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O retorno vitorioso de Anderson .Paak

O retorno vitorioso de Anderson .Paak

2018-07-20, Altice Arena, Super Bock Super Rock
António Maurício
Inês Barrau
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Dividido entre as posições de vocalista e baterista, .Paak guiou com destreza e entusiasmo a sua segunda aparição na Altice Arena, com a companhia dos The Free Nationals.

Anderson .Paak editou “Malibu” no início de 2016 e, nesse mesmo ano, estreou-se em Portugal, na abertura do concerto de Bruno Mars, na Altice Arena. Este ano subiu ao palco principal do Super Bock Super Rock antes do cabeça de cartaz Travis Scott. Apesar de nunca ser o protagonista, .Paak revela-se como um actor secundário com vontade e talento mais que suficientes para roubar o papel principal. Envolvido numa colagem de R&B, Soul, Hip-Hop e Funk, o californiano divide o seu tempo em palco entre o excelente trabalho vocal e os frenéticos ataques na bateria.

A voz de Anderson .Paak é, de facto, elegante. Concentrado maioritariamente no já referenciado “Malibu”, justificou com clareza os elogios ao seu trabalho vocal, com performances impecáveis nos ritmos alegres de “Come Down”, “The Waters” ou “The Bird” – faixas com linhas de baixo altamente gratificantes para os ouvidos, sempre cedidas a tempo e horas por Kelsey Gonzalez.

Mas o baixista é apenas um dos componentes-chave no conjunto The Free Nationals, o grupo que constrói os instrumentais ao vivo para .Paak se libertar em exercícios vocais e danças contemporâneas popularizadas na internet (ex: shoot ou milly rock). Jose Rios emprega a guitarra, Ron Tnava Avant mexe os dedos no sintetizador e apoia vocalmente e Callum Connor distribui-se entre o sampler e as mesas de DJ. As entradas mais vigorantes de bateria ficam a cargo da estrela do espectáculo – sempre que encontra tempo livre, durante ou após versos, senta-se na bateria para polirritmia na percussão.

A recentemente editada “Bubblin” foge ao estilo primário de R&B e revelou-se uma autêntica bomba ao vivo. Com flow rápido, carisma gabarolas e um refrão fácil de cantar, .Paak saltou entre o palco e a multidão sem nunca desleixar a qualidade musical. “The Bird” encontrou o lado mais badalado, num dos momentos mais calmos e necessários para balançar a performance. Por este momento, .Paak já tinha providenciando solos na bateria com as suas próprias mãos (um deles foi potente o suficiente para criar um mosh pit), danças e saltos com abundância.

“Glowed Up”, o trabalho colaborativo com o produtor Kaytranda, também foi recebido de braços abertos, tal como “Suede”, com Knxwledge. A segunda encontrou um instrumental com um arranjo mais sintético, menos robotizado, providenciado pelos The Free Nationals.

O final foi guiado pelo registo romântico de “Luh You”, embrulhando lentamente o final de um espectáculo que empacotou todas as habilidades do norte-americano: capacidade e versatilidade vocal, mestria na bateria, movimentos corporais e iteração com o público. Parece-nos pouco provável que volte a abrir o concerto para alguém no nosso país.