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Aberto processo que permite reedição da obra de Zeca Afonso

Aberto processo que permite reedição da obra de Zeca Afonso

Redacção

A Direção-Geral do Património Cultural abriu o processo de classificação da obra fonográfica de José Afonso por considerar que representa “valor cultural de significado para a Nação”, segundo um anúncio publicado em Diário da República.

Foi determinada a abertura do procedimento de classificação de um conjunto de 30 fonogramas da autoria do compositor e intérprete José Afonso, também conhecido por Zeca Afonso, bem como de 18 cópias digitais de masters de produção de um conjunto de cassetes gravadas pelo autor e de um conjunto de entrevistas.

Trata-se de material «cuja protecção e valorização representam valor cultural de significado para a Nação», lê-se no anúncio publicado em Diário da República, que acrescenta que, independentemente do desfecho do processo, a obra fonográfica do músico irá constar do inventário.

No dia 1 de Agosto, na véspera do 91.º aniversário do nascimento do músico, o Ministério da Cultura anunciou, em comunicado, a abertura do processo de classificação da obra como um «conjunto de bens móveis de interesse nacional». Esta é a primeira vez que a DGPC inicia um processo de classificação de uma obra fonográfica, revelou o Ministério da Cultura, acrescentando que ajudará a «consolidar informação relativa à obra gravada, publicada ou não, do artista».

A decisão surgiu um ano depois de o parlamento ter aprovado um projecto de resolução do Partido Comunista Português que recomendava ao Governo a classificação da obra de José Afonso como de interesse nacional, com vista à sua reedição e divulgação. Há um ano, também a Associação José Afonso (AJA) reuniu mais de 11 mil assinaturas numa petição pública que apelava à mesma decisão.

Com a decisão de abertura do processo de classificação, o Ministério da Cultura afirma que «ficam também criadas as possibilidades técnicas e processuais para que qualquer cidadão possa, a partir de agora, propor a classificação de um bem ou de um conjunto de bens fonográficos».

José Afonso nasceu em 2 de Agosto de 1929, em Aveiro, e começou a cantar enquanto estudante em Coimbra, tendo gravado os primeiros discos no início dos anos 1950 com fados de Coimbra, pela Alvorada, «dos quais não existem hoje exemplares», refere a AJA na biografia oficial do músico.

«Voz de um povo sofrido, voz de denúncia, voz de inquietude. Voz sinete da revolução de Abril», como descreve a AJA, José Afonso gravou álbuns como “Cantares do Andarilho”, “Traz Outro Amigo Também”, “Cantigas do Maio”, “Venham Mais Cinco” e “Coro dos Tribunais”. Autor de “Grândola, Vila Morena”, uma das canções escolhidas para anunciar a revolução de Abril de 1974, José Afonso morreu em 23 de Fevereiro de 1987, em Setúbal, de esclerose lateral amiotrófica, diagnosticada cinco anos antes.


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