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Viriatada Julho #1: Moullinex, damn sessions, Regula, Paulo Praça, Entre Outros

Viriatada Julho #1: Moullinex, damn sessions, Regula, Paulo Praça, Entre Outros

Redacção

Mais uma semana, mais uma ronda de Viriatada, o espaço que a AS dedica aos lançamentos da música portuguesa.

A música nacional merece ser partilhada. Existem novos lançamentos todos os dias, todas as semanas, todos os meses, e qualidade é coisa que não falta! A nossa rubrica Viriatada reúne alguns dos destaques da música portuguesa todas as semanas. Poupamos-te o trabalho, só tens de visitar a Arte Sonora, conhecer, ouvir e partilhar.

MOULLINEX – “Inner Child”// Depois do lançamento do álbum “Requiem for Empathy” e a sua apresentação esgotada tanto em Lisboa como no Porto, Moullinex desvenda agora o vídeo de um dos temas mais escutados do álbum, guiado pela voz de GPU Panic. O videoclipe de “Inner Child” é captado por Daniel Soares, num enredo sénior e um regresso à juventude. É através da voz de GPU Panic que este tema tanto vive numa pista de dança como nos proporciona uma introspecção profunda ao ser ouvida nos auscultadores. É nesta dualidade que o vídeo de Daniel Soares se apoia, onde três personagens seniores revivem a sua juventude. «Escrevi o guião para este videoclipe há um ano atrás, mas filmar com septuagenários e octogenários durante uma pandemia trouxe alguns desafios, e por isso adiamos até que as vacinas chegassem e pudéssemos ter a certeza de que beijar estranhos seria seguro novamente. O processo de seleção do elenco também foi demorado pois estávamos à procura de três atores bem específicos. Admiro a música de Moullinex e quando ouvi “Inner Child” as imagens para o vídeo surgiram automaticamente na minha cabeça. Defendo a ideia de que não se faz um filme, o filme já existe e nós só o temos de encontrar e refinar as ideias. Através do elenco, do reconhecimento, dos ensaios, descobri mais do que a história realmente poderia ser. Foi tudo um processo muito orgânico.» – conta Daniel Soares, fotógrafo e videógrafo português que cresceu na Alemanha e que vive atualmente em Nova Iorque. O seu trabalho é reconhecido pelos visuais cinematográficos fortes e narrativas honestas que capturam as nuances da vida real e a bela melancolia da humanidade. Já passou pelo International Center of Photography e já ganhou vários prémios internacionais como o “Young Guns”, em 2017 – prémio concedido pelo Art Directors Club de Nova Iorque em reconhecimento da «vanguarda dos profissionais criativos com menos de 30 anos».

DAMN SESSIONS – damn sessions // Depois do lançamento de “Laura”, no passado mês de Maio, urge a hora de mostrar ao mundo damn sessions. O primeiro disco dos damn sessions é o companheiro das grandes e pequenas travessias. Das inquietantes, das relaxantes, das feitas à luz da lua, das feitas com o brilho quente do sol, das nostálgicas e das rejuvenescedoras. Acima de tudo é fiel e vai dar-nos a mão seja qual for o sentido por onde caminhemos. Este homónimo tem o selo da Raging Planet e traz com ele uma poética algo romantizada na busca do conforto na melancolia. Com uma atmosfera densa e fumarenta, as 11 músicas que o compõem transportam em si o breu alaranjado de um fim de tarde no deserto, o desencanto sensual de um pub solitário com portas de madeira antiga e, ainda, o agridoce de um trago de bourbon. As linhas sonoras cruzam-se entre Cohen, Cash, Scott Kelly e até um Lemmy em modo ternurento, se é que isso seja possível de imaginar. Fred Gracias juntou-se ao quarteto como produtor, instrumentista e técnico de som para registar em áudio as 11 histórias que compõem este primeiro longa duração que conta, ainda, com a participação de Vicente Santos (teclados), Ben Solheim (Fiddle e Slide Guitar) Bruno Arruda (Vozes) e com o contributo de Pedro Coelho (ex Guitarrista de Damn Sessions) na guitarra.

