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Técnicos de espectáculos juntos em protesto no Terreiro do Paço em Lisboa

Técnicos de espectáculos juntos em protesto no Terreiro do Paço em Lisboa

Nuno Sarafa
Janitasound

Os técnicos dos espectáculos uniram-se numa associação que realiza esta terça-feira, dia 11 de Agosto, pelas 20h, no Terreiro do Paço, em Lisboa, uma acção pacífica para chamar a atenção do Governo para um sector que se sente excluído dos mecanismos de apoio por causa da pandemia.

[ACTUALIZAÇÃO]: A AS esteve presente no Terreiro do Paço e a reportagem do evento pode ser lida AQUI.

A indústria dos eventos tem sido devastada pelo impacto da pandemia. Mais de uma centena de empresas responsáveis pelo serviço técnico de eventos em Portugal, que representaram uma facturação superior a 100 milhões de euros no ano passado, estão a viver o desespero e, como tal, uniram-se para formar a Associação Portuguesa de Serviços Técnicos para Eventos (APSTE).

O movimento pretende contribuir para a definição e regulamentação do sector e apoiar o desenvolvimento destas empresas, que representam mais de 1000 postos de trabalho directos e cerca de 3000 indirectos, entre os quais se encontram técnicos de som, iluminação, vídeo, riggers, stage hands, entre outros profissionais. Segundo um inquérito realizado pela APSTE durante o mês de Maio, 93% das empresas associadas não efectuou despedimentos até à data, mas 60% recorreu ao layoff. Além disso, e mais grave, 56% das empresas não têm liquidez para pagar os salários nos meses de Agosto e Setembro.

A APSTE realiza por isso este acto “simbólico”, no qual os profissionais irão fazer notar o seu descontentamento, usando os seus recursos técnicos – um ‘vídeo mapping’ reproduzido nas fachadas do Terreiro do Paço, com “imagens, vídeos e frases que reflectem o estado de espírito do sector e que demonstram e sustentam o apagão económico que o mesmo está a sentir”, disse Pedro Magalhães, presidente da direção da APSTE, em declarações ao site Notícias ao Minuto.

“Queremos chamar a atenção dos nossos governantes para a situação caótica que as nossas empresas estão a viver. Não temos trabalho. Não é que estejamos impedidos [de trabalhar], mas de facto não há trabalho”, prosseguiu Pedro Magalhães, realçando que esta acção pretende demonstrar o “estado de espírito, a angústia, o desespero” que o sector atravessa.

Esta semana foram abertas as linhas de apoio do Ministério da Cultura às entidades artísticas profissionais, mas o sector técnico não é abrangido por esta medida. “O nosso sector não é um sector cultural. E, sejamos sinceros, nós não estamos à procura de dinheiro de apoio”, referiu o responsável, que acredita que o regime de lay-off simplificado era o indicado para o sector, mas não é a única forma de poder ajudar. “As nossas empresas têm frotas muito grandes de viaturas, camiões, etc. Pedimos a suspensão do pagamento do Imposto Único de Circulação (IUC), que é muito pesado, e todas as nossas viaturas estão paradas desde Março e deverão estar paradas até ao final do ano”, disse, revelando ainda: “Tivemos uma audiência com a secretária de estado do Turismo e a resposta que tivemos foi que isso tinha que ver com fiscalidade e que na fiscalidade tinha sérias dúvidas de que se consiga fazer algo”.

A APSTE pede por isso a atenção do Ministério da Economia, uma vez que o Ministério da Cultura não é opção. “O Ministério da Cultura não olha para nós. Quando algumas actividades [culturais] começarem a funcionar, indirectamente elas chegarão a nós, de alguma forma, mas não somos abrangidos pelo Ministério da Cultura. Quando houve aquele espectáculo no Campo Pequeno, nós fomos a esse espectáculo e interpelámos a senhora ministra. Pedimos uma audiência ali no local, frente a frente, disse-nos que ficássemos descansados que iríamos marcar. Já passaram largos meses e ela nunca se preocupou sequer com o nosso sector”.

O manifesto da APSTE irá acontecer em simultâneo com uma acção idêntica em Inglaterra – e noutros países – com o nome Light in Red, por parte das empresas de audiovisuais, que consistirá em iluminar a vermelho vários edifícios em diversas cidades.

Em Lisboa, será criado um vídeo mapping nas fachadas do Terreiro do Paço onde será passado um vídeo composto por fotografias dos espaços vazios, armazéns cheios, empresas vazias e ainda as tais frases que reflectem o estado de espirito do sector. O Manifesto ocorre entre as 20h e as 22h e o vídeo mapping será reproduzido entre as 21h e as 22h.

“Queremos um dia voltar!” são as palavras de ordem para este manifesto, cujo teor podes consultar aqui.

Notas para participação

Local:Terreiro do Paço
Hora de chegada:19h
Manifesto:20h às 22h
* É obrigatório o uso de máscara e aconselhado o uso de roupa de cor preta, devendo os participantes fazerem-se acompanhar dos seus produtos de higienização pessoal e manter o distanciamento social.


arda