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Trent Reznor vs. Marilyn Manson

Trent Reznor vs. Marilyn Manson

Redacção

Trent Reznor viu um infame episódio ser recuperado à luz do escândalo que envolve Marilyn Manson e defende-se recordando que cortou todos os laços com este há mais de duas décadas.

Esta semana explodiu enorme polémica em torno de Marilyn Manson. O músico foi acusado pela sua antiga noiva Evan Rachel Wood de abusos sexuais e, rapidamente, várias mulheres juntaram a sua voz a essas acusações, corroboradas pelo tour manager de Manson, Dan Cleary. Com todo o direito à presunção de inocência, Manson viu-se, contudo, abandonado pela sua editora e com exigências de que as acusações sejam alvo de investigação do FBI.

E com a passagem dos dias a polémica vai subindo de tom, com mais compromissos profissionais a caírem (por exemplo, o artista será removido da série televisiva “American Gods”) e com mais vozes a manifestarem-se contra o comportamento de Manson.

Trent Reznor, no passado amigo e colaborador do músico, emitiu um comunicado garantindo que Marilyn Manson abusou da sua confiança para proveito próprio, para apimentar a sua autobiografia editada em 1998. Em “The Long Hard Road Out of Hell”, Manson inclui um controverso episódio, no qual conta que ele e Reznor abusaram mental e sexualmente de uma mulher embriagada nos anos 90.

Trent Reznor, agora que a recente polémica trouxe novamente à baila o episódio, defende-se: «Há muito tempo que tenho sido bastante claro sobre o quanto desgosto de Manson enquanto pessoa e cortei todos os laços com ele há cerca de 25 anos. Como referi na altura, essa passagem nas recordações de Manson é uma invenção pegada. Fiquei furioso e ofendido quando foi publicada e assim me mantenho até hoje».

No livro escrito por Manson e Neil Strauss, que já tem várias passagens a circular nas redes sociais, nomeadamente no Twitter, são contados episódios sobre Reznor, que assinou Manson para a sua editora Nothing Records e produziu o álbum “Portrait of an American Family”, trabalho de estreia de Marilyn Manson em ’94. A infame passagem é, alegadamente, parte não publicada de uma entrevista à publicação já extinta Empyrian Magazine.

A entrevista nunca foi publicada porque alguns conteúdos foram alvo de objecção por parte «da editora da Empyrean, a Centaur Enterprises, que acreditava que a revista havia seguido procedimentos deontologicamente inadequados para obter informação sobre o Sr. Manson», diz-nos o livro.

Quando Manson foi questionado, pelo jornalista da Empyrean, como começou a trabalhar com Reznor, foi contado o referido episódio. De acordo com o livro, tudo aconteceu na noite anterior a Reznor ter proposto assinar Marilyn Manson para a sua editora. O frontman dos Nine Inch Nails, que trabalhou também no aclamadíssimo “Antichrist Superstar”, em ’96, referiu à Mojo, em 2009: «Ele [Manson] é um tipo malicioso e irá cruzar qualquer linha de decência e pisar qualquer um para obter sucesso. Ao vê-lo agora, o álcool e as drogas controlam a sua vida e tornou-se num palhaço drogado».

Já em 2017, Manson afirmava que tinha feito as pazes com Reznor. «Na verdade, foi ele que me enviou um email, de certa forma tínhamos resolvido algumas coisas através do Tyler Bates [produtor e colaborador de Manson], por estranho que pareça. Então, no mail, ele escreveu algo como ‘Irrita-me que a música já não seja algo perigoso e isso recorda-me de quão bons éramos, tal como era aquela época».

Mantendo todo o direito de presunção de inocência de Manson, a verdade é que o lodo vai aumentando e está a sujar muita gente. No caso de avançar mesmo uma investigação federal, não parece que, mesmo tendo razão, Reznor passe por tudo isto sem ter o seu passado escrutinado…

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