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Thirty Seconds To Mars e Portugal, Juntos a Uma Só Voz

Thirty Seconds To Mars e Portugal, Juntos a Uma Só Voz

2024-05-29, MEO Arena, Lisboa
Rodrigo Baptista
Inês Barrau
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No seu 9º concerto em Portugal, os Thirty Seconds To Mars regressaram a uma casa onde já foram muito felizes, a MEO Arena. Com uma entrada triunfante entre o público, fãs em cima do palco, hinos atrás hinos a serem entoadas em coro e um Jared Leto galvanizado e saudosista, os Thirty Seconds To Mars demonstraram que ainda dominam a arte do arena rock.

Jagwar Twin, o alter-ego quase sobrenatural do cantor, compositor, produtor e contador de histórias Roy English, foi o primeiro a subir a palco e proporcionou um bom aquecimento para os irmãos Leto. “Loser”, “Happy Face” ou “Bad Feeling (Oompa Loompa)”, música que se tornou viral no Tik Tok, não são totalmente desconhecidas do público. Boa voz, boa presença e bonitos chinelos.

Foi com uma contagem regressiva a partir dos 100 e a terminar, naturalmente, nos 30, como que a antecipar uma descolagem para Marte, que o espetáculo teve início. Com os olhos todos centrados no palco e na tela de projeção em forma de triângulo, eis que fomos surpreendidos com uma entrada da banda completamente inesperada (pelo menos para quem não assistiu aos concertos anteriores no youtube ou nas redes sociais). Após escutarmos as primeiras notas da nova “Avalanche”, Jared Leto, Shannon Leto, e Stevie Aiello surgiram na ponta oposta da arena e no meio do público. Bem ao jeito dos The Shield (os fãs da WWE irão perceber a referência), os três músicos desbravaram o caminho até ao palco enquanto cumprimentavam os fãs com abraços e high fives. Alguns minutos antes, entre o concerto de abertura de Jagwar Twin e o dos cabeça de cartaz, Jared e Shannon já tinham aparecido disfarçados no meio do público a oferecer merchandise, num daqueles momentos bem dispostos e de muito proximidade como os irmãos Leto sabem proporcionar.

Chegados a palco após o percurso que ainda viu Shannon trepar a parede da plateia para chegar ao Balcão 1 e cumprimentar um fã, a banda disparou “Up In The Air”. Rapidamente, uma parede sonora de proporções colossais atingiu-nos como uma rajada de vento forte. Vozes ao alto para entoar os primeiros coros da noite demonstraram que não há melhor lugar para escutar as malhas dos Thirty Seconds To Mars do que uma arena reverberante repleta de dezenas de milhares de fãs a sentir e a entoar estas linhas melódicas que, certamente, foram compostas com esse fim.

A receita manteve-se em “Kings and Queens”, do álbum clássico “This Is War” (2009). À segunda música, o som mostrava algumas inconstâncias, particularmente na forma como a voz de Jared estava a ser misturada muito acima da bateria de Shannon e da guitarra e sintetizadores de Stevie. Já no que diz respeito, à prestação vocal de Leto, este tema também demonstrou que ao vivo existe alguma contenção por parte do vocalista, talvez para não esforçar as cordas vocais ou até mesmo por não conseguir atingir algumas notas e ainda o recurso a algum auto-tune, que, sem exagero, é apenas utlizado para ajudar na projeção. Mais à frente Jared foi soltando a sua voz, tendo acabado mesmo por referir que esteve algo adoentado nas últimas semanas e que só agora é que está a voltar à sua forma.

“Walk On Water” com o seu refrão «Do you believe that you can walk on water?» parece apresentar-se como uma provocação à imagem de Jared Leto que, com o seu cabelo comprido e barba, não foge às comparações com a imagem de Jesus Cristo. A letra foi passando no ecrã para ajudar os fãs mais esquecidos, mas este não precisaram, ao contrário de Jared que, mais à frente, teve que recorrer a uma cábula num dos temas do mais recente álbum “It’s the End of the World but It’s a Beautiful Day”.