GARCIA – “O Famigerado Quebra-Corações”// “O Famigerado Quebra-Corações” é o primeiro single de avanço do próximo trabalho de estúdio do músico e compositor lisboeta, que chegará em Setembro de 2021. Este novo disco é um tributo de Garcia aos que escrevem e compõem, aos autores, mas também a quem escuta e sabe escutar canções. É uma viagem às primeiras memórias de curiosidade em conhecer quem está por de trás das criações, de descobrir as suas motivações, inspirações. Garcia, vê na música a missão de preservar e continuar o legado dos cantautores da canção portuguesa. “O Famigerado Quebra-Corações” é uma homenagem a um dos grandes autores nacionais, Carlos Tê. Este novo e primeiro single é uma espécie de limpa-corações, um espécime genuíno que caminha em ritmo de blues, cheio de ginga, a galantear o coração alheio com o seu ar perdido, a sonhar em todo o lado, sempre a espalhar amor e a provocar emoções. O vídeo deste primeiro single, com realização de Ana Ladislau e Joanna Correia, conta a história de uma personagem imaginada por Garcia, na qual se revê e que pretende mostrar o feliz reencontro com um dos lados do seu ego, como Fernando Pessoa se (re)encontrava com os seus heterónimos. Garcia, ao longo dos anos atuou quase sempre ao lado daquele que é considerado um dos maiores virtuosos guitarristas de sempre em Portugal, Phil Mendrix, onde partilhou o palco com muitos e renomeados artistas, desde Jorge Palma a Camané, e colaborou com Rogério Charraz, Yara Gutkin, Pedro Branco, entre tantos outros. Diariamente veste o fato de gestor e financeiro, mas a música, sempre uma necessidade, e com o ano pandémico instalado, gerou em si um enorme sentido de urgência de partilha. E agora, passados sete anos desde o seu primeiro trabalho de estúdio, e sem mais tempo a perder, apresenta o seu segundo álbum a sair brevemente.

TEKILLA – “Olhos de Vidro”// Tekilla, nome incontornável do hip hop português, com uma longa carreira que o liga a uma das primeiras vagas de MCs nacionais, acaba de editar o novo e quarto disco de estúdio “Olhos de Vidro” com a produção de Fred Ferreira e as participações especiais de Amaura, Ana Semedo, Dino D’Santiago, Papillon, Sara Soulfull e August Bernard, já disponível em todas as plataformas digitais. O artista de hip hop preparou para este disco, juntamente com o videógrafo Francisco Gomes, um visual álbum, oferecendo aos fãs vídeos para as 15 faixas que compõem este trabalho de estúdio, disponíveis no seu canal oficial de YouTube. Ao longo dos anos, Francisco Gomes foi registando em vídeo, diversos momentos do quotidiano de Tekilla, Telmo Galeano, no triângulo em que se move, na música, no skate e na moda, e que deram origem aos videoclipes de todos os temas que fazem parte do disco “Olhos de Vidro”. Este álbum marca o regresso de Tekilla às edições discográficas, a primeira em quase uma década, e que faz uma retrospectiva musical que começa com a sua primeira mixtape em 1995 até aos dias de hoje. A busca por novos caminhos neste trabalho foi um processo que exigiu tempo, com produção de Fred Ferreira (Orelha Negra, Buraka Som Sistema, Banda do Mar), e que conseguiu juntar velhos conhecidos como Dino D’Santiago, Ana Semedo mas também sangue novo, como Papillon, Amaura, Sara Soulfull, August Bernard. Este é um disco que já não é só Hip Hop, bebe das influências lusófonas de Telmo Galeano (Tekilla), com raízes em Angola e que explora a Afro Pop, a Soul, a RnB, e ainda cruza gerações diferentes do Hip Hop, pondo lado a lado a nova e a velha escola.

