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Laia

2012-03-29, Teatro do Bairro Alto, Lisboa
Nero

A Laia apresentou o seu novo disco, “A Sogra” num concerto bem conseguido, com um óptimo trabalho de dinâmicas sonoras que beneficiou inclusivamente os temas do primeiro trabalho.

Sempre com bom gosto e um grande controlo na execução – onde é impossível não destacar o vigor que Fred, um dos melhores bateristas da sua geração no nosso país, acrescentou à sonoridade da banda. Os temas surgem mais colados, com mais “patada” e groove numa coesão impressionante da secção ritmíca.

O controlo que a banda impõe ao seu som teve retoques de masoquismo, como se cada músico se tivesse apresentado com um compressor biológico, conseguindo silenciar a agressividade nos crescendos de intensidade. Como se houvesse uma enorme paciência para, perdoem-me a expressão, aturar “A Sogra” – tarefa hercúlea no anedotário nacional.

As guitarras portuguesas permanecem com linhas aparentemente simples, mas que conseguem perpetuar a atracção pela atmosfera melancólica que evocam e que agora são por vezes pontuadas por vozes que fazem pensar, e digo-o como um elogio, em Carlos Paião – pela forma como misturam a pop com o tradicional da nossa música – ou mesmo da Sétima Legião. Não cito estas referências como motivo sonoro, mas pela atitude de fusão cultural e musical.

De resto, a polaridade entre um Portugal rústico e urbano, contemporâneo, é uma das principais armas no som de Laia, que afinal é somente o retrato de Lisboa, do Bairro Alto, apresentado em Teatro.