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Mike Portnoy fala sobre o regresso aos Dream Theater, Gear e Inseguranças

Mike Portnoy fala sobre o regresso aos Dream Theater, Gear e Inseguranças

Redacção
Jorge Botas

A formação icónica dos Dream Theater reuniu-se passados 14 anos, e vais poder vê-la e ouvi-la num concerto agendado para o dia 16 de Novembro, na MEO Arena, em Lisboa

Os Dream Theater estão de regresso aos álbuns originais e à estrada! No próximo dia 16 de Novembro, a MEO Arena recebe o retorno dos titãs da música progressiva para celebrar 40 anos. A digressão – apresentada como An Evening With Dream Theater – é a primeira desde o regresso do baterista Mike Portnoy à formação, juntando-se ao vocalista James LaBrie, ao baixista John Myung, ao guitarrista John Petrucci, e ao teclista Jordan Rudess. Um dos concertos imperdíveis em 2024.

Mike Portnoy, baterista e um dos fundadores dos Dream Theater, saiu da banda em setembro de 2010, sendo substituído por Mike Mangini. Muita tinta correu desde então, e James LaBrie foi sempre uma das vozes, dentro da banda, que excluía a possibilidade de uma reunião com Portnoy… Mas todos os fãs tinham esperança de que essas palavras tivessem sido ditas da boca para fora.

Em entrevista ao programa “Drinks With Johnny”, da autoria de Johnny Christ, antigo companheiro do baterista nos Avenged Sevenfold, Portnoy abordou a sua passagem dos Dream Theater para os Avenged, no seguimento da morte de Jimmy “The Rev” Sullivan. «Penso que ambas as partes necessitavam uma da outra, naquela altura. Vocês precisavam reerguer-se. Foi assim que me senti – que estava ali para vos ajudar. E vocês, conscientemente ou não, foram um suporte para mim numa altura importante, pois estava há 25 anos nos Dream Theater e chegara a um ponto em que não aguentava mais. Precisava de uma pausa. Andar em digressão convosco foi refrescante e fez-me ver que havia vida para lá da pequena bolha de Dream Theater, onde estivera encerrado durante 25 anos. Foi muito bom para mim, abriu-me os olhos para muitas coisas», confessou Portnoy.

O virtuoso músico referiu-se ainda ao impacto que a sua saída da banda que fundou teve nos A7X«Decidi que necessitava de um tempo afastado deles; precisava de poder explorar outras coisas, fosso ou não convosco. E sabia isso – sabia que as coisas poderiam não resultar entre vocês [A7X] e eu, porque não sabia se vocês estavam prontos para esse compromisso. Até porque toda a situação com Dream Theater deu azo a um enorme drama na altura, com todos os cabeçalhos no Blabbermouth. Cada vez que dava uma entrevista, tornava-se na m*rda dum cabeçalho. Foi horrível e, acredita, algo que nunca desejei. E tenho a certeza que para vocês foi uma enorme distracção».

No final de 2023, os Dream Theater lançaram uma bomba ao anunciar o tão aguardado regresso de Portnoy, após uma ausência prolongada de mais de uma década, agora voltando à banda revigorado.

Sobre o regresso de PortnoyMangini referiu em comunicado: «Entendo a decisão dos Dream Theater de trazer o Mike Portnoy de volta neste momento. Como foi dito desde o primeiro dia, a minha função não era preencher todos os papéis que o Mike ocupava na banda. Eu deveria tocar bateria para ajudar a banda a seguir em frente. O meu papel de manter o nosso espetáculo ao vivo a funcionar todas as noites foi uma experiência intensa e gratificante. Felizmente, tive a experiência de tocar música com esses músicos icónicos, além de alguns momentos divertidos repletos de humor. Também gostei bastante de passar muito tempo com a equipa. E depois houve a vitória nos Grammy, que foi incrivelmente satisfatória. Aos fãs: muito obrigado por serem incríveis comigo. Aprecio as fotos que tenho de todos vocês a enlouquecerem e a divertirem-se. Por fim, realmente amo a banda, a equipa e o manager e desejo-lhes e a toda a organização tudo de bom.»

Com a nova tour já na estrada, no passado dia 22 de Outubro, Jorge Botas foi até Berlim para assistir e fotografar o segundo concerto da digressão que celebra o 40º aniversário dos Dream Theater. Antes do concerto no Uber Eats Music Hall, esteve à conversa com Mike Portnoy.

Nunca fico nervoso antes dos concertos, mas, desta vez, estava muito nervoso mesmo. Era a minha primeira vez de volta com eles, não tocámos ao vivo os cinco juntos há catorze anos e, ainda por cima, fizemo-lo num local enorme…

Em entrevista, Portnoy confessou que sentiu algum nervosismo com este regresso aos palcos: «Quando terminámos o espetáculo em Londres disse logo aos rapazes que já podíamos todos respirar fundo. E agora podemos começar a divertir-nos. Esse primeiro concerto foi mesmo muito intenso – havia muita expectativa em jogo, de toda a gente, do público, da imprensa, de nós mesmos, por isso estávamos muito concentrados. Com isso fora do caminho, podemos finalmente respirar fundo e começar a divertir-nos. Nunca fico nervoso antes dos concertos, mas, desta vez, estava muito nervoso mesmo. Era a minha primeira vez de volta com eles, não tocámos ao vivo os cinco juntos há catorze anos e, ainda por cima, fizemo-lo num local enorme… A expectativa era enorme, o foco estava em nós e, claro, sabíamos que íamos estar sob um microscópio. Portanto, sim – foi, de facto, muito stressante.»

