivelmente 45 minutos encheu o palco e trouxe aquela selvajaria e espontaneidade tão característica dos concertos de punk. Entre cuspidelas para o chão, exibicionismo dos seus músculos e mensagens de empoderamento feminino, Taylor demonstra não aceitar recados de ninguém e, se for o caso, reponde à letra através das suas músicas.

No fim soube a pouco. Depois de duas passagens por festivais, no NOS Primavera Sound 2019 e agora no MEO Kalorama 2023, esperamos que a terceira vinda dos Amyl and The Sniffers a Portugal seja em nome próprio de forma a dar-lhes o protagonismo que merecem.

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Após uma ausência de dezassete anos, os Yeah Yeah Yeahs regressaram finalmente a Portugal. Na bagagem trouxeram o seu mais recente álbum “Cool It Down”(2022) e a sua já característica sonoridade hibrida de garage punk, indie rock e dance punk.

Sempre com figurinos espampanantes e vistosos foi assim que a vocalista Karen O, juntamente com o guitarrista Nick Zinner e o baterista Brian Chase subiu ao palco para dar início ao concerto com a novidade e essa grande malha que é “Spitting Off the Edge of the World”. Seguiu-se o rock alternativo de “Cheated Hearts” e o garage punk de “Pin”. Já “Zero” trouxe até ao público dois grandes olhos insufláveis com o intuito de tornar o espetáculo mais participativo.

À semelhança de Amy Taylor também Karen O apresenta os seus momentos e movimentos reminiscentes de uma atitude punk, um deles foi quando segurou o microfone apenas com a boca enquanto vocalizava.

Uma olhadela à nossa volta e verificámos que o recinto estava bem composto na recessão à banda Nova Iorquina. Os dezassete anos de ausência e o facto de nunca terem tocado em Lisboa certamente contribuiu para que muitos estivessem ali a ver os Yeah Yeah Yeahs pela primeira vez. Esperamos que não demorarem tanto tempo a regressar ao nosso país.

À semelhança de Amy Taylor também Karen O apresenta os seus momentos e movimentos reminiscentes de uma atitude punk, um deles foi quando segurou o microfone apenas com a boca enquanto vocalizava.

“Heads Will Roll”, o êxito dance rock que a banda editou em 2009 no seu álbum “It’s Blitz” foi o mais esperado e celebrado, com o Parque da Bela Vista a cantar e a dançar ao som de uma melodia que segundo a banda foi sampleada de uma placa de som de um Mellotron: o “Roxy SFX 2” do Mellotron M4000D 02.

“Dance With The Night” fechou o concerto, mas não sem antes proporcionar mais um momento de pura atitude punk por parte de Karen O. Na parte final da música a banda estendeu a conclusão para que Karen, ao estilo de Roger Daltrey, rodopiasse o seu microfone e batesse com ele várias vezes no palco, mas, como se isso não bastasse foi ainda mais longe, arrancou a tape que agarrava o microfone ao cabo e, bem ao estilo de Axl Rose, ofereceu-o a um fã sortudo que estava na primeira fila.  Há lá coisa mais punk que isto?

SETLIST

  • Spitting Off the Edge of the World
    Cheated Hearts
    Pin
    Burning
    Zero
    Soft Shock
    Gold Lion
    Lovebomb
    Y Control
    Map
    Heads Will Roll
    Date With the Night