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AS10 | 2015 em K7

AS10 | 2015 em K7

Tiago da Bernarda

Este ano adicionámos mais uma lista. A das cassetes. Mas será que faz sentido falar sobre cassetes em 2015? Não é apenas mais uma moda puxa revivalismo?

Não é bem assim. Já o CD estava bem inserido na indústria musical quando o analógico ganhou a sua maior relevância na cena alternativa. Isto é, arranjou-se uma forma económica de distribuição para bandas de géneros musicais que não tinham atenção por parte das editoras, caindo sobretudo em projectos de metal e hip hop. Coisas que as próprias bandas podiam passar em mão em concertos e feiras.

Passando à frente uns anos, quando a internet rebentou e as vendas de CDs desceram (viva a pirataria), a procura por discos de vinil subiu. Isso quer dizer que, graças aos meios online, o coleccionismo de música encontra-se mais forte que nunca. Chega-se então à conclusão que as bandas e editoras independentes que andavam a distribuir a sua música gratuitamente podiam agora valorizar os seus projectos editando no meio que agora é também considerado um coleccionável.

E enquanto editoras portuguesas como a Marvellous Tone já mexem com cassetes há mais tempo, novas bandas começaram a optar por esta alternativa. Para a Arte Sonora, estas são as cassetes nacionais de 2015 que tens que ouvir!

PLUS ULTRA

1. Plus Ultra – Vol.1 (Tapes, She Said) | Poucos se lembram que Gon, o vocalista dos Zen, tinha uma banda com Kinorm, dos Ornatos Violeta, e o Azevedo, dos Mosh. O power trio está de volta e tem o seu primeiro lançamento em formato físico, levado a cabo pela nova editora Tapes, She Said. Um EP curto mas viciante e  com uma pujança que perdura mesmo depois de ouvir pela primeira vez.

★★★★★

live low

2. LIVE LOW – LIVE LOW (Marvellous Tone) | Live Low é o mais recente projecto de Ghuna X, a partir da sua editora. Este primeiro álbum mostra uma faceta do produtor mais ecléctica e texturada, criando abertura para novas colaborações e uma experimentação que pouco tinhamos visto nos seus projectos anteriores.

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VAEE SOLIS

3. Vaee Solis – Adversarial Light (Signal Rex) | São muitos os que se afastam de uma banda de black metal quando sabem que tem uma vocalista. Mas não se deixem enganar, os Vaee Solis são uma das maiores revelações deste ano, deixando o seu próprio cunho no género musical. Algo  ambivalente o suficiente para converter os cépticos e satisfazer os puristas.

★★★★★

SUNFLOWERS

4. The Sunflowers – Ghosts, Witches and PB&J’s (ed. de autor) | Muito já se falou dos Sunflowers neste site, portanto seremos breves. A dupla de garage rock, punk e surf rock do Porto lançou este EP de apresentação no início do ano e em tão pouco tempo têm evoluído num dos projectos mais interessantes de 2015, tanto a nível de estúdio como em cima do palco. Sobra-nos esta pequena lembrança daquilo que foram.

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BLACK TAIGA

5. Black Taiga/ Melanie is Deranged Split – Festa Privada na Selva (MMMNNNRRRG) | Já ouviram falar de doomduro? Provavelmente não, mas é como Black Taiga identifica uma juntura entre doom metal e kuduro que constitui metade desta cassete editada pela editora de BD, bonecos e afins, MMMNNNRRRG. Do outro lado está uma pequena colectânea de “êxitos”de Melanie is Demented, um projecto sueco de electro punk.

★★★★★

CAVE STORY

6. Cave Story – Spider Tracks (ed. de autor) | Os Cave Story já tinham lançado alguns singles e uma demo, mas 2015 foi o ano em que finalmente lançaram um EP e consequentemente uma cassete. Spider Tracks mostra já um afunilamento de ideias, um rumo mas definido para a banda. Do post punk ao indie rock, algo influenciado por Pavement e Modern Lovers, os Cave Story são uma lufada de ar fresco (expressão terrível, mas mantenho-me a ela) na cena portuguesa.

★★★★★

RAP RAP RAP

7. RAP/RAP/RAP – Killing (Golden Mist Records) | Possivelmente um dos produtores de hip hop mais prolíferos actualmente, RAP/RAP/RAP é o nome já apanhado pelos radares internacionais. “Killing”, apenas uma das muitas mixtapes/álbuns que já lançou, saiu em 2014 mas foi apenas editada este ano em formato físico pela Golden Mist Records. Influenciado pelo trap, boom bap, e cloud rap, RAP/RAP/RAP deixou-nos esta pedra cor-de-rosa como pequeno souvenir das grandes coisas que é capaz.

★★★★★

ATILA

8. Atila – V (Bisnaga Records) | Atila, que é como quem diz Miguel Béco, já nos acostumou a álbuns editados em cassete. Curiosamente, a sua mistura de industrial, black metal, e música electrónica vai melhorando com o tempo e quando pensamos que já ouvimos tudo o que consegue fazer com esses géneros musicais, Atila consegue sempre surpreender. “V” consegue ser facilmente o seu melhor trabalho.

★★★★★

mighty sands

9. Mighty Sands – Big Pink Vol. 1 (Spring Toast Records) | Outrora Los Black Jews, os Mighty Sands conseguiram surpreender com o seu álbum de estreia. Uma mistura de garage rock, post-punk e surf rock, a banda lisboeta transmite um sentido de juvenilidade contagiante, introspectiva mas que dá vontade de dançar, abanar a cabeça, pegar numa mochila e partir para algures.

★★★★★

ASTRODOME

10. Astrodome – Astrodome (Ya Ya Yeah) | Os Astrodome souberam esticar bem a fita. Com faixas que variam entre os 7 e os 15 minutos, o seu álbum homónimo é um tesourinho escondido de heavy psych e classic prog, com alguma influência stoner dos Sleep (e isso é sempre um bom ponto de partida). Sâo malhas instrumentais uma após a outra, como uma estética bastante fantasiosa que varia entre o introspectivo e o exorbitante.