“Durante as digressões que fez com os Dream Theater, Mike Portnoy foi sempre um dos responsáveis pela escolha do alinhamento, que ia sendo alterado de concerto para concerto. Nesta nova era, parece que a banda será mais contida, mantendo, de forma geral, a setlist num formato “best of”. «Durante a minha primeira passagem pela banda, adorava mudar o alinhamento todas as noites, não só para a manter interessante para os fãs, mas também para a manter interessante para nós próprios, que já fazíamos isto há 25 anos, na altura em que eu saí. Portanto, isso é algo que sei que é muito especial para a banda e para os fãs. Agora, que estou finalmente de volta, queremos alguma estabilidade, por isso vamos manter esta escolha de temas por uns tempos. Quando toda a gente se sentir de novo confortável, vamos começar a experimentar e vou ser realmente criativo e a mexer em tudo o que puder. E para os próximos tempos, esta é a lista de músicas. E a questão, como, qual foi a linha de pensamento para chegar a isso? Queria ter alinhamento de temas que parecesse quase um espectáculo de grandes êxitos. Não que tenhamos muitos êxitos, mas queria incluir sobretudo canções que são populares, e que agradam sempre ao público. Nós sempre soubemos quais são os temas que têm mais energia e, como é óbvio, a ideia para esta digressão de aniversário era criar um concerto que representasse toda a carreira da banda. Por outro lado, sei que nunca seria possível tocar material de todos os álbuns. É verdade que fizemos isso na digressão de 20º aniversário, mas isso já foi há 20 anos. Nessa altura, havia oito álbuns de onde podíamos escolher, mas agora já são dezasseis. Sendo assim, e sabendo que não podemos incluir todos os álbuns, queríamos incluir todas as diferentes épocas.»

Portnoy revela ainda que a música que lhe deu mais trabalho preparar para o alinhamento desta nova tour foi “Octavarium”: «Foi um enorme desafio, porque é uma peça grande, muito grande mesmo. E a última vez que a tocámos foi no Radio City Music Hall, em 2006, durante o espectáculo em que gravámos o DVD “Score: 20th Anniversary World Tour Live With The Octavarium Orchestra”. Essa foi, literalmente, a última vez que tinha sido tocada até há duas noites atrás. Portanto, foi provavelmente a que exigiu mais trabalho porque, para começar, é uma canção enorme, e, depois, porque a tínhamos tocado pela última vez há quase vinte anos.»

E o gear? Um dos grandes atractivos dos concertos de Portnoy com os Dream Theater é a parafernália de equipamento em palco do baterista. E, claro, para esta nova tour, há um novo kit gigante. O músico afirma que nem sabe ao certo por quantas peças é composto, «mas sei que está tudo a ser usado. Sabia que, ao voltar aos Dream Theater, tinha de ter um kit monstruoso, porque essa foi sempre a minha cena com eles. Durante todos os anos em que estive fora da banda, foi agradável reduzir a escala e fazer algumas configurações diferentes. Na primeira digressão dos Winery Dogs, por exemplo, estava a tocar com um kit pequeno, de cinco peças, e, em bandas como os Flying Colors e os Transatlantic, também uso outras configurações. Dito isto, gostei de me afastar destes kits grandes durante algum tempo, mas agora, que estou de volta a casa, sabia que tinha que usar uma cena monstruosa. […] Sei bem que, se olharmos apenas para ele, parece uma loucura. Mas, na verdade, há um método para isso. São basicamente dois kits juntos num só. Toco o lado esquerdo em algumas músicas, e o lado direito em outras. Basicamente é como ter dois kits num só, mas os tenho lado a lado, parece tudo ainda maior.»

 

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Para além do regresso à estrada, já foi anunciado o primeiro álbum, desde o seu regresso, dos DT com Portnoy que será editado a 7 de Fevereiro de 2025, via Inside Out / Sony Music. De “Parasomnia” já se conhece o single “Night Terror”. A Jorge Botas, o baterista afirma que: «Acho que posso falar por todos quando digo que esperávamos que fosse tão emocionante como tem sido, sabes? Dada a situação, já sabíamos que ia haver muita atenção sobre ela e foi algo que todos tivemos de ponderar, porque há alguns temas no próximo álbum que sabíamos que seriam possíveis singles. Gravámos um tema que é um verdadeiro single de metal… E sabíamos que essa seria uma escolha óbvia, mas não queríamos apresentar o disco com algo que fosse apenas uma música de metal. Depois de todo este tempo de espera, queríamos mostrar algo que tivesse um pouco de variedade e algo que talvez os fãs dos Dream Theater esperassem de nós. A “Night Terror” foi a primeira canção que escrevemos quando começámos o processo de composição. Portanto, o que as pessoas estão a ouvir é literalmente a primeira canção que criámos juntos quando nos reunimos. Assim que começámos a escrever juntos, a trabalhar nas ideias que se transformaram na “Night Terror”, pareceu-me que só tinham passado um ano ou dois. Foi como se tivéssemos tirado um pequeno tempo de folga e pronto. Na verdade, nunca me pareceu que tivessem passado catorze anos ou algo do género. Acho inegável que, entre nós, há uma química para toda a vida.»

Podes assistir à entrevista completa, aqui. Para o concerto em Portugal no dia 16 de Novembro ainda há bilhetes e podem ser comprados nos locais habituais ou em everythingisnew.pt.