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Misty Fest 2023: Carlos Maria Trindade apresenta o seu novo trabalho em Coimbra, Porto, Torres Novas e Lisboa

Misty Fest 2023: Carlos Maria Trindade apresenta o seu novo trabalho em Coimbra, Porto, Torres Novas e Lisboa

Comunicado de Imprensa

O fundador dos Heróis do Mar e músico dos Madredeus apresenta o seu novo álbum “Vitral Submerso” em piano solo.

Carlos Maria Trindade é a nova confirmação do Misty Fest, onde vai apresentar o seu novo trabalho em Coimbra no dia 7 de Novembro (concerto duplo com Rodrigo Leão – Piano Para Piano), no Porto a 11 de Novembro, a 18 em Torres Novas (concerto duplo com Rodrigo Leão – Piano Para Piano) e por fim, no dia 21 em Lisboa.

Esta é a história de um regresso às origens. É também o título de um concerto para piano solo, bem como de um disco que deverá sair até ao final deste ano de 2023.

Os bilhetes para os concertos já estão disponíveis, aqui.

 

O músico conta que “Quando tinha 5 anos de idade, acompanhei o meu pai a um leilão de antiguidades onde se encontrava um velho piano vertical de fabrico francês e armação de madeira. Abri a tampa e comecei a tocar as “Pombinhas da Catrina” com um dedo da mão direita. O meu pai murmurou: “O miúdo tem jeito. Tenho de o pôr a estudar música.” E comprou o piano.

Aos 9 anos entrei para o Conservatório da Rua dos Caetanos e foi assim que comecei a minha aventura pianística. No entanto, os duros métodos pedagógicos da altura não me conquistaram e era penoso ter de estudar diariamente num piano que nem sequer afinava. Aos 16 anos tomei contacto com o Rock Sinfónico e comecei a apaixonar-me pelos teclados eléctricos. Consegui comprar um órgão Yamaha de dois teclados e pedaleira e entrei num grupo que tocava em convívios de liceu. Estávamos nos princípios dos anos 70. A partir daí rendi-me aos sintetizadores que começavam a sair nessa altura e nunca mais quis saber do piano… até ao dia 30 de Março de 2018, quando o quarto de cauda chegou ao meu estúdio.

Carregado por quatro homens, o pesado móvel dá entrada na sala que para ele foi concebida há 11 anos e que, desde essa altura, o espera. Sem pernas, pesadíssimo, entra pela porta mais larga. Eu próprio ajudei a colocar uma espuma no chão para que não riscasse o parqué. Comovido, dou-lhe as boas vindas com um olhar silencioso, tentando esconder a minha excitação, ciente de que estes homens fazem disto a sua vida e estão apenas concentrados em acabar mais um transporte, como tantos outros. Enquanto um deles atarracha as três pernas, decido da sua colocação na sala. Endireitamo-lo e aí está ele: o Grotrian-Steinweg quarto de cauda fabricado em 1920 está de pé. Negro e, por enquanto silencioso, já se percebe que a sala é dele.

Depois de uma pequena conversa de circunstância, os homens despedem-se e desaparecem na direção da carrinha. Fecho a porta. A tarde está fria e chuvosa e, cá dentro, admiro a nova paisagem: um piano no meio do salão de xisto e pedra. O sonho tornado realidade. Os gatos aproximam-se para inspecionar o novo objeto e os cheiros que dele se desprendem. Rondam cuidadosamente o enorme vulto até que o Persa salta para o tampo e aí fica, usufruindo do inédito ponto de observação. Alguns pêlos espalham-se pela superfície luzidia e tomo consciência de que, a partir de agora, sou possuidor de um objeto ao qual é preciso limpar o pó regularmente.Desde esse dia, comecei, para além de limpá-lo, a compor para ele. O resultado dessa aventura solitária está no som destas peças, que vagueiam numa espécie de neoclassicismo assumido, fruto de sentimentos variados e de uma vida musical já bastante longa.”