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Violino de Paganini é alvo de um raio-X para revelar o segredo do seu som

Violino de Paganini é alvo de um raio-X para revelar o segredo do seu som

Rodrigo Baptista

Cientistas franceses estão a fazer vários testes ao famoso “Canhão”, um Guarneri do séc. XVIII, para determinar as causas do seu som poderoso.

Um grupo de cientistas franceses fez um raio-X ao violino favorito de Niccolò Paganini para compreender quais as causas do seu som extremamente distinto.

O violino em causa foi construído pelo lendário luthier de Cremona Giuseppe Guarneri, em 1743, e é hoje em dia um dos mais famosos e valiosos em todo o mundo. Para uma recente viagem  pelos Alpes, entre Génova e Grenoble, o instrumento foi alvo de um seguro de 30 milhões de euros.

A história do violino começou a ganhar vida quando este foi emprestado por Livron, um empresário francês e violinista amador, a Niccolò Paganini, após este último ter perdido o seu Amati numa aposta.  Porém, depois de ouvir o som incrível que Paganini conseguia produzir no instrumento, recusou aceitá-lo de volta e ofereceu-lho.

Com um som explosivo e poderoso, o violino, que acompanhou Paganini para o resto da sua vida, acabaria por ser apelidado de “Il Cannone” (“O Canhão”).

Com a origem do seu som guardada no segredo dos deuses, agora, um grupo de cientistas franceses decidiu realizar uma série de testes. Desta forma, e para compreender as complexidades do instrumento, o violino foi colocado numa caixa transparente enquanto investigadores do Centro Europeu de Radiação Síncrotron (ESRF) disparavam raios- X especiais “não destrutivos” contra ele.

O intuito desta experiência é descobrir detalhes não visíveis a olho nu da estrutura da madeira para saber mais sobre ela. Por enquanto ainda não existem resultado, visto que estes levam vários meses para se materializarem.

Outra experiência que os cientistas irão realizar está ligada a uma técnica inovador que gera uma renderização 3D hiper detalhada do violino, com a possibilidade de ampliar uma área do tamanho de um mícron – um milésimo de milímetro.

Segundo Luigi Paolasini, a cientista que está a liderar o projecto no ESRF, estas técnicas inovadoras «abrem novas possibilidades para investigar a conservação de instrumentos musicais antigos de interesse cultural, como ponto de cruzamento entre música, história e ciência.»

Já o seu colega Paul Tafforeau refere que «O primeiro objetivo é a conservação. Se alguma falha precisar de ser reparada, teremos todos os detalhes. É um instrumento excepcional em termos de qualidades sonoras. Com esses dados esperamos entender melhor o porquê.»