Formados no País de Gales na década de 80 (1986), os alt-rockers Manic Street Preachers estão prestes a lançar o seu 14º álbum de estúdio. ‘The Ultra Vivid Lament’ estreia a 3 de Setembro em vários formatos (CD, vinil e digital). Eis tudo aquilo que podem esperar…
Os Manic Street Preachers regressam aos disco voltam com ‘The Ultra Vivid Lament’ a 3 de Setembro de 2021 via Columbia/Sony. ‘Orwellian’, o tema que já se conhece, mostra a banda na sua expressividade clássica, usando frases tão fortes como «Everywhere you look, everywhere you turn / The future fights the past, the books begin to burn», emolduradas entre forte melodia instrumental. Não será preciso muito para deduzir que a canção faz referência aos temas fundamentais dos romances de George Orwell – “O Triunfo dos Porcos” e “1984” são os mais celebrados.
A banda deixou algumas notas sobre a canção, aquando da sua estreia: «É sobre a luta para reivindicar significado, sobre o apagar do contexto dentro do debate, do sentido dominante do conflito de facções conduzido por plataformas digitais que conduzem a um estado perpétuo de cultura de guerra. Como acontece com muitas canções do disco, foi escrita ao piano por James Dean Bradfield. Musicalmente, faz eco dos ABBA, da majestade de Alan Rankine a tocar com os Associates e ‘It’s My Life’ dos Talk Talk com um solo de guitarra de Lindsey Buckingham. Pareceu a introdução sónica e lírica perfeita a ‘The Ultra Vivid Lament’».
‘The Ultra Vivid Lament’ é simultaneamente reflexão e reacção; um registo que olha isoladamente através de uma sala desordenada, embaciada por memórias muitas vezes dolorosas, para se concentrar numa janela aberta emoldurando uma paisagem cintilante de terra derretendo-se no mar e no céu sem fim. Por muito que se diga que a banda mudou, as coisas não são bem assim. Claro, já não existe a energia rocker dos dois primeiros álbuns, os sumptuosos ‘Generation Terrorirts’ (1992) e ‘Gold Against The Soul’ (1993), mas permanece esse sentimento de desapontamento com a sociedade, de tristeza e, ao mesmo tempo, um inabalável optimismo e sentido de coesão.
As onze canções de ‘The Ultra Vivid Lament’ casam perfeitamente introspecção, raiva silenciosa e melodias sublimes e irresistíveis. Esses elementos estão presentes por todo o lado, desde o zumbido ambiental que abre ‘Snowing In Sapporo’ até aos galopantes duetos imaginários de ‘The Secret He Had Missed, que imagina o diálogo entre os irmãos galeses Augustus e Gwen John; estão também na sublime contemplação que é ‘Diapause’ e no estoicismo optimista de ‘Happy Bored Alone’. Musicalmente, ‘The Ultra Vivid Lament’ é inspirado por um grande caldeirão de discos (ABBA, Roxy Music pós-Brian Eno, Echo & the Bunnymen, a era Fables of the Reconstruction dos R.E.M., etc.), embora o resultado final só pudesse ser a união única de James Dean Bradfield, Nicky Wire e Sean Moore, colectivamente uma dos mais consistentemente substantivos grupos alt rock do Reino Unido durante mais de três décadas…
Há uma cisão com o seu último lançamento (‘Resistance is Futile’, 2018). ‘The Ultra Vivid Lament’ é o primeiro álbum dos Manic Street Preachers concebido desde o início ao piano e não à guitarra. Foi gravado no Inverno de 2020/21 no País de Gales, no Rockfield, em Monmouth, e no estúdio Door to the River, em Newport, com o colaborador de longa data Dave Eringa (The Who), antes de ser misturado por David Wrench (Blossoms, Frank Ocean, Arlo Parks).
O álbum conta com dois vocalistas convidados: Julia Cumming (Sunflower Bean) em ‘The Secret He Had Missed’ e Mark Lanegan em ‘Blank Diary Entry’. O pre-order pode ser feito aqui. A banda está já a agendar a digressão de suporte ao disco, ainda sem qualquer data apontada ao nosso país. A última vez que os vimos foi na sua passagem na edição de 2019 do Vilar de Mouros.
