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John Mayer, PRS vs. Fender

John Mayer, PRS vs. Fender

Nero

O guitarrista demonstrou as características da sua nova guitarra de assinatura num longo vídeo e debruçou-se sobre toda a polémica em torno da PRS Silver Sky.

A nova guitarra de assinatura de John Mayer, para a PRS Guitars, criou bastante agitação num universo web da guitarra eléctrica. Muita da hostilidade que a guitarra granjeou deve-se à acusação simples de se tratar de uma Stratocaster com um headstock PRS. John Mayer debruçou-se sobre o assunto, num livestream no Instagram (mais tarde disponibilizado no canal The Music Space no Youtube – podem ver o vídeo no fundo do artigo), onde tenta atenuar alguma tensão que possa ter surgido com a Fender.

O músico explica a parceria com a PRS Guitars, afirmando não ter «um endorsement no sentido em que o Tiger Woods teria um com a Nike, não recebi dinheiro para trabalhar com o Paul. Não é assim que funciona». A partir daí o guitarrista explicou com o surgiu o modelo de assinatura: «Tinha uma ideia para uma guitarra, desde há uma década, que seria o futuro do design clássico Strat. Não iria avançar com a Fender. Não estariam dispostos – de uma ou outra forma – a dar forma à minha visão. Portanto, sem qualquer mágoa, quis encontrar quem o fizesse. E fez muito sentido falar com o Paul, afinal foi ele quem fundou a marca». Mayer desenvolve a ideia de esta ser uma vantagem da PRS Guitars em relação à Fender, defendendo que é uma grande vantagem poder pegar no telefone e falar directamente com o fundador da marca sobre as suas ideias e como construí-las. «É bom que os artistas possam ser capazes de telefonar ao tipo que gere a marca. Não poderia fazer isso com a Fender, devido às várias cadeiras da empresa – nem saberia a quem ligar. Assim, pude ligar ao tipo que tem o nome nas guitarras e construímos as coisas juntos. Isso é muito porreiro».

No vídeo, podemos ver uma extensa demonstração da guitarra e uma meticulosa explicação das características que John Mayer procurou. Ao mesmo tempo, o guitarrista afirma que não tem qualquer intenção de deixar de usar equipamento Fender. «Sou devoto de toda a cena Fender. Já vi pessoas a menosprezarem toda a envolvência Fender, quando deviam prezar isso. Como um fiel cliente, desejo ver as pessoas tocarem a Silver Sky através de amps Fender, pois é isso que faz o som. Vi alguém tocá-la através de um amp Victory e pensei “Toca isso com um Fender!” Esta guitarra foi feita para coexistir com amplificadores Fender, com guitarras Fender, com guitarras Gibson, com quaisquer guitarras que existam mundo fora. Não é nenhuma revisão histórica; é apenas um passo adiante», afirmação que o músico explicou: «É um tipo de Strat de alta-definição. Queria retirar várias daquelas frequências que dão trabalho para fazer o roll off. Já não existem, foram removidas. Está calibrada de uma forma diferente».

«Isto é apenas parte de uma conversa muito mais abrangente, sobre uma guitarra que existe há 60 anos e está aí para durar. O que é ainda válido e o que é ainda vital e o que podes modificar? E eu e o Paul Reed Smith chegámos à conclusão de que se pegarmos em 100 Strats, duas ou três são mágicas. Portanto, a questão é o que faz essa magia e como se replica isso de modo a que as 100 guitarras sejam todas mágicas? Isto tem muito relacionado com a minha ’64 Strat favorita. De extrair a sensibilidade e som gerais dessa guitarra e oferecê-los às pessoas para que se torne em algo acessível à maioria. Encanta-me a ideia de a tornar acessível às pessoas. E acredito que isso aconteceu em certa medida. O Paul é tão cientistas quanto artista».

O press release afirmava que a guitarra esteve dois anos em desenvolvimento. Uma das afirmações que mais celeuma criou, constatando-se ser uma réplica de uma Strat. Mayer procurou também esclarecer essa questão, que muitas vozes apelidam de farsa, afirmando que construir uma guitarra inspirada numa Strat se torna numa questão de milímetros. «Uma vez mais, esta guitarra inspira-se numa Strat, algo que penso que as pessoas deviam entender que estou a admitir, afinal toquei com uma Strat durante tanto tempo que não faria sentido olhar para baixo e ver um formato diferente, nem acredito que as pessoas quisessem ver um formato diferente. Era preciso atingir três objectivos. Manter a fidelidade a um design clássico que é quase sinónimo de guitarra eléctrica. Inovar de forma a que se visse algo concretamente novo. E respeitar a linguagem de design das guitarras PRS. Demorou dois anos a atingir esse equilíbrio. Há uma convergência no design que é necessário atingir para que cada detalhe esteja correcto e concretize o objectivo. Não se trata de juntar seis pinos de afinação, um nut e 21 trastes. Trata-se de ter concretizar tudo numa coisa só. Isso existe nos carros, alguns produtos Apple, nas câmara Leica… Olhamos e o objecto torna-se luxuriosamente apelativo. Precisamos de conseguir a forma correcta do som, do sentimento, de colocá-la em exposição e sentir “Aí está!”»