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Scorpions em Lisboa, 57 and Counting

Scorpions em Lisboa, 57 and Counting

2022-07-18, Altice Arena, Lisboa
Rodrigo Baptista
Inês Barrau
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Os habitué Scorpions regressaram a Lisboa para apresentar o seu mais recente álbum, “Rock Believer”. Na sua 25º incursão por terras nacionais, os veteranos germânicos trouxeram à Altice Arena temas novos, clássicos do costume, apelos contra a guerra e ainda proporcionaram uma agradável surpresa.

No dia 11 de Novembro de 2011, os Scorpions trouxeram até à Altice Arena, então Pavilhão Atlântico, a sua Final Sting World Tour, digressão que, supostamente, marcaria o fim de uma invejável carreira de 46 anos. Contudo, e à semelhança de outros nomes, nomeadamente Ozzy Osbourne e Kiss, também os Scorpions nunca conseguiram aceitar a reforma e a simplicidade de uma vida fora de estrada, algo perceptível, pois tanto a banda como os fãs reconheciam que a decisão tinha surgido de forma precipitada e era inegável que os lacraus ainda se encontravam na plenitude das suas capacidades.

Regressados então ao ativo, os gigantes do hard rock teutónico prometeram não fazer mais despedidas antecipadas, tendo desde então já visitado o nosso país para mais seis concertos. Muitos são os críticos que sempre que os Scorpions marcam um novo concerto para Portugal reiteram que os alemães já andam a fazer tours de despedida há dez anos, porém, são muitos mais os que continuam a reagir à chamada, principalmente os fãs da “velha guarda” que cresceram ao som de “Still Loving You” ou “Rock You Like A Hurricane”, bem como novos fãs que noutras circunstâncias nunca teriam tido a oportunidade de experienciar a comunhão que se vive num concerto de Scorpions.

Desta vez, a banda de Hannover, trouxe até Lisboa o seu décimo nono registo de estúdio, intitulado “Rock Believer”, um trabalho que sonicamente remete para a melhor fase banda, os anos 80, e que assinala também a estreia em estúdio do baterista Mikkey Dee, esse portento, ex-Mötorhead, que veio trazer toda uma nova dinâmica para banda.

Pouco passava das 21:00 quando as luzes da Altice Arena se apagaram e o pano que continha o nome da banda caiu. Mas, em jeito de brincadeira, tratava-se de um falso alarme, pois um segundo pano continuava estendido com a mensagem «Are you ready to rock?». Passados mais uns segundos, eis que surgem em todo o seu esplendor os cinco escorpiões. “Gas In the Tank” iniciou o concerto, e foi o primeiro assalto a “Rock Believer”. Com o som ainda a ser calibrado, fomos numa viagem até 1980 através das saudosas “Make It Real” e “The Zoo”. Por esta altura, o volume estava estupendo, porém a mistura deixava a voz de Klaus e a guitarra de Schenker algo escondidas.

«Olá Lisboa», foram as primeiras palavras de cumprimento de Meine, que logo de seguida se ausentou do palco, por breves instantes, para dar espaço ao sempre épico tema instrumental “Coast to Coast” e que terminou como já é habitual na boca de palco com Schenker, e a sua Gibson Flying V Black and White, e Matthias, e a sua Dommenget EX90 Custom, a trocarem melodias solísticas, enquanto Klaus e Pawel seguravam o ritmo. Com intuito de não fazer esquecer que estavam ali para apresentar um novo álbum regressámos a “Rock Believer”. “Seventh Sun” demonstrou pequenas fragilidades presentes na voz de Meine, com o vocalista a ter dificuldade em atingir algumas notas no refrão, afinal de contas são 74 anos. Já “Peacemaker” surgiu com toda a sua intenção apaziguadora, neste que foi o momento para a primeira dedicatória da noite à Ucrânia a mensagem foi de paz e esperança.

Seguiu-se a sleazy “Tease Me Please Me”, que voltou a acelerar o concerto e antecipou a última passagem por “Rock Believer”, desta vez com a faixa título a ser dedicada a todos aqueles que nunca deixaram o rock morrer.

Por esta altura já estávamos sensivelmente a meio do concerto, e foi neste preciso momento que surgiu a grande surpresa da noite, pelo menos para nós. A inesperada e eletrizante “Bad Boys Running Wild” foi recebida em euforia e com os olhos esbugalhados, tal era a emoção de estarmos a experienciar um clássico que tanto desejávamos ouvir num concerto de Scorpions. Bem coladinha à versão de “World Wide Live”, só ficou mesmo a faltar a frenética “Coming Home” para vincar ainda mais esse que é um dos melhores registos ao vivo dos anos 80.

Já “Delicate Dance”, tema solístico de Mathias Jabbs, surgiu como um momento de transição entre o hard rock frenético da primeira parte do concerto e o interlúdio acústico que se seguiu. Primeiro foi “Send Me An Angel” a proporcionar um enorme coro e de seguida “Wind Of Change”, esta com nova dedicatória à Ucrânia e com uma letra diferente no primeiro verso, pois segundo a banda a letra “clássica” romantizava a Rússia. Seguiu-se a sleazy “Tease Me Please Me”, que voltou a acelerar o concerto e antecipou a última passagem por “Rock Believer”, desta vez com a faixa título a ser dedicada a todos aqueles que nunca deixaram o rock morrer.

Com cerca de 1h de concerto, estávamos quase a chegar à reta dos clássicos dos clássicos, mas antes ainda houve tempo para Pawel demonstrar em “New Vision” que, apesar de ser o menos creditado de todos os elementos dos Scorpions, também dispõe de excelentes pergaminhos técnicos para com o seu instrumento, o baixo. Ainda assim, ficou claramente ofuscado perante o tamanho solo de Mikkey Dee. O pequeno, mas encorpado, baterista sueco mostrou-se colossal e animalesco na forma como percorreu todas as peles da bateria demonstrando agressividade, velocidade e precisão em todas as suas pancadas. Aparentemente cansado, pudera, mas sem tempo a perder, eis que surge a sirene que dá o mote para “Blackout” e que, juntamente com “Big City Nights”, fechou o concerto. Fizeram-se as despedidas, mas todos sabíamos que aquele ainda não era o fim, e após um curto compasso de espera, eis que surge Klaus a declarar-se «ainda vos amamos Lisboa». “Still Loving You” fez então as delicias do casais mais saudosistas, antes de “Rock You Like A Hurricane” finalizar o espetáculo de forma festiva.

Após 57 anos de estrada, e 25 passagens por Portugal, não arriscamos dizer que esta tenha sido a última passagem dos Scorpions pelo nosso país, isto porque, afinal de contas, e segundo a malha de “Rock Believer”, o depósito dos Scorpions ainda tem combustível.

SETLIST

  • Gas In The Tank
  • Make It Real
  • The Zoo
  • Coast To Coast
  • Seventh Sun
  • Peacemaker
  • Bad Boys Running Wild
  • Delicate Dance
  • Send Me An Angel
  • Wind Of Change
  • Tease Me Please Me
  • Rock Believer
  • New Vision
  • Blackout
  • Big CIty Nights
  • Encore:
  • Still Loving You
  • Rock You Like A Hurricane