Nick Mason: «Teria vergonha de revelar quão pobre é a minha técnica»
A Musicradar recompilou, recentemente, alguma da sabedoria de Nick Mason. A lenda dos Pink Floyd fala sobre o mundo da bateria, do “lado escuro de uma banda”, daqueles que escolhem sentar-se aí e de como, devido à especificidade da bateria, é um posto em que é preciso ser-se baterista para apreciar realmente um baterista.
«A técnica, e a ginástica até, é algo que tende a ser apenas apreciado por outros bateristas, porque, na verdade, no final de contas é um trabalho que tende a ser integrado na banda e a “fazer aquele som”. Podemos perder-nos em detalhes interessantes sobre como se toca e aquilo que se dá à canção».
É a atenção a esses detalhes que tornou Ginger Baker ou Ringo Starr seus ídolos. «Ficaria horas a fazer comparações entre ambos. Na verdade, o Ginger não teria sido a pessoa idicada para os Beatles. Há algo que tem a ver com a sensibilidade que é determinante na música. Em workshops de bateria isso é meio esquecido», Mason explica a ideia com o seu próprio exemplo e de como sempre adorou «tocar numa banda e não tocar para mim mesmo. Para mim, a verdadeira excitação é o momento em que o baixo toca e tu crias algo a que se juntam os outros músicos».
Se há muitos fanáticos do vintage, vivendo numa era pródiga em novas tecnologias, de maior capacidade nos departamentos de research & development das marcas, Mason, sendo duma era vintage, é um adepto das possibilidades actuais, afinal «quando olhas para uma velha bateria, a sua pouca solidez é apavorante. Sentimo-nos até inseguros em tocar-lhe ao de leve. É interessante que os encaixes e os componentes se tenham tornado bem mais fortes e robustos».
O baterista não crê, contudo, que «as pessoas batam com mais força que o faziam há 25 anos atrás», mas que as marcas são mais práticas, duram mais: «Não há aquela coisa de cada kit parecer ter um pedaço a mais de hardware a segurar algo ou de fita adesiva em torno de algum suporte».
O baterista de Pink Floyd toca, actualmente, com DW, «adoro a personalização das baterias e os conceitos da marca», mas revê o seu percurso: «Comecei por tocar numa Premier, mas fui imediatamente seduzido pela Ludwig, após ter visto tocar o Ginger Baker. Ainda tive um pequeno romance com as Fibes, mas regressei rapidamente à Ludwig. Ainda hoje sou um grande amigo do Bill Ludwig. Quando a marca mudou de mãos, nos anos 80, mudei para a DW. Eles estão à frente na afinação dos shells, nos detalhes e experimentação que gosto».
Mason fala ainda do treino: «Nunca tive uma lição e lamento isso. Penso que agora é muito tarde, seria muito embaraçoso revelar a alguém o quão pobre é a minha técnica! Sem qualquer dúvida, a minha recomendação é que tenham aulas».
Nick acredita que há algo interessante no ensino formal, «na música clássica vai excitar-se a habilidade para improvisar. Penso que foi o Gary Wallace que o disse, que é como aprender a ler. Se não sabes ler, não podes ler livros. E é muito enriquecedor ter essa base. A forma como compenso isso é ouvir tudo o que todos os outros fazem».
Humilde, o Nick, hein?