50 Anos da Roland
Empresa criada por Ikutaro Kakehashi atinge a respeitável marca dos 50 anos de actividade. À AS, o Director de Vendas da Roland para Portugal, Manuel António Silva, faz um balanço do meio século de história do influente gigante nipónico.
Osaka, Japão. 18 de Abril de 1972. A história cinquentenária da Roland começa com o engenheiro e mecânico de órgãos musicais Ikutaro Kakehashi (1930-2017), também conhecido por Taro, no momento em que produz as míticas TR-33, TR-55 e TR-77 (hoje em dia verdadeiras peças de museu).
Estas três relíquias foram desenvolvidas para funcionar como um acompanhamento para quem tocava órgão, mas viriam a tornar-se num dos primeiros modelos do mundo de caixas de ritmo – um segmento de mercado ainda em expansão no início daquela década.
No ano seguinte, a fabricante de efeitos MEG Electronics Corporation (actualmente BOSS Corporation, e que faz parte do grupo Roland) estabelece-se na mesma cidade, ao mesmo tempo que nasce o primeiro sintetizador da Roland, o icónico SH-1000. É igualmente nesse ano que a marca nipónica se mostra pela primeira vez ao mercado global; na montra da NAMM, nos EUA.
Em 1974, a marca desenvolve o Product Leader System – um sistema integrado de desenvolvimento à produção -, estreia o primeiro piano electrónico do mundo com um teclado sensível ao toque, o EP-30, e anuncia o revolucionário RE-201, o Space Echo que rapidamente se tornou ferramenta de eleição para músicos de todo o mundo. O seu som rico e orgânico foi (e ainda vai sendo) fonte de criatividade de incontáveis álbuns por esse planeta fora.
1975 marca o nascimento da verdadeira lenda JC-120 Jazz Chorus, o primeiro amplificador de guitarra da história da Roland que, para além de ser o primeiro a incluir um efeito de Chorus integrado, é reconhecido internacionalmente como um dos melhores amps de som limpo de sempre.
Em 1977 é anunciado o primeiro sintetizador de sempre para guitarras, o GR-500, é também lançado o primeiro micro compositor do mundo com base em microprocessadores e um componente do género de música sequenciada que fez história, o MC-8, e ainda três modelos apresentados como estreia na série de processadores de efeitos compactos BOSS – OD-1, SP-1 e PH-1.
A década fechava em 1979 com o lendário VP-330 / Vocoder Plus, o System 100M / Modular Synth e o pequeno mas icónico amplificador de guitarra Cube-40, o original que deu início a um verdadeiro legado de pequenos amplificadores ainda hoje utilizados por nomes como Robert Smith (The Cure) ou Don Felder (ex-Eagles). Ainda antes dos loucos e transformadores anos 1980, dá-se a abertura do primeiro escritório na Europa, em Roterdão, Países Baixos, como uma base para a expansão no mercado europeu, Portugal incluído.
Nas décadas seguintes, a lista de equipamento influente que a Roland foi produzindo é praticamente interminável e ficaríamos aqui várias horas para o elencar. No entanto, e para aqueles que tenham interesse ou curiosidade em conhecer a fundo a história cronológica de todo o equipamento da Roland, podem visitar este site, totalmente construído para o efeito.
Convém salientar que até aos dias de hoje foram criados diversos instrumentos simultaneamente inovadores e populares, desde sintetizadores a caixas de ritmo, inúmeros modelos de pianos digitais, baterias electrónicas, grooveboxes, controladores, sequenciadores, workstations, software, entre muitos, muitos outros. Também podem pesquisar muito desse gear neste link. Afinal, meio século ainda é muito tempo…
O produto mais vendido em Portugal é o piano digital FP-30X
Portugal nunca escapou, naturalmente, à onda Roland e são muitos os músicos que por cá já não dispensam os instrumentos ou equipamento hardware ou software da marca japonesa.
Para sentir o pulso do mercado nacional e perceber quais as principais vitórias do passado e do presente, ou as novidades dos próximos tempos, conversámos com Manuel António Silva, Director de Vendas da Roland para Portugal, e que trabalha na marca japonesa desde 1998.
«Estamos a preparar cuidadosamente este ano tão especial com vários eventos, várias iniciativas de forma a que fique registado na história da marca. Neste momento, ainda não estamos em condições de avançar que novidades estão para chegar, mas serão várias e boas», começa por nos dizer Manuel António Silva, para quem, nos últimos anos, a evolução do mercado em termos globais fica a dever-se, sobretudo, à importante montra que é a internet.
