De mochila às costas, com as incertezas de quem passou muito tempo sem destino, não houve truques, nem teorias, apenas uma história resumida num disco intitulado “Tramp”. Com sensibilidade, honestidade e modéstia. Porque a humildade chega sempre mais longe e Sharon Van Etten é muito mais do que sincera e autêntica. É uma deslumbrante cantora e compositora, cujo encanto e envolvimento ultrapassam uma vez mais as extremidades dos sentimentos.
A música que faz é de uma franqueza e beleza letais, espremendo e absorvendo o último dos recursos vitais. A voz que tem é limpa e cristalina, iluminando e reflectindo o recanto mais encoberto da alma. Se “Tramp” foi uma verdadeira confissão de todas as dúvidas e angústias de um corpo perdido. “Are We There” é a continuação da regeneração e superação de um corpo ainda ferido. São golpes e escoriações que perduram sobre a fragilidade e amabilidade de “Our Love”, “Tarifa” e “Every Time The Sun Comes Up”.
Os desgostos passam, Sharon Van Etten não.