Há sempre uma certa desconfiança quando as bandas lançam álbuns em intervalos de tempo tão curtos. E 4 álbuns em 6 anos é um intervalo de tempo bastante curto. Nestes casos surge a hipótese das Bodas de Canaã – na maioria das vezes o vinho bom já foi bebido e serve-se o vinho mau, pois, ébrios da festa, os convidados não serão propensos a queixar-se, mas por vezes sucede o fantástico e o vinho melhor é servido no final.
A dupla, Victoria Legrand e Alex Scally, conseguiu, neste último disco de Beach House, fazer da água vinho. “Bloom” parece fazer florescer ainda mais o sentido etéreo da discografia da banda. O álbum consolida o crescimento que o disco anterior, junto da produção de Chris Coady, havia anunciado. A suavidade e gentileza com que os temas decorrem na audição fazem voar a hora da mesma, parecendo que estamos diante de um álbum curto na sua cronometragem quando, de facto, estamos perdidos naquele estado doce em que o tempo parece não passar. Talvez este disco careça de alguns ganchos melódicos, quando comparado com os três anteriores, mas isso ao invés de diminuir o álbum dá-lhe uma dimensão mais completa.
A impressão dinâmica é como um entardecer primaveril, amena e colorida. A dupla aqui transgride o termo indie e aproxima-se do psicadelismo dos anos 70. Só os convidados desatentos ou os mais ébrios não perceberão que este é o vinho novo.