Vodafone Mexefest’17: Destroyer, Songhoy Blues, Washed Out, Killimanjaro…
2017-11-24, Vários locais, LisboaO Vodafone Mexefest começou sem a promessa de sempre, mas em excesso de energia e vontade por parte do público.
Não é segredo nenhum que o alinhamento do Vodafone Mexefest já viu melhores dias. De Elza Soares e Mallu Magalhães na edição anterior a destaques como Benjamin Clementine, Cloud Nothings ou Wavves em edições anteriores, parece óbvio constatar que, quer por manifesta infelicidade dos cancelamento de Bradley e Ware (que compreendemos como, por vezes, inevitável), quer por incapacidade ou falta de sorte de remendar alguns estragos causados, esta edição poderia ter feito um melhor trabalho em equilibrar, com nomes maiores, a proposta de descoberta musical a que nos habituou.
O que não quer dizer que o primeiro dia de Mexefest não tenha proporcionado, com o ambiente e festividade esperado, grandes momentos no seu dia de abertura. E entre os portugueses habituais, estrangeiros já conhecidos de outras paragens e outros ainda que não fariam mal em cá passar mais vezes, não houve falta desses momentos a testemunhar.
A abertura fez-se a ritmo galopante no backstage do Capitólio com os barcelenses Killimanjaro, de execução impecável e condições sonoras perfeitas, mas que rapidamente deram lugar a uma deslocação mais abaixo no eixo da Avenida da Liberdade: em pouco tempo começaria, no Palácio da Independência, as sessões CRA, bem como as performances de cante alentejano na Casa do Alentejo (onde mais?). Cedo na noite, retorna o gosto característico do Mexefest a subidas e descidas desenfreadas, com direito, quem sabe, a autocarro com música ao vivo pelo meio – El Señor faziam as honras deste primeiro dia.
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Às 21h, o primeiro ato destacado por esta edição do Mexefest, o trio Washed Out, que dá uma performance no Coliseu aquém do que a sua reputação faria esperar. Uma eletrónica insonsa, estática e em grande medida desprovida de ímpeto e criatividade que fica perdida na memória entre atos de mais valor.
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Passagens mais tardias pelo Palácio da Foz ou Garagem EPAL para testemunhar os duos Lavoisier e Ermo logo relembram as qualidades mais invejáveis do festival. No caso, tanto a diversidade de espaços (uma sala de palácio ostentosamente ornamentada contra uma garagem) quanto de sonoridades (uma dupla de cantautores inspirada na música popular portuguesa e outra que explora as sonoridades eletrónicas mais abrasivas).
As duas atuações mais grandiosas ficariam reservadas a dois nomes internacionais, ambos emprestados, por coincidência, ao NOS Primavera Sound de anos passados. De um lado, a energia pura e incrivelmente dançável de Songhoy Blues, quarteto africano do Mali que levou, com a sua mescla de blues-rock e afrobeat, a que o Salão principal da Casa do Alentejo estivesse mais longe de ceder – ou pelo menos foi o que pareceu, dados os saltos entusiasmados de um público visivelmente agradado pela sua presença.
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Do outro, a formação canadiana Destroyer que, encabeçada pelo sempre característico Dan Bejar, trazia uma vasta gama de instrumentos (sopros, teclas, guitarras) que se fundiam no Coliseu dos Recreios numa parede de som que poderia estar mais longe do shoegaze ou do dream pop. Um início sólido, ainda que irregular, para um festival que ainda vai a meio.
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