Who The F*ck is Billie Eilish?
Com apenas 18 anos, acumula mais de 15 mil milhões de reproduções em plataformas de streaming. É um dos maiores sucessos da música actual e produz música pop-alternativa com a ajuda do irmão. Mas afinal quem é Billie Eilish?
Quem é que ainda não ouviu “bad guy”? Lançado no dia 29 de Março de 2019, o single do primeiro álbum de Billie Eilish passa em todo o lado. Rádio, televisão, lojas, festas e por aí fora. O formato pop permitiu uma exposição bastante generalizada da canção que alcançou uma dimensão verdadeiramente global.
Congregando elementos do hip-hop contemporâneo (graves chorudos de unidades 808), música electrónica com sintetização melódica e dançável ou a suavidade do R&B com performances vocais fora do comum embrulhadas em efeitos digitais e letras frontais com toques sarcásticos, a sua música é geralmente considerada como pop alternativa. Acumula mais de 668 milhões de reproduções em “bad guy” no Youtube e no Spotify a canção já foi disparada mais de 1,000,000,000 de vezes.
O single teve um sucesso estrondoso, mas toda a música de Billie está em alta. “When We All Fall Asleep, Where Do We Go”, o primeiro e, até à data, único álbum de estúdio, foi o mais bem sucedido álbum do ano de 2019, em termos de vendas e streamings, de acordo com a Billboard. Billie Eilish Pirate Baird O’Connell, com 17 anos, quebrou o recorde de pessoa mais jovem com o álbum número 1 do ano. De acordo com as estatísticas, apenas 2 músicos conseguiram esta conquista antes dos 21 anos – Taylor Swift, com o álbum “Fearless” em 2009 e Bobby Brown, com o álbum “Don’t Be Cruel” em 1989.
“When We All Fall Asleep, Where Do We Go” foi essencialmente produzido por duas pessoas, a própria Billie Eilish e o irmão Finneas O’Connell. Essencialmente porque Rob Kinelski efectuou a mistura e John Greenham tratou da masterização. Todas as letras e instrumentais foram criados pelos irmãos O’Connell e, reza lenda, em formato DIY [Do It Yourself], sozinhos no quarto. Não existiu nenhum grande orçamento, nem equipamentos de alto-custo…
Em entrevista à ProSound, Finneas revelou a (modesta) configuração utilizada no álbum: Apple Logic Pro X, interface Universal Audio Apollo 8 e um par de colunas Yamaha HS5, com um subwoofer H8S. As vozes também foram gravadas em casa. Ainda antes do trabalho para o primeiro álbum, “Ocean Eyes”, foi gravada com um Audio-Technica AT2020 (um micro de 100 paus). Para alguns, esta escolha seria um crime profissional, mas o produtor de 22 anos diz que «o quarto tem um som muito especifico, muito fechado, íntimo e quieto. Gosto da personalidade que dá à voz».
Os efeitos de voz digitais, presentes em grande parte das músicas de Eilish, oferecem uma sensação diferente e surrealista. Em “bad guy”, o plugin utilizado para o efeito “tremulado” foi o Vocal Transformer, presente no Logic Pro X.
Toda esta narrativa de criação independente de dois irmãos, fechados num quarto a fazer malhas, foi certamente importante para a ascensão meteórica de popularidade. Afinal, quem não gosta de ouvir histórias de sucesso, onde as probabilidades são baixas. Neste caso, falamos em baixas probabilidades porque imaginamos os grandes artistas internacionais em estúdios gigantes e com grandes equipas de produção. Billie Eilish não terá sido um desses “produtos” incubados pela indústria.
A conversa de “industry plant”, frequentemente utilizada para catalogar artistas que surgem do nada graças ao marketing (agora com memes, polémicas na internet ou publicações virais) começou eventualmente a ser atribuída a Billie Eilish. Não podemos confiurmar ou desmentir, mas é um facto que a primeira música publicada na internet, “Ocean Eyes”, em 18 de Novembro de 2015, no soundcloud, começou a ganhar popularidade sem editora. Tinha apenas 13 anos. A partir daí, a subida nunca mais parou.
Em Junho de 2017, lançou o seu primeiro EP, “Don’t Smile at Me”, solidificando a sua identidade com música que representa sentimentos e problemas enfrentados pela geração actual – como a saúde mental.
