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NOS Alive 2024 | The Smashing Pumpkins, De Cascais ao Alive São Só 28 Anos

NOS Alive 2024 | The Smashing Pumpkins, De Cascais ao Alive São Só 28 Anos

2024-07-11, Nos Alive, Lisboa
Rodrigo Baptista
João Silva
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Numa viagem aos anos 90, e aos anos dourados do rock alternativo, os The Smashing Pumpkins demonstraram que o tempo não passa por eles. Entre os grandes clássicos de “Siamese Dream” (1993) e “Mellon Collie and the Infinite Sadness” (1995) Billy Corgan levou-nos, não só, a “1979”, mas também a 1996, ano em que a banda fez a sua estreia em Portugal com um concerto na Praça de Touros de Cascais.

[Não foi autorizada à Arte Sonora a habitual captação de imagens do concerto]

«James, lembras-te da noite na praça de touros, em Cascais?», perguntou Billy Corgan ao guitarrista James Iha antes de partir para “Disarm”. Num claro momento de demonstração da sua lucidez, Billy procurou exaltar o impacto que esse concerto de 1996, na Praça de Touros de Cascais, teve na construção da relação de proximidade com os fãs portugueses ao longo das 13 passagens da banda por Portugal. «Estava a chover», concluiu com Corgan, não sem antes referir «Adoro Lisboa! Adoro Portugal! As pessoas estão sempre a perguntar-me qual é o meu lugar favorito para tocar, aqui mesmo!»

Ausentes dos palcos portugueses e do recinto do NOS Alive por cinco anos já era expectável que as saudades apertassem. Desejosos estavam também os fãs mais fiéis de ouvir pela primeira vez ao vivo os novos temas de “Cyr” (2020) e “Atum: A Rock Opera in Three Acts” (2022-2023). Aqueles que queriam ouvir malhas do primeiro não tiveram muita sorte, já os que vieram em busca das músicas do segundo foram brindados com quatro faixas novas. Quanto aos fãs ocasionais, que procuravam apenas recordar os clássicos, também saíram a ganhar, isto porque as malhas de “Siamese Dream e “Mellon Collie and the Infinite Sadness” preencheram metade da setlist.

Ausentes dos palcos portugueses e do recinto do NOS Alive por cinco anos já era expectável que as saudades apertassem.

Curiosamente a abertura do concerto deu-se ao som de “The Everlasting Gaze” do álbum conceptual “Machina/The Machines of God” (2000). Guitarras distorcidas e fuzzy ecoaram pelo recinto do Alive com um volume perto do limiar do desconfortável. A jarda sónica continuou em “Doomsday Clock”, com Billy a demonstrar que a sua voz, muitas vezes não consensual, passou o teste do tempo. Num pequeno aceno aos U2 com uma cover de “Zoo Station” não há como não destacar o groove e tone encorpado do baixista Jack Bates, os fills de bateria com direito a um mini solo de Jimmy Chamberlin e ainda a proficiência de James Iha no slide.

Seguiu-se o primeiro momento de interação com os fãs. Em bom português, Iha saudou o público e agradeceu a sua presença. Sem tempo a perder partiram para “Today”, a power ballad que impulsionou os The Smashing Pumpkins para o estrelato. Já “Spellbiding” foi a primeira visita a “Atum: A Rock Opera in Three Acts”, um trabalho mais experimental que ainda está a ser degustado e digerido pelos fãs. A estranheza de “Spellbiding” deu lugar ao conforto de “Tonight, Tonight”.

Por esta altura já tínhamos tido oportunidade para vislumbrar algum gear presente em palco, principalmente as guitarras. Corgan alternou entre duas Reverend Billy Corgan Z-One, Iha recorreu maioritariamente a uma Yamaha Revstar RSP20CR e a uma Gibson Les Paul Standard. Já Kiki Wong, a hired gun feminina do grupo, teve como preferência uma Jackson Rhoads e uma Yamaha Revstar.

“That Which Animates the Spirit” e “Ava Adore” arrefeceram os ânimos para depois a acústica “Disarm” e o hino “Bullet With Butterfly Wings” serem recebidos com extrema euforia. As novidades “Empires” e “Beguiled” encheram um alinhamento que, para festival, não precisava, provavelmente, de tantas músicas do último trabalho da banda. Ainda assim, a reta final compensou qualquer um que tenha sentido algum enfado. A dicotomia entra a suavidade de “1979” e a agressividade de “Jellybelly”, a psicadélica/progressiva “Gossamer” e as noisy “Cherub Rock” e “Zero” encerraram uma atuação digna de cabeça de cartaz, que o digam os muitos festivaleiros que abandonaram o recinto depois da banda de Billy Corgan ter saído do Palco NOS.

SETLIST

  • The Everlasting Gaze
  • Doomsday Clock
  • Zoo Station (U2 Cover)
  • Today
  • Spellbinding
  • Tonight, Tonight
  • That Which Animates the Spirit
  • Ava Adore
  • Disarm
  • Bullet With Butterfly Wings
  • Empires
  • Beguiled
  • 1979
  • Jellybelly
  • Gossamer
  • Cherub Rock
  • Zero