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IndieLisboa 2023: Dos CAN aos Clã, do Mali ao Brasil, de Earth a King Crimson ou Little Richard, conhece a programação do IndieMusic

IndieLisboa 2023: Dos CAN aos Clã, do Mali ao Brasil, de Earth a King Crimson ou Little Richard, conhece a programação do IndieMusic

Redacção

Para 20 anos de IndieLisboa, já são 17 de IndieMusic. Confere a programação completa da secção musical.

A 20.ª edição do IndieLisboa decorre entre os dias 27 de Abril e 7 de Maio, e irá levar o seu programa às salas do Cinema São Jorge, Culturgest, Cinemateca Portuguesa e Cinema Ideal.

Ao novo site do IndieLisboa juntou-se a nova imagem, lançados no primeiro de Março. A identidade visual de 2023 foi desenhada pelo designer e artista visual Gustavo Francesconi, do APOC Studio. Este ano, a secção dedicada ao encontro entre a música e o cinema regressa para mais uma edição que não aceita nenhum tipo de fronteira.

O IndieMusic deste ano abre com “Miúcha, a voz da Bossa Nova”. Neste filme, a cantora liberta-se das ideias que a reduziram a irmã de Chico Buarque, mulher de João Gilberto e colaboradora de Vinícius de Moraes ou Tom Jobim. As suas contribuições para o movimento da bossa nova são aprofundadas e acompanhamos a forma como a cantora navegou o seu casamento e tentou definir a sua carreira. O documentário de Liane Mutti e Daniel Zarvos procura os momentos em que Miúcha se sentiu irremediavelmente cantora, através do arquivo pessoal da artista, que reúne cartas, fotografias, vídeos e até aguarelas. Irmã de Chico Buarque, mulher de João Gilberto, desde cedo Miúcha fez parte do universo da música popular brasileira, trabalhando ainda com nomes como Tom Jobim ou Vinicius de Moraes. Um filme que resgata a perspectiva feminina deste movimento musical, revelando, na primeira pessoa, as dificuldades de se ser mulher no mundo do espectáculo dos anos 60 e 70. Para ver na Culturgest, dia 27 de abril, às 21h30.

Do Reino Unido, o mais recente documentário de “Anton Corbijn: Squaring the Circle (The Story of Hipgnosis)” leva para o grande ecrã a dupla de designers do estúdio inglês Hipgnosis, responsável por capas memoráveis de álbuns icónicos, num filme cheio de grandes figuras do mundo da música. A manipular fotografias desde antes do computador, a dupla tornou-se na grande criadora das identidades visuais dos artistas mais populares dos anos 70 como Pink Floyd, Led Zeppelin ou Paul McCartney.

A música portuguesa está representada pelos “Clã, Na Sombra – Parte 2″, em estreia mundial e “Na Sombra – Parte 1”, ambos de Joana X. O documentário em duas partes acompanha a preparação do mais recente álbum da banda, “Véspera”, cujo lançamento foi subitamente interrompido pela pandemia. Os dois capítulos fazem parte da programação do festival.

A viagem do IndieMusic continua até ao Mali. Markus C.M. Schmidt regista o trajeto que levou uma banda alemã até à costa do rio Níger, de forma a encontrar algumas das big bands históricas do Mali, como os Le Mystère Jazz de Tombouctou ou The Rail Band de Bamako, e músicos quase esquecidos dos anos 70, como Salif Keita dos Les Ambassadeurs, acabando a gravar um álbum em sua homenagem num estúdio improvisado em Le Mali 70.

A competição do IndieMusic 2023 traz ainda diversas bandas de culto às salas de cinema lisboetas. Os Neutral Milk Hotel e os Olivia Tremor Control são disso exemplo: “The Elephant 6 Recording Co.”, de C.B. Stockfleth, conta a história do colectivo que dá nome ao filme, partilhando a evolução criativa do seu rock psicadélico ao longo dos anos 90, que viu nascer diversos grupos musicais.

