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HellFest: Dia 01

Redacção
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Partiu de Portugal uma excursão com perto de 90 pessoas distribuídas em 2 autocarros rumo à Bretanha, preparadas para uma viagem de perto de 24 horas. À chegada e durante o festival foi possível verificar que existiam mais portugueses que se deslocaram por outros meios.

Perto das 14h de sexta-feira soavam os primeiros acordes da banda americana Lizzy Borden. Tomorrow Never Comes, retirado do seu último álbum de originais, deu o mote para um concerto cheio de teatralidade e Shock Rock. Tiveram a ajuda de 4 modelos inglesas (as Nympherno), que fizeram sucesso durante todo o festival também com várias actividades de burlesco/strip pelo recinto.

Houve tempo ainda para The Edge Of Glory, cover de Lady Gaga e o hino nacional francês La Marseillaise.

Oportunidade ainda para conferir no palco “Temple” a actuação dos germânicos Endstille, com o seu Black Metal. Dominanz deu o mote para um concerto cheio de fúria, visitando ainda o seu último registo com os temas  Anomie e World Aflame.

Heaven Shall Burn às 17:30h no Main Stage Two. Alemães, com um som caracterizado por um crossover de death metal, trash e hardcore com incursões sintéticas e poderosos textos emo, estes germânicos gritaram a exclusão, o racismo e o sofrimento infligido aos animais com um set list estupendo que nos deu oportunidade de ouvir temas como The Weapon They Fear, Black Tears, Behind the Wall of Silence, Combat, The Disease, Endzeit, Counterwie entre outras.

Os Unisonic são um dos nomes revelação de 2012, tendo lançado no mês passado o seu álbum de estreia homónimo. Banda fundada há cerca de 3 anos por um grande nome do Heavy Metal germânico Michael Kiske (ex-Helloween), poderia passar despercebida da maioria não fosse a recente inclusão no line-up do seu antigo companheiro Kai Hansen (ex-Helloween, Gamma Ray).

Este duo foi responsável por alguns dos álbuns mais influentes dos anos 80 (incluindo os Keeper of the Seven Keys I & II), sendo que a sua (re)união recente é uma boa surpresa e auspicia momentos de boa música para todos os amantes da vertente mais clássica do Metal.

Deram início ao concerto com uma introdução de Wagner, logo seguida da música que dá nome ao álbum Unisonic. Enérgicos e com muita garra, tocaram mais de metade do seu álbum de estreia.

A voz inconfundível de Kiske continua em grande forma, demonstrado na perfeição na March of Time dos Helloween, a qual levou o público ao rubro, finalizando ainda com a I Want Out, igualmente hipnotizante.

No palco “Altar” entravam em cena os Brujeria, máquina de guerra mexicana pronta a espalhar a destruição no Hellfest. A dupla de vocalistas sempre enérgicos e interventivos com várias mensagens (em espanhol) durante as músicas. Raza Odiada, Marcha de Odio, Colas de Rata, La Migra e Matando Güeros foram alguns dos temas apresentados, terminando com Marijuana sempre com uma grande interação com o público.

Pelas 19:45, no Altar Stage, os Nasum que tocavam ao mesmo tempo que Turbonegro tocaria no Main Stage Two ofereceram-nos um dos últimos concertos que teremos oportunidade de ver já que a banda terminou aquando da trágica morte de Mieszko no sinistro Tsunami de 2004 e regressa aos palcos pontualmente como forma de comemorar os seus 20 anos de existência. Em género de despedida fomos bombardeados por uma hora de temas de um frenesim explosivo como Mass Hipnosis, This is…, The Masked Face, Scoop, I See Lies e Inhale/Exhale entre outros. Com alguns problemas técnicos que fizeram a banda parar o concerto logo após a primeira música este espectáculo soube a pouco. A tenda do Altar Stage estava ao rubro com um estimado número de 10 mil pessoas aproximadamente, sequiosas por uma banda que não punha os pés num palco desde a fatídica morte do seu mentor.

No Mainstage 02 entravam em acção os Turbonegro com o seu deathpunk característico, as suas indumentárias extravagantes e pinturas coloridas.

A primeira impressão foi a diferença no vocalista, estando agora à frente da banda o londrino Tony Sylvester (Dukes Of Nothing). A banda iniciou o set com o excelente All My Friends Are Dead, aproveitando depois para apresentar algumas músicas do seu novo álbum “Sexual Harassment”, acabado de lançar há pouco mais de uma semana. No encore o vocalista regressou ao palco envergando um manto com a bandeira inglesa e uma coroa, finalizando com Denim Demon e I Got Erection.

 

No Main Stage One às 20:30h a banda de rock americano por excelência, Lynyrd Skynyrd com mais de 30 anos de existência e 26 milhões de discos vendidos em todo o mundo presentearam-nos com um espetáculo bastante consistente de virtuosas guitarras e hinos como Free Bird, Sweet Home Alabama, Tuesday’s Gone, That Smell, Workin’ for MCA, I Ain’t the One, What’s Your Name. Esta banda da Florida continua a entreter audiências quer sejam novos ou velhos os seus espectadores. O ambiente que se fazia sentir no Hell Fest era descontraído e respirava-se rock n’ roll por todos os cantos, com o público a acompanhar a banda em variados coros uníssonos. Um verdadeiro espetáculo de rock n’ roll que prova que este género deve e tem efetivamente um lugar cativo nestes festivais exclusivos ao metal.