MONTANHA MÁGICA – “Ana Cláudia”// Na Montanha Mágica, Hugo Costa e Rui Freire partilham entre si a voz, os instrumentos e a composição de todas as músicas. Conheceram-se num concerto pop-up numa garagem. Tocaram juntos nos dR. estranhoamor, mas seguiram caminhos separados, colaborando com nomes como Rita Red Shoes ou Márcia. Uma vida e muitas aventuras musicais depois, resolveram juntar Beach Boys e um amor de Verão, cozinhar tudo num vídeo infantil e apresentar-nos a “Ana Cláudia”, o single de estreia da banda. O nome escolhido para este projecto de referências inusitadas foi Montanha Mágica, ou não vivêssemos tempos um tudo nada semelhantes aos que inspiraram Thomas Mann. O livro de Mann é uma alegoria para a loucura de uma burguesia abastada nas vésperas da I Guerra Mundial. Há hoje, também, um certo desespero causado pela abundância. E isso vê-se nas relações. “Ana Cláudia” fala sobre isto: esta procura interminável nos outros de uma cura para nós próprios. O vídeo que apresenta a música – feito em stop motion e com tubarões e polvos voadores – foi realizado pela própria banda, que fez todos os desenhos e animações, dando nova vida a pedaços de cartolina sem aparente utilidade. O single de estreia “Ana Cláudia” já está disponível no Spotify, no Amazon e no Bandcamp da banda.

BABY Jr. – “Filhos de Deus”// O artista portuense Josias Varela, conhecido no mundo da música como Baby Jr. está de volta com o seu primeiro tema em 2021, Filhos de Deus, um lançamento surpresa que tem como objetivo causar impacto imediato na cena musical da cidade do Porto. Já conhecido pelas faixas e diferentes projetos que abordam o passado do artista e das várias vivências em plena cidade Invicta. O tema está disponível no YouTube e conta com a participação especial de Xaxxa.

HERLANDER – “Gisela”// Este avanço do LP de debute de Herlander, apontado para a rentrée – é um crossover denso entre o experimental e o popular, com o melódico e o caótico a lutar pelo seu direito de fala, contando delicadamente uma conflituosa estória que entrou pelos olhos e continua a voar pelos dedos e boca de Herlander. «Não sei escrever sem contar histórias e esta não foi exceção. No vídeo, executado com o incrível Guilherme Braz, não procurava excentricidade, não só para realçar a do som, como também queria encontrar a personagem desta rotina num antónimo do que eu faria, enterrando-me numa simplicidade complexa e contando a história do alter-ego que incorporo no vídeo, recheada de abuso de substâncias e comportamentos erráticos, que batizei de “Manny”. Ao fazer um tema tão hiperativo sobre um assunto que pode ser lido como pesado, não queria tomar uma estereotípica posição destrutiva e depressiva, mas sim tentar vestir a mente de alguém que não procura salvar-se da sua autodestruição, que não vê a situação como nefasta ou que talvez esteja apenas divertir-se. Na narrativa de “Gisela” queria também trazer ao ouvinte a possibilidade de interpretar a história sem a minha perspetiva estar estampada no som e vídeo como um juízo de facto: nem todos os episódios de pessoas que consomem são destrutivos e nem toda a destruição é só um episódio.», explica Herlander em comunicado.

MARGARIDA VASCONCELOS – “Tentei”// Margarida Vasconcelos é uma música autodidata. Iniciou-se ao piano e guitarra “​tenho muitas músicas compostas ao piano, diria que 70% do material que tenho é composto ao piano”, diz-nos em comunicado. Dos ensaios em casa até à plataforma do YouTube, onde tem conseguido cada vez mais seguidores, foi um processo. «A vontade de compor surgiu desde muito cedo mesmo antes de começar os primeiros vídeos para o YouTube mas na realidade foram eles que me deram super entusiasmo para lançar material meu, era um dos comentários mais frequentes:“ para quando originais?” Muito do meu público no YouTube, até diria a maioria, fala em inglês então eu estava um pouco reticente ao lançar o meu primeiro single em português tinha medo que não fossem ouvir. Mas na realidade tive um feedback fantástico…». “Tentei” é o seu mais recente single que podes ouvir e ver no player. A produção ficou a cargo de Levi Soares dos Twenty-One Studios.

