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Roteiro AS: NOS Alive 2016

Roteiro AS: NOS Alive 2016

Pedro Miranda

Num festival com tantos palcos e tantas mais sobreposições de horários, ajudamos-te a fazer as escolhas para que possas desfrutar do festival da melhor forma.

O NOS Alive está a dias de distância, e como já nos tem habituado, trará ao Passeio Marítimo de Algés alguns dos mais vibrantes nomes da música nacional e internacional. Do rock ao pop, da electrónica ao hip-hop e dos frios ares britânicos às quentes planícies australianas, de tudo um pouco terá a especialíssima décima edição do Alive, cuja diversidade estilística rivaliza apenas com o talento artístico exibido. Por entre os seis palcos e as inúmeras sobreposições que, infelizmente, acarreta qualquer evento do género, a Arte Sonora sugere-te que espectáculos assistir para retirar do festival o melhor proveito.

DIA 1 (7 de Julho)
Porque talento dentro das nossas fronteiras é o que não falta, e tendo em conta que, à medida que o dia avança, os nossos nomes são naturalmente trocados por actos estrangeiros, o bom senso manda que se comece os dias do NOS Alive espreitando concertos portugueses. E às 18:05 do dia um do festival de Algés, Xinobi sobe ao Palco NOS Clubbing em formato live, trazendo decerto um espectáculo electrónico que, embora beneficiando de horário mais tardio, será com certeza um momento a não perder. 45 minutos depois, o indie rock solarengo dos Ganso faz-se ouvir no Raw Coreto by G-Star Raw (daqui em diante apelidado apenas de Coreto), uma alternativa desejável para quem quer das primeiras horas do Alive uma tarde descontraída e sem grandes dores d’alma.

Ainda em algum conflito com os Ganso, mas de forma bastante manejável, estão, às 19h15, Vintage Trouble a começar a tocar no Palco Heineken. Conhecidos pelas enérgicos e vigorosas performances ao vivo e invocando uma mescla de blues, rock e soul de apelo universal, prometem desde já ser um dos prematuros destaques deste segundo palco do NOS Alive. De volta ao Coreto, as portuguesas Golden Slumbers vão buscar aos Beatles não só o seu nome, mas também um gosto pela transparência e pela riqueza melódica, dando continuidade aos estados de espírito que mencionávamos acima com o seu indie folk a partir das 20h15.

E é depois destes últimos que entramos verdadeiramente nos concertos de peso do festival. Pouco menos de uma hora depois da banda portuguesa, está a subir ao Palco NOS ninguém menos que Robert Plant, o inconfundível frontman de Led Zeppelin, agora acompanhado pelos trava-línguas Sensational Space Shifters. Na promessa de trazer alguns temas dos ícones do rock and roll ao Passeio Marítimo de Algés, antecipa-se um concerto ímpar. De seguida, uma bifurcação: às 21h45, os portugueses The Poppers prometem subir a temperatura do Coreto a níveis de garagem, enquanto que, meia hora depois, temos o rock alternativo dos celebrados Wolf Alice a invadir o Palco Heineken. Ambas alternativas válidas e, com alguma genica, conjugáveis.

Já a caminho de fechar a noite, não há mais nada a sugerir que não os dois grandes cabeças de cartaz do primeiro dia: às 22h45, o histórico rock alternativo de Pixies e, à 1h da manhã, as abrasivas electrónicas dos Chemical Brothers. Na certeza de já ter sido dito tudo e mais alguma coisa sobre estes dois gigantes da música, resta-nos recomendar algo de um cariz um pouco mais “local”: a quem ainda restar fôlego, tocam às 02h40 em regime de “after-party” Throes + the Shine, uma pouco convencional mistura de géneros que resulta num “rockuduro” tão apreciável quanto propenso a acordar os mais cansados.

 

DIA 2 (8 de Julho)
Na tarde do segundo dia de NOS Alive, não haverá pequena promessa mais aliciante que a de Lotus Fever, jovens do rock alternativo que já têm um álbum editado e que certamente farão furor a partir das 17h50, no Coreto. Vinte minutos depois, no entanto, impõe-se uma alternativa mais exclusiva: os australianos Jagwar Ma, que se popularizaram pela sua mistura de indie e sabores electrónicos, sobem ao palco Heineken para apresentar “Howlin”, de 2013.

