Entrevista com Basia Bulat
Basia Bulat, lançou o seu terceiro álbum, “Tall Tall Shadow” , em Setembro. Aproveitámos a ocasião para falar com a canadiana sobre o seu novo trabalho, e ficámo-la a conhecer melhor, para além de descobrirmos que Basia gosta de fado.
Começaste a tocar quando eras muito nova. Qual é que foi o teu primeiro instrumento?
Foi o piano. Comecei a aprender quando tinha três anos. A minha mãe era professora de piano, eu queria aprender, mas ela queria que houvesse outra pessoa a ensinar-me, para não afectar a nossa relação com isso. [Risos]
Quais foram as tuas primeiras influências para fazer musica?
Hum, eu acho que talvez tenha sido cantores folk dos anos 60. Não, se calhar não. Acho que talvez a minha mãe. A minha mãe tocava piano e guitarra, e eu queria mesmo começar a tocar música porque ela tocava. Mas então quando eu cresci, comecei a ouvir vários cantores folk dos anos 60, então foi desde aí que algo cresceu.
E que idade tinhas quando começaste a compor a tua própria música?
Entre os 14 e os 16 anos, provavelmente, comecei as escrever as minhas próprias canções, mas não gravei um álbum, ou algo do género, na altura. Mas sim, foi durante a minha adolescência.
Penso que é um tipo de “folk music” que eu adoro, e pelo qual me sinto atraída.
Qual é o teu instrumento favorito para compor música? Tens algum processo específico com um certo instrumento, ou é mais compões com o que tiveres à frente?
Eu acho que é um bocado com aquilo que tiver à minha frente. Se tiver um música na cabeça eu arranjo uma forma de compôr de qualquer forma. E é muito divertido tocar novos instrumentos, e ver o que pode sair dali quando pego em algo novo.
Mas tens algum mais recorrente?
Acho que neste momento deve ser o piano. Eu já explorei tantos instrumentos, mas neste momento, acho que é mesmo o piano.
Também tocas com um autoharp, que não é um instrumento muito comum. E como é que chegaste a este instrumento?
Por acaso é uma história engraçada. O meu vizinho estava a vender um, numa “feira de garagem” (pratica comum em alguns países, em que as pessoas põe coisas suas à venda à frente de casa), e então eu e a minha mãe vimo-lo e comprei-o. E comecei a ficar mais interessada no instrumento, a conhecer a história dele, e perceber como é que a coisa funcionava, e achei muito fixe.
Costumas procurar novos instrumentos para tocar?
Eu acho que tenho uma grande curiosidade. Eu acabo por fazer uma certa procura, mas não é por uma questão de encontrar algo novo, é mais se o som for interessante ou se eu vejo algo de interessante nele, dá-me vontade de experimentar e ver no que dá. Eu acabei por começar a tocar o charango (instrumento de cordas sul-americano) porque conheci uma pessoa que tocava, adorei o som e achei que havia algo de interessante no instrumento. Senti-me atraída por ele e quis começar a tocar.
Usaste-lo no teu novo álbum “Tall Tall Shadow” ?
O Charango? Sim, toco na “It can’t be you” e na “City with no rivers”.
Em relação ao teu novo disco. Que diferenças é que sentes entre “Tall tall Shadow” e os teus trabalhos anteriores?
Há algumas diferenças. A maior delas todas é que neste há uma produção muito maior, comparando com os meus álbuns anteriores, que foram gravados de uma forma muito mais “naturalista”. E neste há mais experimentação, por exemplo adicionar alguma coisa, acrescentar um som específico, tem uma produção que soa melhor. Por outro lado, penso que é um álbum muito mais pessoal.
O álbum foi co-produzido por Tim Kingsbury e Mark Lawson. Podes falar um pouco como é que foi a experiência em estúdio?
Foi muito divertido estar em estúdio, porque eles foram sempre mente aberta, e eram muito abertos no trabalho e em experimentar sons diferentes. De certa forma, eles obrigaram a superar-me, e exigir mais de mim mesma, o que acaba por ser divertido. Eles agiram comigo como se fossem dois irmãos mais velhos, e às vezes acabavam por gozar comigo de forma divertida.
Eu quero visitar o país, e ouvir fado ao vivo. É mesmo algo que quero fazer.
Foste para estúdio com uma ideia certo do que querias ou deixaste espaço para experimentar?
Foi mesmo experimentar com tudo em estúdio. Eu acho que podes ir para estúdio com algo já predefinido em mente, mas se tentares fazer tudo como tens em mente, sem dar espaço para coisas novas, fechas a porta a novas possibilidades. Então nós tentámos muitos arranjos diferentes, tentámos muitas coisas diferentes, procurámos encontrar a melhor maneira de contar a história de cada canção, não em nome de um procurar fazer coisas diferentes por si, mas em prol de melhores resultados e de uma melhor maneira de fazer soar melhor a história de cada canção, e fazer soar melhor o álbum.
Preferes estar em estúdio ou estar em digressão?
São coisas muito muito diferentes, mas gosto das duas de igual maneira. Eu adoro estar em estúdio porque sinto que é um sítio ideal para mim, porque podes explorar certas coisas, e esforçares-te e superares-te de modos diferentes. Mas também adoro estar em palco, e tocar para pessoas e relacionar-me com as pessoas, ter uma audiência… Talvez goste um pouco mais de tocar.
Gostas desse lado de conexão com as pessoas?
Claro. Parte de eu amar a música, é porque ela liga as pessoas. É por isso que eu gosto de tocar ao vivo, porque faz parte desse processo de ligação.
Planeias vir à Europa em breve?
Sim. Mas infelizmente não vou estar em Portugal, o que é uma pena, porque gostaria de tocar aí, e espero que isso aconteça brevemente. Mas vou estar na Europa nas próximas semanas, mais para o norte. Mas em Janeiro, creio, vou a Espanha, e espero conseguir ir a Portugal, também.
Cá te esperamos.
Sim! Eu quero visitar o país, e ouvir fado ao vivo. É mesmo algo que quero fazer.
Gostas de fado?
Sim. O Howard Billerman já esteve em Portugal várias vezes, porque ele gravou o Tiago Bettencourt, e quando esteve aí ele trouxe-me montes de álbuns de fado. É espantoso. Penso que é um tipo de “folk music” que eu adoro, e pelo qual me sinto atraída, pela própria essência dessa música. Por isso, eu espero poder ir a Portugal.