Os Melhores Concertos do NOS Alive: Grinderman, 2011 [Vídeo]
O NOS Alive foi adiado para 2021, devido à pandemia Covid-19. Altura para viver o espírito do festival digitalmente. Ao longo de mais de uma década, o Passeio Marítimo de Algés já foi local de concertos retumbrantes, caso dos Grinderman, em 2011.
Em 2007, os White Stripes actuaram pela primeira vez em Portugal. Em retrospectiva, foi a última oportunidade que havia para o nosso país receber a banda de Jack e Meg White. Resumindo uma longa história, após 10 anos de carreira, a relação entre a dupla de músicos começava a revelar sinais de deterioração, muito para lá daqueles provocados pelo divórcio entre ambos (desde 2000). Assim a digressão de apoio a “Icky Thump”, que se tornaria o último álbum da banda, tornar-se-ia também na última digressão.
No mesmo ano, os Beastie Boys actuaram também pela primeira vez em Portugal na última oportunidade que houve para o fazerem, durante a digressão “Mix-Up”, um curto périplo dedicado a presenças em festivais de Verão. Poucos anos depois, Adam Yauch morreria vítima de cancro e, sem um dos seus fundadores, os Beastie Boys apenas gravariam mais um álbum.
O denominador comum destes históricos concertos no nosso país é o Alive, antes Optimus agora NOS. Um sonho de Álvaro Covões que começou quando, em 1991, decidiu fazer profissão na indústria musical. Nessa altura, havia um concerto internacional de dois em dois meses e quando chegava o Verão aconteciam dois ou três concertos de grande envergadura, em estádio. Em 2007, já havia um par de festivais bem firmados no mapa dos megalómanos, mas arrancou um, criado pela Everything Is New, que rapidamente se estabeleceu como um dos mais credenciados festivais na capital portuguesa, do país e até a nível europeu.
Um festival que logo na sua segunda edição conseguiu juntar no mesmo cartaz Bob Dylan e Neil Young (ainda se recordam do extraordinário concerto do canadiano, da longuíssima e carregada de feedbacks interpretação de “Cortez The Killer”?) e na terceira edição já acolhia três palcos. Ao longo de mais de uma década, há muitos concertos soberbos na história do festival. Caso da efervescente actuação dos Grinderman, em 2011.
Passeio Marítimo de Algés, 08 de Julho de 2011: Um problema numa das vigas da estrutura do palco principal causou um enorme problema à organização que, não estando satisfeita com a insegurança que era causada por esse factor, acabou por cancelar as actuações de Klepth, The Pretty Reckless e You Me At Six. Chegou a haver receio, por parte de uma enorme legião de fãs, que 30 Seconds To Mars tivessem também a actuação cancelada, contudo, a Everything Is New conseguiu ainda reactivar a estrutura do palco e permitir que os dois headliners se apresentassem ao público. Com um atraso, de resto inevitável, que acabou por ser um mal menor. Mas o nosso foco estava no palco secundário…
Há muita gente que lamenta o afastamento de Blixa Bargeld dos projectos de Nick Cave, da perda da sua precisão emocional e da conquista da “porqueira” que Warren Ellis promove. Quem prefere Ellis só conseguiu sorrir no concerto no Alive. Munido duma Jaguar, do violino ou das suas famosas mini-guitarras, o músico obriga Nick Cave a suar sempre o palco para não ser ofuscado. Um concerto que chegou a roçar caminhos do submundo do rock, com momentos pesadíssimos e exploração de noise rock.
Ouvimos temas como “Heathen Child”, ai mãe… que groove, que baterias de Jim Sclavunos, juntas à solidez do baixo de Martyn Casey, que quando ligava fuzz nas suas linhas nos transportava simplesmente para o universo do sludge! Nick Cave afirma com um encanto chauvinista «I must above all things love myself» e ouvimos “No Pussy Blues”, mais vale só que mal acompanhado! O público pede encore e tem direito à versão de “Grinder Man Blues”, um original de Memphis Slim, que inspirou o nome da banda e à qual Cave acrescenta uma exortação interessante para considerar: «Two thousand years of christian history… baby, you got to learn to forget!»
Foi a última vez que ouvimos os Grinderman. Aliás, nessa digressão Nick Cave referiu, a certa altura, ser a despedida do projecto. Algo que o baterista Jim Sclavunos esclareceria, afirmando ser uma despedida não peremptória: «Quem sabe o que poderá acontecer daqui a cinco ou dez anos».
O concerto não foi transmitido na TV. Felizmente existe um bootleg pro-shot captado, um dia antes do concerto de Lisboa, no festival EXIT, na Sérvia [no player em baixo]. Acreditem, no entanto, que não se aproxima da efervescência que teve lugar no Alive.
A Everything Is New publicou um comunicado com as condições de troca ou reembolso para quem adquiriu passes ou bilhetes diários para o NOS Alive 2020. A 14ª Edição do NOS Alive decorre nos dias 07, 08, 09 e 10 de Julho de 2021, no Passeio Marítimo de Algés. Para já, estão confirmados, entre outros, os Da Weasel, para um concerto único e exclusivo, sábado, dia 10 de Julho de 2021, no Palco NOS, e os Red Hot Chili Peppers, dois dias antes, no mesmo palco.
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