AS10 Burning Light Fest
Peso megalítico e pestilência marcam a primeira edição do festival. Estes são os concertos que esperamos com mais expectativas.
Estamos a um mês da primeira edição do Burning Light Fest, o festival que vai trazer à capital bestas sonoras de sludge, doom, black metal e psych. A Arte Sonora é parceira do festival, crente na ideologia da sua concepção – peso atrás de peso, culto fanático de amplificação e a fúria da qual o metal, digamos, mainstream abdicou.
Os horários do festival já foram anunciados. Estes são os concertos que esperamos com mais expectativas.
THE SECRET | A raiva colossal dos The Secret foi completamente liberta em 2010, quando a reverenciada Southern Lord editou a tenebrosa obra-prima “Solve Et Coagula”, cuja gravação passou pelas mãos de Kurt Ballou (Converge). Daí advém um sentido hardcore ao disco, mas é a brutalidade da fusão entre o black metal e o grind que cria um som que tresanda a vísceras putrefactas. Em “Agnus Dei”, 2012, o corpo sonoro das guitarras surgiu encharcado do lodo de “Lef Hand Path” e “Clandestine”. No Burning Light espera-se a possibilidade de ouvir temas novos.
OATHBREAKER | É como se os próprios Converge fossem um tipo de curadores no primeiro dia do Burning Light. Os Oathbreaker, outro dos nomes obrigatórios, passaram também pelas mãos de Kurt Ballou e a sua casa editorial é a própria Deathwish Inc. Do lado de cá do Atlântico o patrocínio cabe aos compatriotas Amenra. “Maelstrom” e “Eros|Anteros” são retrato da aspereza do hardcore com a soma de um groove que provém de uma latência downbeat que passou a pontuar o mundo pós metal.
HIEROPHANT | Em Grego Clássico lê-se hiera (sagrado) e phainein (revelar). Os italianos são capazes de juntar uma congregação de fanáticos de volume em adoração para lhes revelar uma parede sacra de som desde o seu álbum homónimo de estreia. “Great Mother: Holy Monster” acrescentou groove às camadas sonoras da estreia. No Burning Light irão apresentar o recente “Peste”, mais violento, mais brutal e com outros argumentos técnicos.
BESTA | Implacável e sanguinário. O peso esmagador de Besta possui o dedo dos The Pentagon Audio Manufacturers, a casa de Fernando Matias (um dos nossos colaboradores, aqui na AS). A coesão da banda advém da bastardia de um certo balanço death n’ roll dos We Are The Damned. Demência, horror e peso brutal é o que podem esperar dos portugueses.
PLEBEIAN GRANDSTAND | Durante largos anos as bandas francesas eram meio pussies. Todo o peso e pestilência vinha do UK ou da Escandinávia. “How Hate Is Hard To Define” (2010) prometia atitude, mas pecava por falta de putrefacção e nas dúvidas de uma produção hesitante entre um black metal vanguardista e o mathcore – seria o velho síndrome do metal francês? O recente “Lowgazers”, veio implodir todas as hesitações. Pesado, sujo e directo.
COWARDS | A atmosfera de extrema misantropia presente no seu sludge faz dos franceses “A” banda a não perder no Burning Light. De alguma forma, o recente “Rise To Infamy” parece possuir uma dinâmica mais rock n’ roll que “Shooting Blanks And Pills”. Ou, melhor dito, ainda mais dinâmica. De qualquer forma, tudo isso é irrelevante quando Guillaume Taliercio activa o overdrive no baixo (quase sempre). Com os amps no prego, os parisienses são uma das maiores tempestades que podem ouvir. Já passaram anteriormente, praticamente, despercebidos por cá. Que não suceda desta vez, merecem um acolhimento triunfal!
TOMBSTONES | Podem ter demorado a tornar plenas todas as promessas de convergência entre o groove stoner e o peso do doom metal, mas ao terceiro álbum, “Red Skies And Dead Eyes”, os noruegueses tornaram-se um colosso de fuzz sabbathiano com alguma da excentricidade de Cathedral.
MANTAR | Erinc Sakarya só pode ser filho do Grande Bode. Não fosse suficiente a força descomunal com que o baterista bate nas peças, é ainda capaz de demonstrações sublimes de técnica, com precisão nas pancadas que, em zonas e com intensidades diferentes, alteram o carácter sonoro da peça em questão – especialmente no seu trabalho de tarola. Ainda mais impressionante o carácter dinâmico que imprime à banda, se pensarmos que os Mantar são… bateria e guitarra/voz.
PROCESS OF GUILT | Os movimentos de “Liar” estarão no centro de uma parede de amplificação que se, por esta altura, ainda nunca ouviram ao vivo são aquilo que se dizia atrás das bandas francesas. Recentemente conversámos com a banda sobre o novo trabalho (cuja grande parte das gravações foi feita nos TDA Studios, casa de outro colaborador AS).
ACID DEATHTRIP | Satanás era consumidor de ácidos! Esse é um dos moto dos Acid Deathtrip. Um concerto que não é obrigatório apenas durante o festival, mas para este ano! Os EPs que surgiram nos últimos dois anos foram o paliativo para o final dos Cathedral. Fuzz e trítonos! Todos os clichés rítmicos e melódicos, mas tudo feito com um groove que não tem quem quer…