Graveyard, Cemitério Florido de Alma
2017-11-25, Lisboa Ao Vivo, LisboaA sala Lisboa Ao Vivo encheu para a última data da digressão de regresso dos suecos.
Foi a 1 de Junho que os Graveyard fizeram o seu regresso, após o surpreendente anúncio do final da banda, na sequência do desentendimento com o anterior baterista, Axel Sjöberg, que a Arte Sonora entrevistou numa das passagens anteriores da banda por Portugal. E a 22 de Julho, os suecos já nos visitavam de novo, encabeçando o Milhões de Festa. Isto para dizer que o curto hiato da banda (menos de um ano) e a retoma de digressões, não teve grandes reflexos no dinamismo do colectivo, nem na prestação em Lisboa.
Aliás, fosse devido a esta ser a última data da tour, fosse pelas renovadas forças que Joakim Nilsson admite graças a «um novo baterista», os Graveyard deram um concerto carregado de boogie. Purgando os demónios recentes. Com maior descarga eléctrica e menos baladas, ainda que a abertura do concerto, com “Slow Motion Countdown” pudesse fazer prever o contrário.
Com um vibrante som na secção rítmica, a banda destilou mojo diante de uma sala cheia. O som de guitarra esteve menos explosivo do que na recente actuação no Desertfest em Antuérpia (a que tivemos oportunidade de assistir), mas Joakim Nilsson surgiu mais solto das suas linhas vocais. Ainda que também possa ter acusado algum desgaste das várias datas que a banda encetou deste Junho, compensou com maior agilidade no braço das Gibson ES-330 que usou. Curiosamente (ou não, considerando o carácter do instrumento), mesmo nos médios, o som que sempre furou mais foi o do Rickenbacker 4003 de Truls Mörck.
Os círculos pentatónicos de Jonatan Ram, em torno da voz de Nilsson, permanecem a quintessência sonora dos Graveyard
Com uma assinatura musical bastante singular, muito devido aos seus extraordinários vibratos, Jonatan Larocca-Ram teve um som deslumbrante – uma réplica de uma Les Paul de 1958, com a espessura dos pickups a corresponderem ao perfil também mais denso do braço, amplificada de modo prístino por um Vox AC e um Marshall 1962, ambos de gamas HW. Assim, as suas linhas melódicas, circulando na pentatónica, envolveram constantemente a voz de Nilsson fosse nos momentos mais frenéticos, fosse nas baladas já clássicas de “Hisingen Blues” que chegariam no encore. Antes disso, “Goliath” e “Ain’t Fit To Live Here”, também do axiomático segundo álbum da banda, foram os momentos altos daquele que terá sido o melhor concerto dos suecos no nosso país.
Uma nota para os The Quartet Of Woah!, sempre tão elogiados pela AS, que pareceram uma banda com os músicos desligados entre si, caindo várias vezes em ferocidade descontrolada que desequilibrou a actuação e as próprias canções. Já os vimos fazer muito, muito melhor…
SETLIST
- Slow Motion Countdown
An Industry of Murder
Magnetic Shunk
The Apple and the Tree
From a Hole in the Wall
Exit 97
Cause & Defect
Hisingen Blues
The Suits, the Law & the Uniform
Too Much Is Not Enough
Goliath
Buying Truth (Tack & Förlåt)
Ain’t Fit to Live Here - Uncomfortably Numb
Evil Ways
The Siren