Quantcast
Dead Poet Society, Poesia em Movimento no Lisboa ao Vivo

Dead Poet Society, Poesia em Movimento no Lisboa ao Vivo

2024-02-16, Lisboa Ao Vivo
Rodrigo Baptista
Inês Barrau
7
  • 8
  • 8
  • 6
  • 7

Passado uma década desde a sua formação, os Dead Poet Society estrearam-se em Portugal perante um público ávido por ouvir a sua mistura de metal alternativo com indie rock e melodias pop. O LAV-Lisboa Ao Vivo não esgotou para receber a banda formada pelos alumni da Berklee College of Music, mas a entrega do público foi plena através de vários moshpits e das letras sabidas de cor e salteado.

A Berklee College of Music é para muitos a melhor universidade de música do mundo. Vários músicos de diferentes contextos vão todos os anos para Boston para estudarem com o intuito de aprofundarem a suas qualidades enquanto performers, compositores e produtores. Al Di Meola, John Mayer e Maro são apenas alguns dos alumni que estudaram na Berklee e depois prosseguiram com uma carreira a solo. Mas, é também na Berklee que grandes parcerias musicais são criadas e que, consequentemente, dão origem a bandas. Os Dream Theater são, possivelmente, a banda mais impactante a sair das salas da Berklee e tudo começou em 1985 quando os colegas John Petrucci, Mike Portnoy e John Myung decidiram iniciar o projecto.

A génese do percurso dos Dead Poet Society não é diferente da dos Dream Theater. Em 2013, Jack Underkofler (voz/guitarra), Jack Collins (guitarra), Will Goodroad (bateria) e Nick Taylor (baixo) eram colegas na Berklee e após identificarem várias afinidades musicais decidiram criar os Dead Poet Society. Passado poucos meses editaram o seu primeiro EP “Haviland”, seguido de “Weapons”, lançado no mesmo ano. Após a saída do baixista Nick Taylor e da entrada de Dylann Brenner saíram mais dois EPs, “Axiom” (2015) e “Dempsey”(2016). Em 2021, e já com um contrato com a Spinefarm Records, os Dead Poet Society lançaram o seu primeiro longa duração, “-!-“, carregado de letras emocionais onde a dúvida pessoal e ansiedade falam mais alto. Agora, apresentaram-se pela primeira vez em Portugal com o seu “Fission”, acabadinho de sair.

A primeira parte do concerto ficou entregue à banda formada em Toronto, Ready The Prince.

 

Foi perante um público heterogéneo, com várias tribos musicais e culturais representadas, que os Dead Poet Society subiram ao palco da sala 2 do LAV-Lisboa Ao Vivo. O espaço não estava cheio, mas o ambiente proporcionado pelos presentes foi suficiente para deixar a banda de sorriso rasgado e extremamente agradada com a recepção calorosa. “Hard to Be God”, do novo “Frisson”, e com Dylann Brenner a tocar a solo o riff inicial, foi a escolhida para abrir o concerto. Garage rock enérgico foi o que os Dead Poet Society nos serviram com este primeiro tema, com Jack Underkofler, impregnado nesse espírito, a não se conter e a testar o pulso ao público com um stage dive clássico.  Seguiu-se “Running in Circles” com um ritmo mais groovy e um refrão poderoso à la Muse.

Feitas as primeiras saudações, Jack Underkofler agradeceu a presença do público e mostrou-se surpreendido pela estreia tardia dos Dead Poet Society em Portugal. “.AmericanBlood.” e “I Never Loved Myself Like I Loved You” mostraram na perfeição a costela indie que os Dead Poet Society apresentam na sua sonoridade, já as fulgurosas “HURT” e “81 Tonnes” deixaram claro que o post-hardcore também é um género onde a banda vai beber. «Alguém tem um vape?», perguntou Underkofler numa declaração totalmente aleatória. Depois de várias gargalhadas um fã acedeu ao pedido e mandou um para cima do palco. Depois perguntou se alguém também tinha erva, o que gerou mais um coro de gargalhadas. No entanto, desta vez não teve tanta sorte. Sem apercebermo-nos muito bem do intuito daquela intervenção, Underkofler acabou por prosseguir com o concerto. Mais à frente, Dylann Brenner acabaria também por dar um ar de sua graça ao espicaçar os fãs portugueses com várias referências aos nuestros hermanos: «Nem sequer sabia que Portugal existia», disse Brenner de forma irónica. «Pensava que ficava em Espanha», continuou com um tom jocoso.

Com um catálogo discográfico ainda curto, os Dead Poet Society apresentaram um set de cerca de 50 minutos que passou a correr. Para o fim, a banda deixou a bluesy “.CoDA.”, a radiofónica “My Condition” e a completar uma volta de 360º, o garage rock de “.intoodeep.”. Ficava assim feito o aquecimento para uma tour que, até ao final de Março, vai levar os Dead Poet Society pela Europa fora.