De seguida, três actos de qualidade comparável e actuação quase simultânea, em relação aos quais deixamos a escolha ao leitor: às 19h15, o hip-hop de Mundo Segundo e Sam the Kid invade o NOS Clubbing, cheio da promessa refrescante para o cenário nacional que já demonstraram; cinco minutos depois, a também australiana Courtney Barnett apresenta “Sometimes I Sit and Think, and Sometimes I Just Sit”, o aclamado esforço indie e garage do ano passado que já angariou seguidores por cá; e às 19h30, as influências do indie invadem também o Palco NOS com os reconhecidos Foals, que também vêm ao Passeio Marítimo de Algés apresentar disco novo – “What Went Down”, de 2015.

Já a caminhar para a noite, aqueles que prometem ser os melhores espectáculos do dia (senão do festival em si): às 21h, os Tame Impala de Kevin Parker exibem “Currents” no Palco NOS, impelidos por mais de um ano na estrada (durante o qual estiveram na edição do ano passado do Vodafone Paredes de Coura); às 21h40, ainda a meio do rock psicadélico dos anteriores, Father John Misty traz outros ares ao Palco Heineken – um folk sentido, carismático, inescapavelmente apaixonado e de um atrevimento absolutamente contagiante. E para coroar a noite, nada menos que os principais responsáveis pelo esgotamento prematuro de bilhetes para dia 8, os incomparáveis Radiohead. À sua apresentação de “A Moon Shaped Pool”, editado em Maio, a presença é mandatória, antecipando-se um espectáculo ímpar a partir das 22h45.

Depois de Radiohead, sobram ainda concertos dignos para apreciar em Algés, ambos no Palco Heineken: às cinco para a uma da manhã, Two Door Cinema Club apresentam o seu terceiro disco de originais, “Gameshow”, e às vinte para as três, os britânicos Hot Chip invocam timbres electrónicos para aquecer o after do festival.

DIA 3 (9 de Julho)
Como não podia deixar de ser, o terceiro e último dia de NOS Alive traz também grandes destaques da música nacional e internacional que valem a pena destacar, a começar por um trio de actos portugueses, todos a actuar no Coreto: às 17h30, temos o space rock dos Savanna a abrir as hostes do dia; uma hora depois, apresentam-se Galgo, um dos mais talentosos jovens grupos a emergir da cena lisboeta, unindo às métricas irregulares do math rock tendências de psicadelismo tropical; e às cinco para as oito da noite, as tradições orientais unem-se ao noise e à electrónica do ocidente com Jibóia, que traz o mais recente “Masala” ao Passeio Marítimo de Algés.

Terminado o set  de Jibóia, mais coisa, menos coisa, inicia-se, às 21h, a performance de Band of Horses, colectivo americano de sucesso que prepara o lançamento do seu quinto disco “Why Are You OK”. Depois, uma divisão: a quem estiver no espírito da dança, recomenda-se o NOS Clubbing, onde tocam Mirror People a partir das 21h40; os que preferem algo menos convencional, mais a tender para a experimentação, encontrarão porto de abrigo no Palco Heineken, onde os já familiares Paus tocarão o recentemente editado “Mitra”.

E às 22h45, os efeverscentemente antecipados Arcade Fire sobem ao Palco NOS para um espectáculo que se antecipa imperdível. Apesar de ainda não haver lançamento desde “Reflektor”, de 2013, motivos não faltarão para comparecer à performance de Win Butler e companhia. Ou daquela que, naturalmente, se lhe segue: depois de uma noite no Lux Frágil (mais ou menos enquanto tocarão Radiohead, no dia anterior), o talentosíssimo Four Tet trará ao Palco Heineken a sua electrónica angulosa, introspectiva e audaz, a partir da meia noite.

Por falar em espectáculos antecipados no Palco Heineken, é lá que terão lugar dois dos mais concorridos: à 1h30 da manhã, a proficiente cantora e produtora electrónica Grimes traz do Canadá “Art Angels”, o seu mais recente trabalho. Logo depois, às 3h, a pop instrumental de Ratatat fará o papel de fechar a décima edição do festival.