Pelas 22:30h, num palco pequeno para a sua tamanha importância enquanto banda de marca do Black Metal norueguês provou-se se extremamente difícil conseguir chegar a um ponto do palco The Temple para conseguir ver este espetáculo de Satyricon. Com um dos set lists mais interessantes que tive oportunidade de ver num concerto de Satyricon contam-se temas como Now, Diabolical, Black Crow on a Tombstone, Forhekset, The Wolfpack, Den Siste, Repined Bastard Nation, To the Mountains, Mother North, K.I.N.G e Fuel for Hatred numa hora de concerto brutal. Os rumores de que os Satyricon iriam promover os seus primeiros três álbuns nos próximos concertos de festivais de verão não se confirmou já que o set list revisitou a maioria dos trabalhos da banda. Fica a critica ao ínfimo espaço disponível para ver esta banda que tanta afluência de publico provou reunir ao longo da sua carreira bem como as condições do terreno depois de um dia de chuva. Só visto, porque contado não tem graça! O local onde assisti a Satyricon era uma espécie de mini pocilga escorregadia que me obrigou a ver o concerto agarrada ao meu colega para evitar cair para o lado e por mais que procurasse solo seco mais me enterrava na lama….. adorável!!

De volta ao palco “Altar” os Cannibal Corpse deram um concerto demolidor, com uma precisão e definição de som impressionantes. Basearam o set no seu passado mais recente, dando especial destaque ao seu último álbum de originais “Torture”, lançado em Março deste ano, revisitando também os 2 álbuns anteriores. I Cum Blood, Hammer Smashed Face e Stripped, Raped and Strangled foram os clássicos mais apreciados pela plateia.

Logo de seguida e dispensando apresentações os Megadeth subiram ao Main Stage One às 23:10h com o seu Trash Metal complexo de intricadas passagens musicais e trade off solos rosnando um set list estupendo como Never Dead, Head Crusher, Hangar 18, Trust, In My Darkest Hour, Foreclosure of a Dream, She-Wolf, Dawn Patrol, POison Was the Cure, Sweating Bullets, A tout le Monde cantado em uníssono por um público estridente e já deveras alcoolizado, Angry Again entre outras e a terminar em grande com os temas Public Enemy, Symphony of Destruction, Peace Sells e Holly Wars. Um concerto marcante mas com algumas restrições vocais evidenciadas ma mescla de problemas de som, das condições vocálicas de Mustain e do forte vento que se fazia sentir…

Pelas 23:45h os Obituary subiam ao Altar vindos da Florida com o seu Death brutal, agressivo e devastadoramente pesado num set list letal com faixas como The End Complete, Threatning Skies, Chopped in Half, Dying, Turned Inside Out entre outros num concerto que provou mais uma vez a incapacidade de espaço destes palcos menores que albergavam bandas de renome e importância extrema. Um fator a melhorar nas próximas edições do Hell Fest.

Chegada a altura do aguardado regresso do mestre King Diamond aos palcos, depois de alguns problemas de saúde que desde 2007 o vinham atingindo, culminando em 2010 com uma operação delicada ao coração. Temeu-se o pior, mas após uma longa recuperação o Hellfest e o Sweden Rock foram os festivais escolhidos para acolher as suas únicas performances europeias.

Soava nas colunas a introdução da 1ª música do 1º álbum da sua carreira a solo, fomos transportados a 1986 com The Candle. A chuva começou a “abençoar” de leve a missa negra que se começava a desenrolar, nada que demovesse os fãs e os músicos para uma performance mágica e teatral.

O palco estava decorado com um pano de fundo criando o ambiente de uma verdadeira mansion in darkness, com uma escadaria central a ladear a bateria e grades na frente do palco. Pendurados no tecto duas gigantes cruzes e um pentagrama invertidos, iluminados durante todo o set.

Seguiram-se os momentos altos na teatralidade durante as músicas Welcome Home e Voodoo, tendo a actriz Jodi Zachia, que colabora com a banda desde 1998, um papel central na trama.

Tivemos ainda direito à excepcional Come To The Sabbath, fenomenal tema de Mercyful Fate a fazer lembrar as suas origens. A dupla de guitarristas Andy La Roque / Mike Wead esteve particularmente brilhante na última música Black Horsemen, onde tocaram na perfeição o início em duas guitarras acústicas intercaladas com as eléctricas.

A sua voz esteve impecável, sem qualquer reparo, de fazer inveja a muitos artistas de renome. O setlist foi variado, abrangendo toda a sua carreira, explorando alguns álbuns menos conhecidos como “The Graveyard”, “Spider’s Lullabye” e o último registo “Give Me Your Soul…Please”. Faltaram no set certas músicas emblemáticas, mas foi um concerto equilibrado, jogando muito com a teatralidade. O King apostou certamente em transmitir uma experiência nova, num espetáculo cheio de emoções.

Para encerrar este 1º dia entraram em cena na tenda Metal Corner” a dupla portuguesa de DJs “Twisted Sisters”, que animou as hostes gaulesas e lusitanas presentes.

 

Por Pedro Raimundo e Sandra Gonçalves