Os A Velha Mecânica parecem querer destacar-se pela forma como apresentam o seu trabalho. Não é o suprassumo da originalidade, mas anda lá perto. Em termos sonoros, a banda percorre terrenos circunjacentes a uns God Is an Astronaut , a fazer lembrar em algumas ocasiões os extintos These Arms Are Snakes [o disco chegou mesmo a ser misturado e masterizado pelo baterista Chris Common] e apimentados pelas explosões post hardcore melódico/ambiental de grupos como os Being As An Ocean. Criando temas duros nas devidas alturas devidas.
Os ritmos condensam uma subtileza agradável, num conjunto musical em desenvolvimento contínuo, utilizando a voz como fio condutor que interliga todos os pedaços das composições. Com uma abordagem épica, a combinação da voz com os instrumentos consegue transferir a interpretação poética da língua portuguesa que, agregada aos teclados vanguardistas, cria uma atmosfera de se lhe levantar o chapéu, como é o caso do single “Dedos”.
“Tanto Por Dizer e Ainda Assim Se Escondia” conta ainda com a participação especial de alguns nomes incontornáveis do panorama português, como é o caso de Victor Torpedo, dos The Parkinsons, na bela e suja “Mil Homens”, com uma pegada mais crua e directa. Já em “Bandeira Negra” a colaboração ficou a cargo do MC Fuse, um dos membros integrantes do Dealema.Exemplos que mostram a diversidade do disco, constituindo assim uma amálgama de influências que torna os A Velha Mecânica únicos. Do melhor que já se viu a fazer em Portugal, escrito na língua de Luís Vaz de Camões.