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Capitão Fausto: Morro na Praia, Renasço no Lux

Capitão Fausto: Morro na Praia, Renasço no Lux

2016-04-29, Lux Frágil
Bernardo Carreiras
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O Lux Frágil viu a casa cheia para o concerto de apresentação do novo disco dos Capitão Fausto: “Capitão Fausto Têm os Dias Contados”.

Passava um pouco das onze horas da noite e já a cave do Lux abarrotava de pessoas que tiveram uma segunda oportunidade para ouvir as novas malhas dos meninos queridos da música portuguesa. Os Capitão Fausto, que desde 2011 fazem-se ouvir com o celebrado disco “Gazela”, podem mesmo ter os seus dias contados…pelo menos os Capitão que conhecemos outrora. Desde a primeira música, “Morro na Praia”, faixa que abre o disco novo, que percebemos que a banda ganhou maturidade, talvez graças à já muita experiência de palco e a uma legião de fãs capaz de esgotar duas noites de seguida no Lux (quiçá se não esgotaria uma terceira). Os novos teclados de Manel (guitarrista) fazem toda a diferença na sonoridade da banda. Estas novas camadas que apresentam, com as linhas de teclado a fazer a secção de sopros, resultam às mil maravilhas.

Logo com “Célebre Batalha de Formariz” instalou-se o caos. Com mosh, crowd surfing e o teclista já a voar pelo meio do público, a partir daí o concerto foi sempre a escalar. Por entre músicas novas (que todos cantavam de cor e salteado), como “Corazon”, fomos revendo temas antigos de “Gazela” e “Pesar o Sol”. Destaque para a transição de “Santa Ana”(do primeiro disco) para “Tem de Ser” (novo disco). Os espaços que sobraram para a improvisação mostraram-nos uma banda confiante do que estava a fazer. Os ensaios têm dado resultado. «Com a casa a arder e sem ninguém a parar de dançar», como nos cantavam em “Santa Ana”, seguiram-se temas como “Zé Cid” ou “Dias Contados”. Uma setlist recheada de temas de três álbuns não foi suficiente para as inevitáveis pessoas que parece que vão para estes concertos só para gritar entre intervalos «Toca a Teresa, Toca a Teresa», single já longínquo e que, como se viu, não encaixa de todo no esquema de concerto da banda.

Um dos outros destaques vai para “Mil e Quinze”, uma das canções mais bem conseguidas deste novo álbum. «Mil e Quinze foi bera, mas chegou ao fim» e os Capitão Fausto já fazem bem mais que metade, como nos cantavam em “Pesar o Sol”. Terminado em beleza com “Amanhã Estou Melhor”, novo single que já anda na bocas de todo o mundo, o público não ficou satisfeito e gritava por mais. Também a banda não quis ficar por aí e regressaram para um longo encore com um solo de teclas que deu lugar a “Alvalade Chama Por Mim”, última faixa do novo álbum. Nesta música ouvimos Tomás cantar «a mocidade chegou ao fim» e não poderíamos encontrar verso mais certo para o que se passou neste concerto.

Os Capitão Fausto, que outrora conhecíamos como aqueles “putos” que faziam umas malhas parecidas com todas as bandas internacionais que rebentavam por esse mundo indie fora, morreram algures numa praia qualquer e renasceram como um grupo de miúdos crescidos empenhados em criar um estilo próprio que visa encontrar um espaço na história da música portuguesa.

“Maneiras Más” e “Verdade” concluíram o encore de um dos concertos mais bem conseguidos do conjunto. Esperamos que os “dias contados” se tornem antes em longos dias de verão. “O mundo ainda tem de crescer”, mas parece-nos a nós que os Capitão Fausto cresceram finalmente. E que boa banda se tornaram.

 

SETLIST

  • Morro na Praia
    Célebre Batalha de Formariz
    Litoral
    Dias Contados
    Santa Ana/Tem de Ser
    Supernova
    Zé Cid
    Corazón
    Ideias
    Mil e Quinze
    Nunca Faço Nem Metade
    Semana em Semana
    Amanhã Estou Melhor
  • Alvalade Chama Por Mim
    Maneiras Más
    Verdade