O garage pop das madrilenas é de fazer inveja a muitas bandas que andam por essa Califórnia fora a sonhar editar um disco e pertencer à conceituada Burguer Records.
O primeiro álbum, “Leave Me Alone”, é a prova viva de que a tour e a espera pelo momento certo para lançar um disco fazem maravilhas. Neste álbum encontramos músicas já conhecidas dos EP anteriores como é o caso do single “Castigadas En El Granero” ou “Bamboo”, bem como outras novidades de igual destaque. Por todo o disco sentem-se as influências dos campos musicais que as Hinds percorrem. Desde os riffs solarengos que saem da garagem de Ty Segall ao lo-fi descomprometido de Mac Demarco, passando pelas letras simples, mas eficazes ao estilo de Black Lips, com quem partilharam tour.
Por vezes, as limitações de gravação não são um aspecto necessariamente negativo. Quando isso ocorre sobra um vasto espaço para se ser criativo e criar músicas selvagens e de uma “sujidade” muito própria. A forma como as duas vozes se unem, quer competindo quer terminando as frases uma da outra, é um dos aspectos mais forte do álbum. A mistura da língua inglesa com a pronúncia espanhola confere uma personalidade muito própria ao sentido das canções. O garage rock no feminino é uma lufada de ar fresco que, aliado ao charme e à energia que transmitem, contagiam qualquer um e transformam cada canção numa festa.
O que acontece quando amores e festas se juntam numa mistura explosiva? As Hinds vão revelando esse mistério ao longo de doze faixas com temas que oscilam entre a confiante e indiferente “Chilli Town” ou a triste “And I will Send Your Flowers Back”. Relações falhadas, corações partidos e como conviver com tudo isso quando se é jovem é o que nos espera em “Leave Me Alone”, um dos álbuns mais doces que o ano nos presenteou.