Também Lilly Creightmore leva-nos numa viagem ao mundo do psicadélico com “Trip”, onde acompanha bandas como The Black Angels ou The Brian Jonestown Massacre, numa verdadeira experiência sensorial. Num retrato mais íntimo, “CAN and Me”, de Michael P. Aust e Tessa Knapp, celebra a vida e o trabalho de Irmin Schmidt, membro fundador da lendária banda alemã CAN, desde os seus tempos de maestro, até à criação de bandas sonoras para filmes de Wim Wenders e Roland Klick.

Também em jeito de comemoração, e para homenagear os cinquenta anos dos britânicos King Crimson, Toby Amies rouba o título a um dos álbuns do grupo e apresenta “In the Court of the Crimson King”, o documentário: um filme cómico, mas também melancólico, sobre o que significa estar numa banda. Os 50 anos da banda vistos através da perspectiva muito presente do realizador Toby Amies que não se foca apenas em Robert Fripp, o controlador (e controlado) e genial líder da banda que exige a mesma dedicação dos restantes membros que impõe a si próprio. O documentário gira em torno de questões como o tempo, a morte e o poder da música e do virtuosismo, bem como a dedicação dos fãs, sem nunca perder o sentido de humor.

Realizado por Robert Fantinatto, “Subotnick: Portrait of an Electronic Music Pioneer” é precisamente aquilo que o título sugere: um documentário sobre o pioneiro da música electrónica Morton Subotnick que, entre o passado e o tempo presente, e através de entrevistas e actuações ao vivo, conta-nos a carreira deste fascinante compositor. Já Clyde Petersen, em “Even Hell Has its Heroes”, captura a essência enigmática dos Earth, cuja história poderia ter terminado cedo demais, ameaçada pelo abuso de drogas e o luto por Kurt Cobain, para sempre presente na dinâmica da banda de Seattle.

Haverá ainda um ciclo dedicado aos 50 anos do hip-hop, com curadoria de Sam the Kid- Para o ciclo, Sam the Kid, cinéfilo convicto, escolheu “Scratch, Beats, Rhymes and Life – The Travels of A Tribe Called Quest” e “CB4” como filmes representativos da cultura hip-hop. “Can I kick it?” é a pergunta e a música que mais facilmente podem vir à cabeça quando se fala de A Tribe Called Quest. Reconhecidos como os pais de todo uma nova faceta do hip hop, capazes de capturar a forma e a cultura daquilo que é suposto que este seja, com discos-feitos-para-festas, mas com uma consciência social. Este documentário conta a história da banda — das suas conquistas, inovações musicais e dramas — tecendo uma narrativa de múltiplas vozes.

“CB4” remete para “cell block 4”, o local prisional que uniu os personagens deste mockumentary sobre um grupo de rap totalmente fictional, com Chris Rock à cabeça, que satiriza sem misericórdia  aspetos do gangsta rap como o “This Is Spinal Tap” satiriza o comportamento de bandas rock e os documentários que os idolatram. O filme inclui os testemunhos paródicos de Halle Berry, Eazy-E, Butthole Surfers, Ice-T, Ice Cube e Shaquille O’Neal. «Uma excelente comédia satírica do rap do início dos anos 90, que tem muito de atual quando falamos de posturas incoerentes. Desde a crítica ao falso gangster até ao falso revolucionário, “CB4” é um filme marcante ao ponto do título do mesmo ter entrado para o léxico da cultura Hip Hop. Hoje, se dissermos que aquele grupo é “CB4”, queremos dizer que estão a tentar ser algo que não são, em prol de outros fins», explica Sam The Kid.

Por fim está confirmado “Little Richard: I Am Everything” que recupera as origens queer e negras do rock n’ roll através do incrível legado Little Richard, ícone complexo recém-falecido. Little Richard é tudo, e talvez isso tenham sido coisas a mais que nunca conseguiu conciliar totalmente. Este documentário revisita a vida de um homem que foi definida pelas músicas que criou e que mudaram o rock’n’roll americano. Mas também por uma luta interna, ao longo da sua vida, entre uma vontade irrepreensível de se expressar, sem se definir pela sua sexualidade ou pela cor da pele, e a sua religião.

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