THEO – The World is not the same// Ouve o primeiro single de avanço retirado do segundo disco de Theo, com data de lançamento prevista para dia 17 deste mês. Theo fez no passado mês de Maio o seu concerto de estreia, para plataforma da Câmara Municipal de Guimarães, EMGUIMARAES.PT. Uma estreia ainda sem público mas num local lindíssimo com uma magia própria, o ponto mais alto da cidade de Guimarães, o PioIX na Montanha da Penha, que pode ser visualizado, aqui.

GHOST BOX – “mid year meditation”// “mid year meditation” é a mais recente faixa de Ghost Box e corresponde exatamente ao que o seu nome indica: uma meditação a meio do ano. O artista olha para este seu sexto passo do seu próximo trabalho como um resumo desta primeira parte de 2021 e dos passos dados nesse período, mas que também olha em direção ao seu passado para refletir sobre a sua evolução enquanto artista e pessoa. «E sem darmos conta já estamos a meio de 2021.”, refere o artista. «O resultado desses pensamentos e devaneios está à vista em “mid year meditation”. A música evolui como se de um pensamento se tratasse. O instrumental soa, nostálgico e espaçoso nos seus sintetizadores, como um guia que vai fazendo as ligações entre os pensamentos que vão surgindo na mente do artista, refletidos através das barras que vai ditando. É uma faixa pessoal, ora.» Ao mesmo tempo que olha para o seu passado – pelos tempos que queria ser astronauta e fazer filmes – Ghost Box prepara o seu futuro e abraça os desafios que vão surgir para continuar a crescer. O artista conclui: «Cresci e mudei, mas para melhor acredito. Acho que se em 2006 conhecesse o meu eu de 2021, estaria orgulhoso de mim. Não por ter concluído todos os meus objetivos, mas por ter encontrado novos que me deixam mais entusiasmado pelo que tenho pela frente.»

JUBILEE – “Crush!// Crush!” é o EP de estreia de Jubilee, projeto musical que marca a estreia, a solo, de José Manuel Gomes, músico e baterias de This Penguin Can Fly. A homenagem à década de 80 é sentida do primeiro ao último segundo, numa atmosfera dançável, que nos é guiada através dos sintetizadores, beats e baixos que nos remetem para a synthpop e retrowave características destes anos. Com fortes influências no NU-Disco, a sonoridade dos 80’s alia-se às paisagens fictícias das praias de Miami e de Venice Beach, por onde deambulam pensamentos, pessoas, cenários, máquinas de arcada e referências cinematográficas da cultura norte-americana. O EP é nos apresentado da seguinte forma: «Crush!” é isso mesmo: uma vénia à cultura norte-americana da década de 80, por alguém que a interpreta de uma forma empírica, numa infância já longínqua, e, ao mesmo tempo, que a imagina e (re)cria em cenários onde só a imaginação e a saudade nos pode levar. Imaginamos o calçadão corrido com patinadores, junto à praia, o breakdance até ao pôr-do-sol, noites quentes que nos levam para uma qualquer festa num terraço dum arranha-céus, repleto de luzes neon ou até das inúmeras perseguições policiais, à chuva, que tantos filmes, por esta altura, nos deram. É a arte e a cultura urbana que se fundem com a música, com a estética da moda e que nos criam estímulos visuais, através duma toada NU-Disco, que nos transporta até 1984 e nos faz querer ficar por lá.»

JOHN BLACK WOLF & THE BANDITS – Until The Dark is Gone// Diogo Lima, músico portuense lançou em 2019 o seu primeiro álbum a solo como John Black Wolf. Os dois singles ‘The World Parade’ e ‘Masters of Time’ chegaram este ano às plataformas digitais através da Farol Música. Temas incluídos no álbum “Until The Dark is Gone”. «Neste disco vamos descobrindo camadas de um imaginário do Tarantino, de um filme de fantasia, uma peça de um clássico musical, letras que nos levam a lugares, a sensações e a histórias do nosso imaginário, despedidas e união. Não deixando de lado a crítica social e política. Com refrões viciantes, arranjos cuidados num disco novo e intemporal que não descuram o berço do rock ’n’roll nem a descoberta de novas linguagens musicais.», refere o comunicado. “Father, Son and The Holy Spirit” é o novo single de apresentação o álbum. John Black Wolf & The Bandits estarão de regresso aos palcos para apresentar ‘Until The Dark is Gone’  no Hard Club (Porto) a 18 de Setembro.