Vozes ao alto para entoar os primeiros coros da noite demonstraram que não há melhor lugar para escutar as malhas dos Thirty Seconds To Mars do que uma arena reverberante repleta de dezenas de milhares de fãs a sentir e a entoar estas linhas melódicas que, certamente, foram compostas com esse fim.

Pouco pretensioso para com a exclusividade do palco, em “Rescued Me”, Jared convidou vários fãs para subir ao seu púlpito. O critério de seleção era simples, saltar para as cavalitas de alguém e esperar que Jared reparasse. Com uma estética a puxar para o EDM, esta foi uma das faixas que incentivou ao pezinho de dança.

Seguiu-se “Seasons”, a faixa que dá título a esta tour trouxe Shannon para a dianteira do palco para soltar uma batida eletrónica no seu Roland Octapad SPD-30. Já em “Hail to The Victor” foi a vez de Stevie Aiello brilhar com um solo

Em “This Is War”, Jared convocou todos a entoar o refrão de braços no ar. Chegados sensivelmente a meio do espetáculo apenas Jared permaneceu em palco com uma guitarra acústica nas mãos. No princípio do concerto, o músico já tinha enaltecido a importância de Portugal para a banda, mas foi só nesta transição que explicou o seu amor profundo pelo nosso país. Começou por recordar a sua primeira visita a Portugal como turista em 1998, tendo referido que esteve na praia a comer peixe e batatas e a passear por Lisboa, e depois  mencionou que a primeira arena esgotada dos Thirty Seconds To Mars foi precisamente em Lisboa. “Alibi” e “From Yesterday”, com esta última a servir de teste para determinar qual dos lados da MEO Arena canta mais alto, foram a escolhidas para este momento mais intimista com o público. Foi também neste segmento que a sua veia de actor, com alguma comédia à mistura, veio ao de cima através de provocações amigáveis com os dois lados.

A cover de “Stay” de Mikky Eko que veio a seguir foi competente, mas não aqueceu nem arrefeceu. Poderia ter sido facilmente substituída por um original do mais recente “It’s the End of the World but It’s a Beautiful Day”. Ainda assim “Night of the Hunter”, “City of Angels” e “A Beautiful Lie” voltaram a recuperar a energia que se dissipara um pouco com a cover.

Num gesto de demonstração de apreço para com os fãs portugueses e como forma de comprovar que o que tinha dito há umas músicas atrás não tinha sido algo recorrente, Jared anunciou que iriam estrear ao vivo a faixa “Get Up Kid”. Aliás, a faixa estava tão fresquinha nos lábios de Leto que até teve que recorrer a uma cábula que acabou por atrapalhá-lo. Com o seu sentido de humor apurado, não levou aquela situação muito a sério e acabou por recomeçar a música.

“Attack”, um dos hinos da fase emo dos Thirty Seconds To Mars, encerrou o set da banda. Seguiu-se uma demorada espera pelo encore, que só terminou com a banda a regressar a palco com uma bandeira portuguesa, utilizada para posar paras as fotos, e ainda com um vinil autografado de “It’s the End of the World but It’s a Beautiful Day” que prontamente foi atirado como um disco voador para as filas da frente.

De volta aos seus postos seguiu-se uma reta final avassaladora, primeiro com a eurovisiva “Stuck”, depois com mais uma estreia, “Avalanche”, a mesma que já tinha sido escutada no P.A. durante a entrada da banda.

“The Kill (Bury Me)” numa versão alargada com o refrão a ser entoado a capella por todos os presentes foi catártica para muitos, assim como “Closer to the Edge” que, mais uma vez com um conjunto de fãs em cima do palco, encerrou a noite em apoteose.

SETLIST

  • Up in the Air
    Kings and Queens
    Walk on Water
    Rescue Me
    Seasons
    Hail to the Victor
    Hurricane
    This Is War
    Alibi
    From Yesterday
    Stay (Mikky Ekko Cover)
    Night of the Hunter
    City of Angels
    A Beautiful Lie
    Get Up Kid
    Attack
    Stuck
    Avalanche
    The Kill (Bury Me)
    Closer to the Edge