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ENTREVISTA | Expresso Transatlântico: Sons Antigos de uma Nova Lisboa [Vídeo]

ENTREVISTA | Expresso Transatlântico: Sons Antigos de uma Nova Lisboa [Vídeo]

Nuno Sarafa
Miguel Grazina Barros

Fortemente inspirados por uma cidade carregada de tradição e modernidade, Gaspar, Sebastião e Rafael andam por aí com uma guitarra portuguesa, uma eléctrica e uma bateria a darem nova vida – sem pudor – aos ritmos da música popular portuguesa, brasileira e africana. Senhoras e senhores, eis o Expresso Transatlântico, que já partiu em direcção a parte incerta.

A banda recém-formada por estes três lisboetas já não é propriamente um segredo bem guardado da música que por cá se faz. Que o digam os que em Dezembro do ano passado encheram o Teatro Maria Matos, em Lisboa, para os verem num concerto memorável em que não só apresentaram o primeiro EP, homónimo, como homenagearam Pedro Gonçalves (músico dos Dead Combo que nos havia deixado poucos dias antes).

Falamos do Expresso Transatlântico, um comboio em andamento rápido tripulado por um trio que nasceu e cresceu no meio das artes e que, apesar da juventude, já apresenta um currículo – no mínimo – notável.

Gaspar Varela, 18 anos, começou a tocar guitarra portuguesa aos sete, acompanhou a bisavó Celeste Rodrigues (irmã de Amália) em várias noites de guitarradas, e aos 15 não só editou o seu primeiro trabalho a solo (“Gaspar“, 2018), como, numa inesquecível noite vivida numa conhecida casa de fados lisboeta, recebeu um convite de Madonna para ir em tour pelo mundo.

O irmão mais velho, Sebastião Varela, 25 anos, toca guitarra eléctrica, é realizador de cinema (“Creating Neptune”, 2018, nomeado para melhor curta-metragem experimental no Screentest: The National Student Film Festival em Londres) e foi produtor associado do premiado documentário “Zé Pedro Rock’n’Roll” (2019), realizado pelo pai de ambos, Diogo Varela Silva.

O baterista Rafael Matos, 26 anos, é filho do vocalista e baixista dos Sebenta, Paulecas, que também participa neste EP do Expresso Transatlântico.

Separados pelo Oceano Atlântico enquanto compunham o disco, gravaram-no entre os estúdios Namouche e Haus, em Lisboa, e editaram-no em Novembro. Composto por seis temas, tem ainda participação de Diogo Duque (trompete), Tiago Martins (baixo) e Sequin, que dá voz ao único tema não-instrumental, “Anda ao Mar”. A mistura e masterização ficaram a cargo de Fábio Jevelim e Pedro Ferreira (Haus).

Madonna pensa e trabalha tudo ao pormenor. Apesar das diferenças, gostávamos de trazer esse nível para o que fazemos

A Arte Sonora sentou-se à mesa com Gaspar, Sebastião e Rafael para uma conversa animada numa manhã cinzenta, durante a qual o trio não só não teve problemas em admitir a influência de nomes como Dead Combo ou Carlos Paredes na música que fazem, como garantiu que o hype criado em torno do projecto não é foco de preocupação, mas antes de orgulho e vontade de fazer mais e melhor.

Pelo meio, o tema Madonna veio naturalmente à tona, com Gaspar a contar algumas peripécias da tour “Madame X” e a assumir que gostaria de trazer para Portugal algumas das (muitas) coisas que aprendeu com a Rainha da Pop.

Dispara o primeiro play para assistires à conversa com o Expresso Transatlântico e o segundo para ouvires o EP de estreia na íntegra.