DUARTE PAPEL – “Tanta Pressa Pra Quê?”// Duarte Papel está de volta com o novo single “Tanta Pressa Pra Quê?”, um hino à descontração, ao pensar mais em nós mesmos, ao viver tempo de qualidade. Um lembrete para a necessidade de desacelerar, viver o presente e aproveitar o momento. Numa altura em que o mundo está em constante movimento e as prioridades parecem trocadas, Duarte Papel canta uma verdade muito refrescante:
“Enquanto não acaba / Passa tão depressa / Vou aproveitar / Enquanto dura”. «Desde Led Zeppelin a Dua Lipa, “Tanta Pressa Pra Quê?” reveste a sua sonoridade com grandes influências que marcaram o auge da guitarra eléctrica nos anos 70, até às sonoridades e batidas Disco/Dance/Soul que marcaram os anos 80, culminando numa lufada de ar fresco bem ao estilo Pop da actualidade. Uma música descontraída e ligeira, boa para mexer o esqueleto.» Foi produzido pelos Holygrail e masterizado por Miguel Pinheiro Marques (Arda Records) e está disponível em todas as plataformas online com o selo Throwing Punches.

VRDASCA –  “Mal Böre”// Beats que são como blocos de um sólido muro sonoro. Graves que se erguem do subsolo. Seres estranhos sensíveis à luz solar que saem debaixo das pedras quando o último candeeiro se apaga. Que mundo é este e quem o ousa? É o primeiro tremor de Vrdasca, produtor filho da era digital sem limites de género entre a matriz electrónica do hip-hop, a gravidade da cultura bass, a ficção cinematográfica e os mapas de 8 bits. Nesse atlas assumido de auto-reconhecimento, há inúmeras hipóteses e hiperligações. “Mal Böre” é um laboratório digital de técnicas e processos. Um primeiro portefólio de alguém que conhece melhor as paredes do estúdio do que o rosto dos vizinhos. Quem está familiarizado com este exercício de busca eterna pela tarola perfeita ou pelo bombo certeiro sabe o quão exaustivo e solitário pode ser. São muitas horas de tentativa e erro, até chegar ao som idealizado, mas a estreia de Vrdasca não se esgota na conexão com a máquina. Procura compreender o outro. “Mal Böre” é uma referência a Malebolge, que simboliza o oitavo círculo no Inferno da Divina Comédia de Dante, não se tratando de um conjunto de produções soltas, unidas por um arco temporal, mas sim de um ciclo instrumental preenchido por samples de narradores da decadência. A cada peça deste puzzle sonoro corresponde um pecado mortal. Sete páginas de um catálogo de desumanidade, reveladoras da insuspeita atracção de Vrdasca pela morbidez. Em linguagem clássica, é um EP conceptual, ilustrado visualmente por uma estética renascentista, mas pode ser também uma experiência científica de um produtor à procura de aconchego para sossegar os seus demónios. Ou uma insónia vencida a desbravar galáxias infinitas. Pedaços de futuro por nomear, sem referência espacial, como uma viagem nocturna pelas estradas desertas do Ribatejo. Enquanto ponto de partida, “Mal Böre deixa tudo em aberto mas é assumidamente uma declaração de intenções. Está aqui um produtor com visão transversal e capaz de contar histórias sem dizer uma palavra. “Mal Böre” é o auto-retrato instantâneo de quem gasta tanto tempo a explorar propriedades do Ableton como à procura de explicações para os porquês, movido por um mesmo credo.