As músicas de Billie possuem refrões fáceis de decorar em músicas energéticas ou baladas emocionais carregadas de melodias, tudo com boa produção. Em entrevista à Papermag, Billie disse que ela e o irmão tentam «escrever o que toda a gente pensa, mas ninguém diz (…) tentamos ser super criativos com as letras (…) muitas das letras estão a falar para as pessoas de forma poética».
Mas podemos avaliar outros factores, além da música, para a sua popularidade: a personalidade e presença online. Os números nas redes sociais são gigantes: 44 milhões de seguidores no Instagram e 3 milhões no Twitter. Publica frequentemente fotos que destacam o seu próprio estilo e visão de moda, criando outfits originais que são aclamados no mundo online. Pelas palavras da própria, na Hapers Bazaar: «… quero sair da zona de conforto. quero vestir-me de modo a que se estiver numa sala cheia de pessoas com roupas normais, vou pensar ‘estão todos a olhar para mim’».
Eilish assume um estilo próprio caracterizado por roupa larga, que pretende retirar a objectivação sexual habitual na pop e proteger-se a si mesma: «é por isso que utilizo roupa larga, ninguém pode ter uma opinião sobre mim porque não viram o que está por baixo». Além disso, já colaborou com marcas como Bershka, Clavin Klein, Freak City ou Urban Outfitters. Toda esta aura cativou uma base de fãs forte, leal e enorme, que consequentemente catapultaram os níveis de popularidade.
https://www.instagram.com/p/B2db7LRFLJ-/
Os concertos de Billie Eilish são maioritariamente compostos por uma camada jovem, mas já recebeu as graças de vários nomes solidificados na indústria musical. Elton John disse que “When We All Fall Asleep, Where Do We Go?” «… é um álbum fantástico» na publicação Pigeons & Planes; e ainda concluiu com «Um talento como o dela não aparece frequentemente». Dave Grohl, dos Foo Fighters, fez um cover de “idontwannabeyouanymore” com a filha Violet e disse que «as minhas filhas estão obcecadas com a Billie Eilish (…) Está a acontecer com a Billie o que aconteceu com os Nirvana em 1991». Uma comparação arrojada, contudo verdadeira, porque os níveis de popularidade e a rápida ascensão são factores que podem ser directamente comparados.
Thom Yorke dos Radiohead confessou-se também fã, «a única pessoa a fazer algo de interessante hoje em dia». Billie Joe Armstrong, dos Green Day, também é fã e o sentimento é partilhado, tanto que se juntaram em vídeo para conversar sobre a música de ambos, a redundância de géneros musicais e processos de criação.
Em Novembro de 2019, Billie Eilish deu um concerto na Third Man Records, a icónica editora de Jack White, com o objectivo de gravar um álbum ao vivo. O guitarrista de The White Stripes, The Raconteurs ou The Dead Weather também se chegou à frente com elogios «alguém de quem gostamos muito e pensamos que é realmente inovadora e inspiradora». Noticiámos o acontecimento na Arte Sonora e o resultado final será lançado em Dezembro, no formato vinil e com 11 canções.
Alicia Keys fez um cover de “Ocean Eyes” para a série “Spotify Singles”, e sentou-se posteriormente ao piano para cantar a música lado a lado com Billie.
O futuro parece alinhado e brilhante para Billie Eilish. Qualquer novidade vai imediatamente contar com milhões de cliques. A sua música mais recente, “everything i wanted”, acumulou 70 milhões de reproduções (só no YouTube!) em quatro semanas. Os seus espectáculos a solo, integrados na digressão mundial “Where Do We Go”, regressam ao activo no próximo dia 9 de Março e já estão praticamente esgotados.
A sua estreia em Portugal, em Setembro de 2019, esgotou a Altice Arena (o concerto foi inicialmente marcado no Coliseu dos Recreios mas foi alterado devido à procura) e podes saber como foi ou reviver o ambiente na nossa review sobre o concerto. Regressa a Portugal em 2020, no festival NOS Alive e assumirá o palco NOS.
É uma das mais jovens, senão a mais jovem a actuar no palco principal do festival. Talvez seja o futuro da pop, por enquanto, só podemos esperar para ver.