«A internet veio simplificar a divulgação de produtos e serviços e, nesse contexto, tem sido uma ferramenta muito importante para o grupo Roland. É um canal fundamental para o nosso departamento de marketing, que tem tido uma evolução bastante significativa baseada na internet e, nos últimos anos, nas redes sociais», explica o Director de Vendas, admitindo que essa visibilidade se traduz, obviamente, em números.
«Ao conseguirmos fazer chegar ao cliente final todo o potencial dos nossos produtos e tecnologias, encaramos esse e outros meios como fundamentais no desenvolvimento da implementação das nossas vendas. Essas são, de facto, ferramentas essenciais para fazer chegar a nossa informação aos clientes finais, mas há outro elemento fundamental, que são os nossos distribuidores autorizados, os Roland dealers, que são uma espécie de Roland local em cada cidade. Para lá da estratégia de divulgação na internet e nas redes sociais, os nossos parceiros são peças essenciais na nossa forma de estar no mercado».
Olhando um pouco mais para dentro e analisando a evolução do mercado português, o gestor sublinha que «esta zona do globo, a Europa Mediterrânica, tem uma forte apetência para os pianos digitais», frisando no entanto que «as vendas de baterias electrónicas (como é o caso deste modelo que a AS teve a oportunidade de experimentar) têm aumentado bastante, assim como os instrumentos na área de produção, como por exemplo os sintetizadores, um mercado que está a registar um crescimento muito significativo». Para Manuel António Silva, «é óbvio que o investimento constante que a marca faz em tecnologia tem proporcionado produtos verdadeiramente inovadores». E isso traduz-se em números.
Já agora, também quisemos saber qual é o best-seller da Roland no nosso país. A resposta foi imediata: «O produto mais vendido em Portugal é sem dúvida o piano digital FP-30X», precisamente o modelo que a pianista e multi-instrumentista Margarida Campelo testou recentemente num vídeo realizado pela Arte Sonora.
Durante a pandemia, registámos um incremento significativo na procura de aulas online
Ao contrário do que acontecia há uns anos, hoje em dia verifica-se uma forte descentralização no que toca às vendas em território nacional, com Lisboa e Porto a deixarem de ser os “pontos quentes”. «Pela localização dos nossos distribuidores autorizados, temos uma imagem daquilo que é o mercado em termos geográficos, mas é preciso lembrar que a internet faz chegar a informação a qualquer parte. Isso permite aos clientes, estejam onde estiverem, terem acesso a toda a informação, ao contrário do que acontecia antigamente», lembra, sublinhando: «Há uns anos, o mercado concentrava-se, naturalmente, na zona litoral, para onde os músicos se deslocavam para experimentar as novidades ou obter informações acerca dos produtos. Hoje em dia, isso já não acontece e, como tal, o mercado descentralizou-se, com os produtos a estarem disponíveis em qualquer parte do país e não apenas nas grandes cidades».
Para lá da divulgação da informação estar agora mais facilitada, nos últimos anos verificou-se uma outra tendência crescente, a da procura das aulas online. Esse facto ficou a dever-se em grande escala à pandemia. «Tal como em toda a Europa, em Portugal sentimos que as pessoas, ao estarem confinadas, tiveram mais tempo para o lazer e para actividades como a música. Muita gente aproveitou o tempo para ter aulas online e, em muitos casos, comprar um instrumento musical. A pandemia teve esse efeito. No capítulo das aulas online, registámos um incremento muito significativo nas aplicações Piano Partner para pianos e Melodics para baterias electrónicas».
Por fim, e quanto ao futuro próximo e às principais novidades em carteira, Manuel António Silva afirma: «Temos várias novidades preparadas. Quando lançamos um produto, já estamos a preparar tecnologia para o produto seguinte. Esta empresa está sempre a investigar e a desenvolver. Nunca pára. Por isso envolve os seus colaboradores, os seus parceiros de negócios e, claro, os clientes finais».
Instado a anunciar um dos grandes destaques do grupo Roland para os próximos tempos, o gestor não tem dúvidas. «Convém realçar o trabalho desenvolvido na BOSS, uma marca com enorme tradição nos pedais e soluções para guitarra. Destacaria um produto que está quase a chegar ao mercado, a nova pedaleira com visor touch screen, a GX-100, um produto inovador e que vai dar muito que falar!».