FILIPE SANTOS – “Olhos nos Olhos”// Filipe Santos divulgou o seu terceiro single de avanço ao novo disco, “Olhos nos Olhos, Lábios nos Lábios”, música que foi
lançada em 2013 como single de divulgação do seu trabalho discográfico “Íris”. Este single vem no seguimento da divulgação dos singles “Por tudo o que és” e “Não me deixes por aí”, lançados no primeiro dia dos meses de Maio e junho respetivamente, como forma de anunciar o seu quinto álbum em nome próprio, “Acústico – Filipe Santos”, que irá ser divulgado no último trimestre do corrente ano. “Acústico – Filipe Santos”, é fruto de um concerto ao vivo, intimista e “à luz das velas”. Sendo este uma viagem que nos leva a percorrer o trajeto realizado ao longo dos últimos 18 anos, moldando o repertório elétrico anteriormente apresentado nos 4 discos anteriores. No primeiro dia de cada mês, irão ser divulgados em todas as plataformas streaming, no canal do YouTube oficial e nos perfis do instagram e facebook, singles de avanço a este novo álbum.

MARCELO DOS REIS – “Glaciar”// “Glaciar” é o mais recente álbum de Marcelo dos Reis, sendo o quarto de oito discos que o músico lança em 2021 e marca também o arranque da Miria Records, uma editora que permite assim ao guitarrista editar os seus trabalhos mais pessoais de uma forma totalmente independente. Foi Inspirado pelos glaciares durante uma residência artística nos Alpes Suíços. Este novo álbum representa uma nova abordagem do músico, uma viagem lírica de forte componente cinemática, onde as composições refletem o espaço e som de uma movimentação milenar.

SMOKEDFALMON – “Entretanto” // Smokedfalmon é o ser que vive dentro de Nuno Falé, nascido debaixo de uma pedra no início dos anos noventa, perdido na sua imaginação desde então. Manifesta-se como um projecto de música a solo onde mistura melodias de guitarra com sons etéreos e percussões marcadas, inspirado por experiências vividas em viagens profundas dentro do reino psicadélico, encontrando assim uma forma mais pura e directa de lidar e expressar o seu fado. Aqui, enquanto se moldam paisagens e ambientes sonoros que carregam em si a catarse emocional deste ser, fica o apelo à vulnerabilidade da introspecção e dá-se espaço para que nos possamos encontrar e crescer juntos. Este EP não fazia parte do plano… Até que numa cadência de eventos inesperados, surge nos fundos de uma cave lisboeta o convite de um complô alienígena embriagado, para juntar uns sons e enviá-los para um lugar onde o olhar atento dos impostos não penetra. Como consequência, sai uma compilação de músicas que foram surgindo no interlúdio dos dias que correm a passar, sons pescados num vasto mar de ideias acumuladas num disco rígido, no meio do stress quotidiano que não tende a dar descanso, nem quando forças virais parecem trazer um abrandamento divino às mentes mais inquietas. Este é um pequeno registo áudio do que se passou na cabeça de SmokedFalmon entre pausas do café, horas de almoço e longas esperas no trânsito.

STACCATO LIMÃO – “Bordel (part I & II)”// Staccato Limão vão editar ainda este ano um novo álbum. “Bordel” é um dos singles de avanço foi misturado por Guilherme Gonçalves nos Black Sheep Studios e é descrito da seguinte forma pela banda: «O Nick Cave, o Leonard Cohen e o Tom Waits entram num bar… Se esse bar fosse no Cais do Sodré, em 1985, sairiam de lá a trautear esta música. Bordel, é a música que dedicamos a quem “espreme gota a gota o resto de escravo que em si persiste” e que tem tantas dimensões quanto as homenagens que com ela fazemos: A homenagem ao Italian Disco dos sintetizadores Elka, que animaram tantas mantinés por esse país fora. Aos Trio Odemira que recentemente nos deixaram órfãos. Ao Twin Peaks, que melhor que nenhuma outra série explorou o aspecto tragicómico do lado negro do nosso espírito. Em resumo, é simplesmente uma música sobre amor e empatia. E de como só isso nos poderá salvar de todas as coisificações de patrimónios que não deveriam ser mercadejáveis, que vão do corpo à alma, até à própria cultura.»

