Quantcast
Rock in Rio Lisboa 2024: Living Colour, A vitória dos underdogs

Rock in Rio Lisboa 2024: Living Colour, A vitória dos underdogs

2024-06-15, Rock in Rio Lisboa
André Sousa
Inês Barrau
9
  • 9
  • 9
  • 9
  • 9

Infelizmente, a organização do Rock in Rio decidiu colocar Rival Sons e Living Colour ao mesmo tempo, a escolha não foi fácil.

Poucos, mas bons. Passava pouco das 19 horas, os Extreme encerravam um concerto sólido e competente no Palco Mundo. Uns metros ao lado, no Palco Galp, quatro senhores veteranos preparavam-se para entrar em palco e dar uma masterclass de humildade servida com muito rock (heavy) e alguma soul e funk.

A plateia estava quase despida, sem esquecer que exactamente à mesma hora os Rival Sons subiam ao Palco Tejo. Outros estavam mais “entretidos” em longas filas para ir buscar uma cerveja ou hambúrgueres. E de repente, sem pompa ou circunstância, os senhores Living Colour de Nova Iorque tomam de assalto o Parque Galp com um hard-rock vigoroso ao som de “Middle Man” do galardoado disco de estreia de 1988: “Vivid”.

Vernon Reid é um guitarrista excecional, uma espécie de primo mais velho de Tom Morello dos RATM. Dono de uma técnica excelente, empresta à sua guitarra ESP Mirage uma mistura de sons que alternam entre os acordes funk à James Brown e os riffs poderosos dignos de qualquer banda de hard rock e heavy metal. Não é à toa que Sir Mick Jagger quis os seus préstimos quando por breves anos decidiu apostar numa carreira a solo. Aliás, foi à boleia do vocalista dos Rolling Stones, que os Living Color gravaram “Vivid” onde foi co-produtor.

Vernon Reid é um guitarrista excecional, uma espécie de primo mais velho de Tom Morello dos RATM. Dono de uma técnica excelente, empresta à sua guitarra ESP Mirage uma mistura de sons que alternam entre os acordes funk à James Brown e os riffs poderosos dignos de qualquer banda de hard rock e heavy metal.

Além de Reid, a banda conta também nas suas fileiras com outra figura que ocupa grande parte do palco – o inimitável vocalista Corey Glover – e a secção rítmica formada por Will Calhoun (bateria) e Doug Wimbish (baixo).

Se o público ao início andava distraído, assim que a banda adotou a estratégia (inteligente) de algo como se não os podes vencer… junta-te a eles, e lá começaram a disparar umas covers que captaram a atenção dos que circulavam a volta. Tocaram primeiro “Kick ou the Jams” hino punk dos MC5 e ainda um excerto de “Nothing Compares to You” de Prince, imortalizada mais tarde por Sinead O´Connor.

Aos poucos, já com a plateia mais composta, apareceram os grooves mais pesados de “Ignorance is a Bliss”, “Time´s Up” ou “Leave it Alone” iam convencendo novos e faziam as delícias de velhos adeptos. Glover enchia o palco alternando entre os agudos típicos de um vocalista de heavy-metal e aquele timbre mais gospel e blues que só os afro-americanos sabem cantar.

Para o final duas grandes canções, talvez os únicos hits que esta banda algum dia teve. Primeiro essa balada, meio funk meio blues, que dá pelo nome: “Love Rears its Ugly Head”. E por fim, “Cult of Personality”, o tema mais conhecido e que pôs os presentes (que eram cada vez em maior número) a cantar e abanar “o capacete”.

Agora já estava tudo rendido. A malta das cervejas e dos hambúrgueres começara a abandonar as filas para testemunhar o poder sónico do quarteto nova iorquino. E para pôr tudo em delírio, mais uma cover: “Rock n Roll” dos Led Zeppelin.

Poderá ser seguro dizer que ninguém tinha grandes expectativas ao início, mas os Living Colour saíram do Parque Tejo em ombros e como um dos grandes vencedores da tarde.