Talvez porque o avançado do Benfica, na transição das décadas de 80/90, é sueco, “Mats Magnusson” arranca o álbum com uma cadência de dedilhados e uma progressão melódica que remetem, de alguma forma, para os Opeth. Mas logo a seguir, “Cafe Del Mar” transporta-nos para uma zona mais meridional. Isto para dizer que recorrer a referências é um exercício inútil, perante o vigor de espontaneidade dos Riding Pânico no seu terceiro e melhor álbum. Talvez valha só a pena referir que a vivacidade instrumental da banda seria digna de um trabalho dos Mothers Of Invention – sem ponta de exagero.
Vigor instrumental e espontaneidade criativa dos Riding Pânico no seu terceiro e melhor álbum.
O benjamim Miguel Abelaira oferece-nos uma prestação cirúrgica e dinâmica nas baterias, fazendo tricot com os pratos, pontuações sublimes com rimshots (“Louva-a-Deus”) e com um controlo frenético no bombo. E entre a miríade de harmonizações nas três guitarras, sobressai um baixo a uniformizar cabalmente a banda, transformando a excentricidade em riffs e a fantasia em groove.
Os Riding Pânico conseguem criar mais um estimulante álbum instrumental devido a uma enorme capacidade para trancar, intrincar ou abrir os temas. Levam-nos numa viagem numa espécie de “Táxi Mágico” que, sem nunca abdicar da sua intensidade, só abranda de forma substancial a sua velocidade em “Pop Santeiro” e “Modelo e Detective”, até chegar ao destino que é “Terreiro do Espaço”, cujo final tem um peso sonoro esmagador.
Intenso e conciso, “Rabo de Cavalo” ouve-se em loop.