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Rock in Rio Lisboa 2024: Scorpions, Baladas ao sabor do vento

Rock in Rio Lisboa 2024: Scorpions, Baladas ao sabor do vento

2024-06-15, Rock in Rio Lisboa
André Sousa
John Batista
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Os Scorpions voltaram a Lisboa para mais um concerto que encheu o Parque Tejo.

No único dia, em que as guitarras elétricas desceram até à autoproclamada “Cidade do Rock”, já tínhamos visto ao longo das atuações muito bons executantes: Vernon Reid, Nuno Bettencourt, Scott Holliday e John Norum. Faltava ainda acrescentar a essa lista: Rudolph Schenker e Matthias Jabs, dupla de guitarristas que desde 1979 ajudou a elevar os Scorpions para patamares de rock estádio. Começaram com “Lovedrive” (1979), “Animal Magnetism” (1980) e “Blackout” (1982). Mas foi com “Love at First Sting”, disco de 1984 que a banda de Hannover surgiu na primeira liga do rock mundial, catapultada para os tops ora por baladas como “Still Loving You”, ora por canções feitas para a rádio rock da altura como: “Big City Nights” ou “Rock You like a Hurricane”.

Foi precisamente para assinalar os 40 anos desse disco, que os Scorpions deram o leitmotiv a quase duas horas de concerto, começando com o tema: “Coming Home”. Porém, em vez de tocarem o disco todo de seguida preferiram tocá-lo a espaços em momentos-chave do espetáculo.

No entanto, neste regresso a Portugal, nem tudo foram rosas para os germânicos. A começar na prestação do vocalista Klaus Meine que há uns meses foi operado à coluna. Facto esse que o limitou de movimentos e de entrega de energia que o caracterizam. Inclusive, olhando algumas vezes para a sua expressão, via-se que o músico não estava a 100%.

No entanto, neste regresso a Portugal, nem tudo foram rosas para os germânicos. A começar na prestação do vocalista Klaus Meine que há uns meses foi operado à coluna.

O concerto prosseguiu sem grandes rasgos, com os Scorpions a desfilar êxitos atrás de êxitos que iam mantendo, possivelmente, as 80 mil pessoas da plateia acordadas. Se “Wind of Change” ou “Send me na Angel” iam fazendo as delícias dos que só ouvem as compilações de baladas (e eles já lançaram algumas), “Bad Boys Running Wild”, “Tease Me, Please Me”, “The Zoo” e “Blackout” iam aquecendo os fervores dos mais metaleiros. Pena não terem tocado nenhuma música da fase que verdadeiramente acho mais interessante da sua carreira (1973 – 1978) quando contavam com o virtuoso Uli Jon Roth nas suas fileiras e lançavam, na minha opinião, verdadeiros clássicos do heavy metal como: “Taken by Force” ou “Virgin Killer”.

Desses Scorpions de outrora já não sobra pedra. Também não ajudou puxarem por algumas secções instrumentais (talvez para aliviar a carga de Meine) para as guitarras de Mathias e Rudolph brilharem com: “Coast to Coast” e “Delicate Dance”. O solo de bateria do ex-Motorhead, Mikkey Dee também não acrescentou muito a um concerto que aos poucos ia perdendo fulgor. Algum público já cansado, ainda antes do fim começou lentamente a rumar a casa (já sabes como é difícil escoar milhares de pessoas ao mesmo tempo).

Para os encores, ainda tempo para as esperadas: “Still Loving You” e “ Rock You Like a Hurricane”. Os Scorpions cumpriram os mínimos olímpicos, mas não encantaram como em outras ocasiões. Difícil de o fazer dadas as circunstâncias do estado do vocalista. A idade definitivamente não perdoa. Houve realmente uma grande degradação da saúde Klaus, desde a última vez que nos visitaram em Braga e na ainda Altice Arena em 2022.

O som também não ajudou à festa, muitas vezes foi abafado pelo vento, pelo menos para quem estava a ver o concerto de longe e pelos ecrãs gigantes. Uma actuação que não deixa saudades, ou só deixará aos fãs mais fiéis. O nosso cansaço de um dia caótico também não ajudou.