REGULA – “Besta (o teu melhor amigo)”// “Besta (o teu melhor amigo)” apresenta-se como título da nova faixa do rapper português e conta com o featuring de NBC e a produção ficou a cargo de Filetes, também ele responsável pelo single “Júlio Cesar”. O novo tema de Regula faz parte do álbum “Ouro Sobre Azul”, que o rapper tem apresentado de tempos a tempos, com singles que abanam o panorama nacional. “Futre” tinha sido o último registo lançado antes de “Besta” e teve recentemente uma nova versão, desta feita com Regula acompanhado pelo filho (Santinho) numa versão exclusiva para a rúbrica “Pela Primeira Vez”, de Sam the Kid, na rádio Antena 3. 

T-REX – “É Assim” // É Assim” e “GUUD” são os mais recentes singles de T-Rex. “É Assim” é um tema «cheio de originalidade, esperança e boas energias consoante reflecte o video produzido pela We The Gang Records e realizado por Clout. “GUUD” saiu em formato de visualizer, também realizado por Clout, e é uma tema de RnB que contrasta com o tema anterior, que demonstra a sua versatilidade e vem confirmar que estamos perante uma das grandes promessas da música portuguesa.» Depois da ascensão em 2020 com o lançamento do EP “Gota D’Espaço“, do single “Tinoni” (single de Platina) e da participação em “Tempo” (tripla platina), 2021 parece que será o seu ano de afirmação. Com o dia 23 e 24 de Julho no Tivoli, dois novos singles e um álbum planeado para o final do ano que será editado pela Universal Music, não restam grandes dúvidas. 

UAU, OK – Danças, Demónios, Etc.// Criada e gravada no Alentejo, “Danças, Demónios, Etc.” é o resultado imprevisível da liberdade do campo, a leveza dos dias bons, o sol quente e o vinho, misturados com alergias e bloqueios criativos. «Esta música acompanha a transição de estados desde a leveza melancólica de quem começa o dia de boxers debaixo do sol e cigarro na boca, entre os sons da natureza e a ressaca do dia anterior, até onde a mente se permitir ir. É um momento de aceitação da confusão e da escuridão, um festejo eufórico de um “fazer as pazes” que normalmente não dura muito tempo e surge por indução. E é nesses momentos de euforia fugaz em que aceitamos que é tudo uma piada de mau gosto, que podemos celebrar e convidar outros a entrar no espaço onde nada faz sentido, onde as linhas da realidade estão tremidas, até que consigamos reencontrar o que nos parece mais real, sem grandes certezas do que isso seja.», diz-nos o comunicado. O tema já está disponível no Youtube e em todas as plataformas digitais

PAULO PRAÇA – “Romance de Vila do Conde”// Paulo Praça lançou um novo vídeo do seu mais recente trabalho, o Livro-Disco “Onde”: “Romance de Vila do Conde”. Uma canção com poema de José Régio e com a participação especial do músico Fausto Bordalo Dias. O vídeo apresenta um excerto do video que também faz parte de “Onde”, realizado por Paulo Pinto. “Romance de Vila do Conde” é uma declaração de amor à cidade que viu nascer Paulo Praça e que serviu de inspiração para o Livro-Disco “Onde”. Um trabalho que conta também com poesia de Valter Hugo Mãe, Jorge Cruz, Ruy Belo, entre outros. Valter Hugo Mãe descreve o trabalho de Paulo Praça desta forma: «Se o Paulo canta Vila do Conde canta-nos. Estamos incluídos como por natureza irmã, somos uma refracção desse caleidoscópico significado. E regozijamos por alegria e orgulho. Que modo belo de trovar novamente. O que o Paulo faz é jeito de levantar as ruas, fazer praça, criar multidão, porque o seu gesto é exactamente inclusivo e escolhe sempre a celebração. Vão nestas canções as palavras de muitos, mas vai sobretudo a capacidade invulgar que o Paulo tem de as dizer em melodias límpidas, como clássicos imediatos que se oferecem ao ouvido que nunca mais as esquece.»