AS10 Provas de que Bonham é Deus
S. Tomás de Aquino apresentou 5 vias para a demonstração de Deus. A Arte Sonora apresenta 10 provas de que o Todo-Poderoso é John Bonham!
Um dos primeiros dogmas que se aprendem no rock n’ roll é que John Bonham é Deus. As grandes discussões sobre divindade redundam sempre na incapacidade de provas factuais, mas Bonham deixou-as e a AS escolheu 10!
GOOD TIMES BAD TIMES [LED ZEPPELIN I] A primeira música, do primeiro álbum. Foi, como viriam a ser tantas, baseada nos padrões de bateria de Bonham. O baterista mostrava logo aqui um dos seus maiores talentos – a forma como preenchia o espaço deixado pelos restantes “ledders”! À atenção dos bateristas modernos: aqueles bombos não são feitos com pedal duplo! E os fills, credo, os fills…
KASHMIR [PHYSICAL GRAFITTI] O termo épico é excessivamente usado para descrever várias canções; nesta peca por escasso. Com linhas relativamente simples, todo o enfoque está na solidez e groove das batidas… Mega trancado, mega tudo. Punição! Depois o tamanho ainda maior que ganha com o flanger de pós-produção, a expandir os pratos.
MOBY DICK [LED ZEPPELIN II] Hoje em dia é praticamente inadmissível, por público e indústria, que uma canção num disco seja, basicamente, um solo de bateria. Quem iria comprar essa track no iTunes? Mas colocar um álbum num gira-discos e levantar o volume da aparelhagem para níveis pouco recomendáveis, considerando a saúde auditiva e a ordem pública, sempre foi uma forma de mini concerto. E ao vivo? Sem limitações físicas de produção, Bonham desaparecia e emergia Deus…
IMMIGRANT SONG [LED ZEPPELIN III] Uma das malhas de bateria mais pesadona e mais rápida de Bonham, com uma dimensão ainda mais explosiva ao vivo! A forma como o padrão de bateria dobra o picking de guitarra no riff principal é como o… «Martelo dos Deuses»!
ROCK N’ ROLL [LED ZEPPELIN IV] John chegou a afirmar não ser um grande fã do uso abusivo de pratos, mas a forma como os interage com a tarola, a preencher o espaço harmónico deste tema, é uma lição de como seguir a tradição e fundi-la com personalidade.
ACHILLES LAST STAND [PRESENCE] Criou-se, inexplicavelmente, uma tendência para menosprezar os álbuns de Led Zeppelin pós “Physical Grafitti”. Um autêntico disparate. Basta ouvir a fúria criativa de “Achilles Last Stand”. De banda e baterista. Aquele bombo propulsivo, com um swing a roçar o humanamente impossível, através de padrões em síncope… Era como se Bonham soubesse que nos ia deixar e não quisesse deixar margem para dúvidas da sua eternidade.
THE OCEAN [HOUSES OF THE HOLY] Ao quinto álbum da banda já se sabia que Bonham “batia” com uma força descomunal, inigualável. “The Ocean” faz prova desse poder em estado prímevo. A tarola a soar como tiros. A pontuação rítmica aqui presente a merecer ser introduzida nos dicionários como definição de solidez. A alternância entre um paredão 4/4 e um swing 7/8 com uma brutalidade capaz de soar com subtileza imperceptível.
FOOL IN THE RAIN, OUTTAKES [IN THROUGH THE DOOR] Do último álbum editado antes do baterista morrer. O Canto do Cisne. O poder punitivo continuava soberbo, mas agora com uma ginga polirítmica, com um aceno latino, meio samba, no final. Poderia editar-se um álbum inteiro de outtakes de Bonham. E já agora, uma vez mais, acrescentar-se no dicionário, na definição de swing, «beats de John Bonham».
WHEN THE LEVEE BREAKS [LED ZEPPELIN IV] O riff de “Whole Lotta Love” é a suma da guitarra dos Led Zeppelin. A batida de “When The Levee Breaks” é a suma da bateria dos Led Zeppelin. Toda a gente que não seja um herege que mereça a fogueira conhece esta bateria. O som enorme da bateria foi obra do engenheiro Andy Johns, que colocou Bonham ao fundo das escadas da vivenda onde a banda gravou o álbum, de forma a captar toda a reverberação ascendente do espaço. A Ludwig do músico foi captada com dois Beyerdynamic M160 a servir de overheads.
DAZED AND CONFUSED [LED ZEPPELIN I] A última prova de que Bonham é Deus é simples. Só Deus poderia ter tocado bateria na melhor banda da história. Ponto.